sábado, novembro 30, 2013

Um beijo nas crianças

um beijo nas criancas

Todo o amor que dei aquela branquela se foi por agua abaixo, literalmente pelo ralo, e se foi sem nenhum arrependimento, da parte dela é claro. Até hoje me arrependo daquele jaguar que comprei na liquidação e daquele apartamento tríplex de cinco quartos que arrematei em um leilão. Quanto dinheiro jogado fora. Eu poderia ter feito caridade, viagens sem destino e até mesmo uma transformação completa, mas escolhi gastar tudo em supérfluos desnecessários.

O apartamento virou albergue de todos os primos, tios e outros parentes dela. Os agregados dela apossaram-se de todos os quartos, transformaram a cozinha em área de lazer e ferraram de vez com a televisão da sala. Cinquenta e seis polegadas no lixo. Não fiquei puto pela tv, mas sim pelo equipamento de som tocando música da pior qualidade o tempo todo. O meu tríplex, caríssimo, mesmo para um imóvel arrematado em leilão, agora não serve para nada. Três imobiliárias estiveram lá avaliando os estragos e a conclusão foi a de que eu gastaria muito mais consertando tudo do que lucraria repassando aquela porcaria. Tranquei todas as portas, deixei as chaves na portaria e disse ao porteiro para fazer o que quisesse.

O jaguar nem tive coragem de buscar no deposito do detran. O que tenho que pagar de taxas, multas e impostos atrasados sai quase o preço do carro. Meu advogado já cobra honorários demais para me defender em todos processos, para ser exato vinte, que respondo, por uma série de coisas. Assassinato? Sim, também respondo por tentativa de homicídio, assalto a mão armada, interceptação de objetos roubados e corrupção.

Por sorte tenho duas nacionalidades e não posso ser preso aqui na frança. O único senão é que tenho tantas saudades do Brasil, que estou pensando em voltar para comer uma feijoada e dar um beijo nas crianças.

sexta-feira, novembro 29, 2013

Lugar

lugar

Lugar qualquer para se deitar, roupa de cama sem nenhum apreço, perfume barato que não sai da pele. Em qualquer lugar, onde se está. Em um lugar qualquer, quem é que não quer. Nunca fui santo para dizer que não vivi. Aventureiros não escolhem hora para chegar e quando chegam não esperam para aproveitar.

Eu fui para longe, tão perto que já não sei por que cargas d’água eu ainda não sou rei. Quem muito espera não alcança a plenitude, pois a virtude é dar à mão a ousadia.

quinta-feira, novembro 28, 2013

Muito mais que um

muito mais que um

O mundo precisa de nós, de gente como a gente para fazer diferente. O mundo precisa de amor, precisa de um beijo e um abraço apertado, precisa de carinho e de muito cuidado. O mundo precisa que estejamos apaixonados.

Apaixonados pela vida, curando todas as feridas e fazendo com que as coisas aconteçam devagar. No tempo certo, tudo se transforma, as coisas se renovam e fica mais fácil de entender o que temos que fazer.

Nada do que se diga pode ser mudado, tudo o que foi feito já está registrado e nos resta apenas seguir terminando as obras que ainda estão por terminar.

Fragmentos de um tempo bom, lembranças de um grande amor e no instante seguinte, sem medo algum, seremos muito mais que um.

Nuvens de algodão

nuvem de algodao

Pintou sujeira, o pau da bananeira despencou. O barranco era extenso por demais e tudo então se acabou. Nosso amor desceu a ribanceira, como um rio que não quer mais voltar. Deixamos de por lenha na fogueira e então vimos tudo se acabar.

Pintou sujeira, o que era alegria virou dor. A chuva caiu e alagou todo resto de flor que existia. Ninguém pode dizer que não sabia, ninguém pode dizer que não esperava, era nítido e certo o fim do dia, como as nuvens de algodão.

E foi-se o tempo em que a felicidade era certa, você agora está longe do presente e mais distante ainda do passado. Vida que segue, é assim que as coisas tem que ser, nem tanto para o bem e muito menos tanto para o mal. Temporal demora mais passa, dor de amor machuca, mas tem cura.

quarta-feira, novembro 27, 2013

Vai fazer calor um dia

vai fazer calor um dia

Um dia eu volto pro lugar de onde eu não deveria ter saído, um dia eu entro de novo no livro e paro de pensar em coisas sem sentido. Um dia eu volto de novo para casa, um dia eu perco o rumo contigo.

Um dia tudo acontece, às vezes anoitece e o sol sai de manhã esperando você que nunca aparece. Às vezes me esquece e não diz o porquê, pensa que estou esperando algo acontecer, só que eu não estou aqui e nunca estive lá, onde será que vou estar.

Você tem o direito de ser a moça mais bonita que eu vi por aí, vou ficar por aqui, enquanto o sol não vem, enquanto a noite cai, enquanto o tempo esfria.

Vai fazer calor um dia, novas alegrias o verão trará. Um dia o inverno vai passar.

O coração que não bate radiante fica a todo instante esperando o momento certo de ter por quem bater.

terça-feira, novembro 26, 2013

Tudo o que se tem no coração

tudo o que se tem no coracao

Você quer me falar do que aconteceu, me contar dos livros que não conseguiu ler.

Será que consigo entender?

Você quer mostrar o mundo para mim, mas o seu mundo não é real. Você quer viver uma vida em paz, você quer apenas poder ficar ao meu lado e eu também quero ficar ao seu.

Você quer mostrar o mundo para mim, um mundo de papel feito de ilusão. Sonhos não resistem à nova estação, será que teremos verão? Você quer roubar o sol, você quer viver o que é bom, você quer tudo o que se tem no coração.

Você pode tudo o que quiser, você pode até não querer nada e mesmo assim merecer.

segunda-feira, novembro 25, 2013

A gente erra

a gente erra

Abandonado eu fiquei quando você partiu, abandonado eu fiquei quando você não veio e tudo isso só aconteceu porque a gente errou quando se separou.

A gente erra quando se apaixona. A gente erra quando vai embora e abandona a mulher amada, por conta de uma desilusão.

A gente erra quando chora, a gente erra quando pensa que não dá. A gente erra quando ignora o destino que tem que cumprir.

A gente erra porque é humano. A gente erra porque não dá mais para ser, porque quando o peito aperta e o coração sufoca, a gente não tem mais o que fazer.

domingo, novembro 24, 2013

Em nossa memória

em nossa memoria

Não tem porque, às vezes o que você sabe não é mais o que você deveria saber. Às vezes o que eu penso não tem porque, o que você sabe não é mais aquilo que você deveria saber.

Mas estamos juntos e isso é o que importa, agora, nada mais vai nos separar e nesse momento o que precisamos fazer, o que devemos, é não olhar para trás.

Às vezes o que eu sei não é tudo o que eu deveria saber. Às vezes o que você sabe não é tudo o que você deveria saber. Às vezes o que fazemos não é o que deveríamos fazer. Às vezes é tanta coisa assim que não dá para ficar pensando em bobagens.

Vai acabar o mundo, vai mudar o tempo, nova tempestade, vento na cidade. Você vai morrer, você vai viver e estamos mais unidos do que nunca, porque é assim que tem que ser.

Chega raio, muda tudo e em um segundo a gente vive o que tem que viver.

Só morre quem está vivo, só vive quem não está morto e ninguém se entende nesse fim de mundo, é uma coisa louca toda essa historia e na nossa memoria tudo está tão vivo.

sexta-feira, novembro 15, 2013

Com você

com voce

Com você compartilho meus segredos, meus medos e minhas angustias. Compartilho o meu passado, o meu presente e o futuro. Com você perco a hora, o rumo e a razão, perco o chão.

Deixo de ser plebeu, ateu, masoquista, machista. Torno-me coadjuvante do seu espetáculo, espectador do seu sucesso, seguidor dos seus passos. Deixo para trás muita coisa, principalmente a dor, e celebro o amor.

Vivo de rompantes, pequenos instantes e inquietudes constantes. Vivo de emoções ao seu lado, beijos apaixonados e abraços apertados.

Um samba de amor

um samba de amor

Um samba de amor tem que ter poesia
Desfilar melodias
No peito do compositor
Um samba de amor
Tem que ter bom tempero
Cavaquinho e pandeiro
Do jeito que o rei mandou

Um samba de amor
Tem que ser bem cantado
Pode ser sincopado
Ou um samba canção
Um samba de amor
Com o tempo ele fica melhor
Justifica o trabalho e o suor
Multiplica a emoção

Um samba de amor
Quando é bom é tocado outra vez
Com o brilho do amor que lhe fez
Toca no coração

Moyseis Marques

Localização avançada

localizacao avancada

- Onde você está?

- Não é da sua conta!

- Eu lhe fiz uma pergunta. Onde você está?

- Eu lhe dei uma resposta. Não é da sua conta!

- É assim que você pretende que a nossa relação se desenvolva? Que cresça? Que vá para frente?

- É assim que você pretende que a nossa relação continue? Que se torne melhor? Que dure?

- Quem está agindo infantilmente é você que não consegue responder uma simples pergunta.

- E você que está pensando que é meu dono? Acha isso certo?

- O certo é que quando duas pessoas se juntam elas devem se comunicar.

- E desde quando comunicação virou GPS?

- Suas ironias estão incluídas no pacote? Não sabia disso.

- Poupe-me de seus acessos...

- É assim? Você prefere tratar as coisas dessa forma?

- Roberto, por favor, espere pelo menos eu sair do banheiro para podermos conversar!

- Porque você não disse logo que estava no banheiro? Estou aqui na sala há horas te esperando.

O ser humano é tão bonzinho

E por isso mesmo, nada mais justo do que se aproveitar dele. Quero tudo, menos o ônus.

o ser humano bonzinho 

Esse é o pensamento geral, mesmo que você se considere o senhor justiça, em algum momento você irá se aproveitar da bondade alheia. Muitos fazem isso sem perceber, segundo eles, mas a grande maioria o faz porque é conveniente. Para que se preocupar se existe alguém disposto a ajudar.

Quando carrego peso em excesso, sabendo que não posso, tem alguém para dividir a carga comigo ou até mesmo levá-la por completo. Quando assumo compromissos que não posso honrar sempre tem alguém que pode. Podendo pedir emprestado, para que vou usar o que tenho ou comprar para mim. A lógica é usar a pré disposição do outro a meu favor.

Trabalhar? Estudar? E o governo, porque ele não me financia?

É por essas e outras que algumas coisas não vão para frente, porque temos gente puxando para trás, sugando energia. Os aproveitadores não desistem enquanto a fonte não seca, enquanto o ser humano bonzinho não se cansa e enquanto puderem usar o alheio.

Bagulha meu bem

bagulha meu bem

Vamos bagulhar geral com orgulho. Vamos bagulhar felicidade plena. Vamos bagulhar que a vida é serena. Vamos bagulhar porque vale a pena.

Bagulha daí que eu bagulho daqui, se o mundo bagulhar geral vai pirar, o bagulho é bom pode acreditar.

Quem bagulha canta e quem canta é do bagulho, agora é só sorrir e bagulhar até o sol raiar. Bagulha que é bom!

terça-feira, novembro 12, 2013

Enquanto homem, enquanto mulher, enquanto foi possível

enquanto homem enquanto mulher enquanto foi possivel

- Preciso me deitar ou posso apenas me sentar?
- Como achar melhor, sinta-se a vontade.

- Pelo que vejo hoje você está de bom humor, fale-me um pouco sobre isso.
- O meu humor está um pouco melhor do que ontem e bem pior do que amanhã. Apenas não estou mais tão preocupado com meu estado de espirito, tenho deixado às coisas acontecerem e vou seguindo. Sabe, é um dia após o outro, um passo de cada vez. Tenho deixado de lado o sentimentalismo barato e estou focado em existir.
- Seria isso uma falta de interesse?
- Não, muito pelo contrário, estou interessado em continuar sem procurar respostas. As perguntas não serão feitas e por isso mesmo, não precisam ser respondidas por ninguém. Acabou e pronto.

- Que bom que as coisas estão indo bem, conte-me mais sobre como pretende seguir de agora em diante.
- Seguir?
- É você me disse que resolveu não se preocupar mais...
-Tudo tem um começo e provavelmente um fim, se é isso que quer saber. Acontece que o meu começo não foi diferente do de todos os outros. O final é que não quero que seja igual e por isso estou reconsiderando tudo. Não adianta ficar dando murro em ponta de faca, quando não dá, não dá e pronto.

Muita gente fica com essa coisa de nós, de sentimento, de querer mostrar algo que nunca existiu. Errei demais quando não dei atenção a mim e consequentemente a tudo o que estava a minha volta. Perdi, perdemos, sei lá, tempo demais, gastamos energia com inutilidades e agora estamos às voltas com suposições desmedidas.

Conhecemo-nos muito jovens e ela tinha lindos olhos azuis que me passavam tranquilidade. Eu era apenas um rapaz idealista pensando na próxima batalha e em como fazer para vencê-la. Casamo-nos porque queríamos ficar juntos para sempre, igual aos filmes que víamos no cinema e só descobrimos, talvez cedo demais, que os filmes ocultavam detalhes importantes sobre o “para sempre”.

Lembro-me bem quando compramos nosso primeiro apartamento apertado, nos mudamos para um bairro distante e fomos. O sorriso em seu rosto já havia desaparecido e começamos a sonhar com as coisas que a sociedade capitalista e consumista sonha. Queríamos ser, queríamos pertencer e nossos dias passaram a ser focados em conseguir. Acordávamos antes do nascer do sol e retornávamos depois que ele já havia ido. Nossas conversas eram sobre a secretaria mala do departamento, a promoção do bajulador do setor, o que o mercado exigia de nós e o que esperávamos que este mesmo mercado nos desse. Não tínhamos tempo para romances, coisas pequenas, cotidiano, estávamos focados em crescer.

Ela foi promovida, nos mudamos para um apartamento maior. Eu fui promovido, nos mudamos para uma casa. Nós fomos promovidos, compramos uma casa com piscina. Nunca usamos a piscina, nem a churrasqueira que custou uma fortuna e muito menos a casa, não tínhamos tempo para isso. Nossa separação foi amigável, sem magoas, pelo menos da minha parte. Ela derramou algumas lágrimas durante o discurso final, nossa ultima conversa, e eu não tive coragem de me desculpar por nada.

O amor acabou antes mesmo de começar. Perdi a parte em que deixamos de ter prazer, perdi a parte em que a tranquilidade daqueles olhos azuis se foi. Perdi muitas partes.

- Você ainda a ama?
- É possível deixar amar alguém que representa a sua existência?
- O que você acha?
- Acho que não e é por isso que ainda a amo. E por amar tanto essa mulher, não quero cometer os mesmos erros.


- Existe esta possibilidade?
- Qual? De eu ainda ama-lo? Sem chances, hoje sem chances. Talvez ele tivesse me procurado antes e eu pudesse reconsiderar, mas não hoje, não agora. Dói muito ter que dizer isso, afirmar assim sem volta, mas é o que está dentro de mim e o que está dentro de mim diz que não posso resgatar um sentimento que deixamos morrer enquanto tivemos a chance de salva-lo.

Ele deve estar lá envolto com as garrafas de uísque, as taças de vinho e as doses de vodca ou quem sabe perdeu de vez o gosto pelos prazeres da vida e mudou-se para o Tibet. Nunca consegui decifra-lo. Para não dizer que nunca, eu o decifrei em junho, no ano em que nos conhecemos ainda jovens e percebi que era ele. Decifrei o que seus olhos diziam e compreendi que estávamos destinados a ficar juntos para sempre.

Não foi pelo sorriso largo ou pelas mãos firmes que me pegavam forte, foi por nós, por aquilo que sentíamos. Não pulamos etapas, seguimos fielmente o protocolo, e acho que por isso não soubemos como lidar com as situações que a vida nos apresentou. Evoluímos profissionalmente rápido demais, nem deu tempo de curtir a casa, as casas, as conquistas. Nossos dias eram dedicados ao ato continuo de nunca estar satisfeito com o que tínhamos. O apartamento apertado me dá tantas saudades de nossos esbarrões na cozinha, nosso sofá que mal cabia na sala e da cama que tivemos que desmontar para que pudesse entrar no quarto. Éramos jovens, mal havíamos ultrapassado a barreira dos vinte e pensávamos como se já tivéssemos ultrapassado tantas outras barreiras.

A piscina ainda deve existir, o que não existe mais somos nós.

- E o conto de fadas?
- Conto de fadas... Lembro-me bem das histórias que ouvia sobre princesas presas em castelos e príncipes dispostos à salva-las. Nunca fui uma princesa e ele nunca foi um príncipe, não nos dispusemos a salvar um ao outro, não pensamos nisso enquanto tudo ruía, nosso orgulho não deixou que fizéssemos isso.
- Tanto por tão pouco?
- Tão pouco por tanto. Tão pouco amor por muito sofrimento. Tão pouco viver por muito pesar. Tão pouco eu por muito ele. Tão pouco ele por muito eu.
- Águas passadas...
- Elas movem moinhos, não todos, mas movem...


Chovia tanto em vinte e três de junho que muitos serviços foram interrompidos. Os táxis não conseguiam atender a demanda, ônibus circulavam cheios e com dificuldade em diversos trechos, carros eram abandonados e seus donos refugiavam-se em lojas, prédios e shoppings. Parecia que estávamos diante de um novo diluvio, mas sem uma arca ou coisa do tipo, não havia o que fazer senão esperar e confiar. Ele esperou até as 20h00min e não aguentando mais correu por ruas cobertas de lama e embaixo de chuva até se lançar dentro de uma loja que já fechava as portas.

No interior da loja vários clientes assustados, molhados e preocupados em como iriam retornar a seus lares. Ele estava molhado, aliviado por estar em local seguro e admirado com a beleza de uma menina de olhos azuis que pacientemente torcia o casaco e procurava não preocupar-se com o frio. Por alguns instantes, que pareceram uma eternidade, ele a observou em seus lentos movimentos, tudo parecia em câmera lenta e cada gesto seu, para ele era como que uma pintura. A chuva lá fora, o vento, o frio e o caos, não tinham a menor importância diante daqueles olhos azuis, ele estava tranquilo, eles lhe passavam essa tranquilidade.

- Meu filho! Meu filho! Dê-me licença!
- Desculpe, desculpe...
- Essa juventude de hoje não presta a atenção em nada.
- Oi! Você! Ei! Acorda!
- Hum, o que?
- Está dormindo? A chuva te deixou assim? Parece que nunca viu uma mulher na vida, porque me olha tão fixamente?
- Eu? Como?
- Você mesmo. Fumou alguma coisa? Bebeu? Acorda!
- Estou acordado.
- Não parece...

Por horas a fio eles conversaram sobre os mais diversos assuntos, falaram de astronomia, astrologia, sexo dos anjos e culinária. Poemas do Drummond que ele gostava e ela achava monótono, filmes do Al Pacino que ela adora e ele achava sem graça e tantos outros gostos e manias que eles não tinham em comum. Aquele dia foram expulsos da loja, seis meses depois fizeram intercambio em Londres, comemoraram três anos de namoro com um jantar ao ar livre e casaram-se com a promessa de viverem juntos para sempre.

De assistente a chefe de departamento, de chefe de departamento a coordenadora. O apartamento era pequeno para tantos sonhos, planos e ambições. Mudaram-se para um mais confortável, com espaço para os livros, os cd’s, os sapatos dela e os vinhos dele.

De analista a coordenador, de coordenador a gerente. O apartamento já não era o melhor que eles podiam ter. Foram morar em uma casa com varanda e churrasqueira. Os livros aumentaram, os cd’s foram trocados por arquivos digitais, os sapatos dela ganharam um closet exclusivo e os vinhos dele receberam a companhia de garrafas de uísque.

Diretores não podiam morar em qualquer lugar e eles compraram uma casa de frente para o mar, com piscina. Os livros, os arquivos digitais, os sapatos, os vinhos e os uísques, tudo permaneceu como estava. Eles é que nunca foram mais os mesmos desde que se mudaram do pequeno apartamento. A separação, inevitável, aconteceu.

Enquanto foi possível eles fizeram o impensado, mas esqueceram-se de manter acesa a chama. Conquistaram muito status, cargos importantes, bens materiais e perderam o amor. A tranquilidade dos olhos azuis se foi junto com os ideais de uma vida em comum onde viveriam juntos para sempre.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Lado bom da incerteza

lado bom da incerteza

Canto um samba em tom de tristeza
Vira a mesa em prol de um coração sem calor
Provo o lado bom da incerteza
Vira o mundo em busca de uma prova de amor

Firma a fé nessa peleja
Finco um contra pé na dor
Desejo que for desfaz o teu rancor sem pudor
Ouve o som da voz que te guia

Vive a vida leve que a paixão nascerá
Livre, breve, santa e vadia
Fruto da ilusão que logo então se sara
Se a casa ficar vazia

Depois de encontrar prazer
Enxugo o suor sabendo o que é melhor a fazer
Segue o teu destino inocente
Simplesmente faz o que te deixa feliz
Quando o amor se faz descontente
Deixa uma semente corta o mal na raiz

Moyseis Marques

terça-feira, novembro 05, 2013

Quebra

quebra

Todo mundo falando da quebra, todo mundo querendo a quebra e ela quase esta acontecendo. Essa quebra já estava pensada desde o momento em que o dia nasceu e o sol se escondeu. Você pode até fugir da quebra, mas ela vai te pegar. Você pode se esconder da quebra, mas um dia ela vai te achar.

Então se a quebra te pega, te acha, ela vai te quebrar e quando você menos esperar isso vai acontecer. Resistir é inútil. Insensatez é forçar a barra e não sentir quando as coisas quebram.

O que se quebra pode ser colado, recuperado, mas é salvo apenas quando a coragem é maior que o medo da quebra. O rasgo causado pelo processo, pode ser suturado desde que as condições de temperatura e pressão mantenham-se como antes. Poucos vão falar do que aconteceu, mas muitos são os que vão ignorar os fatos em prol de uma verdade mentirosa.

O lado que você escolher é quem vai determinar as consequências de seus atos.

segunda-feira, novembro 04, 2013

Quem ama

quem ama

Quem ama quer cuidar
Quem cuida sabe amar
O mundo pode ser diferente
Se a gente olhar para frente
E perceber que o amor está em todo lugar

Um dia você sonhou
Um sonho de verdade e quando acordou viu que era realidade

Alegrias no quintal depois das chuvas de verão
Momentos de emoção no calor dos sentimentos
E o frio trás o alento debaixo do cobertor

A primavera é o sinal
Que os novos tempos virão trazendo maturidade
E porque não felicidade

Precisamos agora é libertar o coração
E viciar a mente nessa nova estação.

sábado, novembro 02, 2013

Sereno


Bola de neve meia noite lua cheia, o meu quintal está cheio de areia. Sai do sereno menino pequeno, porque a senão vai amanhecer todo molhado. Eu tenho medo do veneno, que escorre pelos cantos e faz morada no coração da gente.

Sinto saudades da morena mais bonita e dos encantos que um dia ela deixou. Hoje é domingo procissão já se anuncia, vou ver de longe para encontrar o meu amor. Festa cheia de cor. Divindade é plena.
O estrangeiro não se importa com bobagens, quem tem maldade não aquece o coração.

sexta-feira, novembro 01, 2013

Efeito

efeito

Viver em paz é coisa que não se faz mais. Seguir em frente é tão bom deixa a gente contente. Liberdade é outra coisa e todas as coisas são bem vindas, ainda assim tenho certeza que serei feliz.

Honestidade no sereno, o ser não é pequeno e estar à margem do que possa parecer é muito mais do que apenas pertencer, por isso, agora não vamos embora, é hora da gente valorizar o amor. Na dor descobrimos que pode acontecer aquilo que nunca imaginamos, na alegria de um novo dia sonhamos com um futuro bem melhor. E o que pode ser pior que a tempestade?

Antes que o mundo se acabe eu vou sorrir e com você eu ei de repartir os planos insanos de um novo fim, as luzes acesas e o que será de mim. Quero saber como faz, apenas para dizer que não farei mais. As engrenagens não suportam a angustia do peito e o que era para ser desfeito se torna apenas um efeito holográfico sem cor.

 

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