Ex-amores, ex-primaveras, ex-verões, pois não existem ex-invernos, invernos são presença constante em nossa vida. O frio pode ser interior, exterior, mas está ali. Aline não era inverno, primavera ou verão, ela era outono, um outono calmo e tranquilo. Ela passeava por todas as estações e se detinha no outono, quando perdia suas folhas e renovava suas esperanças de um novo amanhecer.
Aline tinha sonhos impossíveis, desejos possíveis e verdades incontestáveis. Sorria com vontade, amava com intensidade e dividia sua felicidade entre a sala de estar e o quatro de hospedes. Dançava as nove com o rapaz das onze, namorava o senhor das sete, vivia em eterna luta contra seus medos e sempre vencia depois de quase desistir.
Seria fácil se não fosse tão difícil olhar a vida pela janela do hospital. Seria belo se não fosse o inverno que nunca a deixava em paz, que nunca ia embora. E o frio machucava tanto que já era pior do que a dor, pior do que a certeza de que em breve ela não veria mais a luz do sol e de outono passaria a ser passado. De presente passaria a ser memoria.
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