terça-feira, abril 06, 2010

Os imprestáveis – Parte 4

Desde ontem o Rio de Janeiro, devido as fortes chuvas, se transformou em um caos, com ruas alagadas e transito parado nas principais vias. Ontem, sair do centro da cidade para chegar em casa era uma operação de muitas horas dentro dos veículos e aquelas que tinham a sorte de chegar cedo, ainda se deparavam com falta de luz nos seus bairros e uma série de outros problemas.

Se ontem a situação já se mostrava caótica, hoje ela permaneceu, pois a chuva não parou durante toda a madrugada e então, as ruas que já estavam alagadas, continuaram e aquelas que não estavam, ficaram.

Logo cedo pela manhã, as principais emissoras de rádio e TV do país, os jornais e os portais da internet, já alertavam sobre os perigos de se sair de casa por conta dos alagamentos. O prefeito da cidade pediu a todos os cidadões que ficassem em seus lares e suspendeu as aulas do município e as atividades dos órgãos públicos.

No momento que sai de casa, vi o prefeito na TV falando tudo isso e mesmo assim, peguei tranquilamente a minha condução e vim para o trabalho. Cheguei quase lá, sem maiores problemas e apenas me faltava um pequeno percurso que poderia ser percorrido a pé, mas que devido à chuva resolvi percorrer de ônibus.

Entrei no coletivo e até então tudo estava normal, o motorista fez um caminho alternativo e parecia que eu chegaria sem maiores senões ao trabalho, mas eu havia me esquecido de um detalhe importante nessa história toda.

Quando as coisas se transformam em caos é que realmente vemos quem são aqueles que estão preparados para enfrentar a situação e quem são os imprestáveis que vão ferrar ainda mais com tudo. E eles estavam lá, os imprestáveis não poderiam deixar que apenas a chuva atrapalhasse as coisas na cidade.

Eu penso que em uma situação em que todas as ruas se encontram alagadas, com a água chegando a mais de 1 metro e meio de altura, se você não tem um barco ou coisa do gênero, você deve pegar um transporte publico e em especial os trens e o metrô. Portanto eu não entendo um ser humano que sai de casa com o seu carrinho de 30 mil reais e coloca o bichinho para lutar contras as águas.

Deve haver algum tipo de psicopatia ou desejo mórbido de ficar com o carro parado, em frente a um mundo de água, olhando e constatando que não há nada a ser feito senão esperar. Acho que seria muito melhor se esse imprestável esperasse em casa e não no meio da rua atrapalhando o transito e impedindo os ônibus de circular, pois eles estavam conseguindo passar por alguns trechos de alagamento.

Os grandes engarrafamentos que se formam e todo o resto, são agravados por imprestáveis que depois que colocam os carros nas ruas, se lembram que os mesmos não são anfíbios e param diante do alagamento para contemplá-lo. Alguém tem que avisar estas pessoas de que existe coisa muito melhor a ser feita.

Porque e para que, sabendo da situação, uma pessoa faz uma coisa dessas? Mórbido desejo? Tara por ruas alagadas? Vontade de aparecer na reportagem e dar entrevistas para os jornais?

Não sei e nem vou fazer força para saber, só peço a você, caro amigo imprestável, que repense e veja se realmente vale a pena fazer uma coisa dessas consigo mesmo e com os outros, que acabam pagando pela sua imprestabilidade.

Ps.: Já estava trabalhando quando um imprestável desses com o qual não queremos cruzar, me ligou perguntando por uma pessoa. Calmamente disse que a pessoa em questão não estava e que talvez, devido aos problemas na cidade, nem viesse ao trabalho.

O imprestável começou a me falar que precisava disso, daquilo e um de monte de coisas. Mais uma vez, calmamente, disse a ele que não poderia ajudá-lo, pois não cuidava da área em questão e solicitei a ele que enviasse um e-mail, pois a pessoa que ele procurava o responderia.

Nesse momento, o imbecil, digo, o imprestável, que também é um imbecil, me diz que não precisa, pois não era importante. Meu Deus, se não era nada importante, porque no momento em que eu lhe disse que a pessoa não estava, ele não agradeceu e desligou?

Para que me fazer perder tempo?

Chego à conclusão de que enquanto houver um imprestável nesse mundo, não poderei ficar em paz.

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