O seu beijo foi tão longo e profundo que ainda me pergunto por que você se foi. Saímos pela mesma porta e você virou a direita, entrou em seu carro e partiu. Minha ultima visão foi a do seu rosto calmo e sereno olhando fundo em meus olhos. Despedidas são sempre assim, desse jeito sofrido, dessa maneira estranha e desnecessária. Despedidas não deveriam acontecer.
Nosso caso não foi por acaso como tantos outros. Conhecemo-nos no jardim de infância e você era só uma menina pirracenta e mimada. Eu era um menino cheio de sonhos, além dos recheados de doce de leite. Estudamos juntos até o ginásio, quando você se mudou para Curitiba e eu fiquei em Londres.
Quinze anos depois nos vimos em uma praça de Nova Iorque, trocamos olhares, mas não nos falamos. Você já estava de braços dados com outro e eu, tímido, não quis incomodar o casal. Nosso filho nasceu em Dezembro daquele ano. Fui promovido em Abril. Fez frio no inverno. Não viajamos no feriado.
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