Toda criança tem dificuldades com certos alimentos. São as verduras, os legumes e em alguns casos até alimentos tidos como “fáceis”. Já vi crianças que não comiam ovo e pasmem, até batata frita já vi sofrer rejeição por parte de algumas crianças.
Cebola, alho, tomate e outros são os que mais sofrem com a rejeição infantil.
Um dia essas crianças crescem e grande parte delas “aprende” a comer de tudo, com pouquíssimas restrições. A preparação dos pratos não muda, o paladar vai sendo apurado e o que antes era detestável passa a ser amado.
Muito disso é culpa de quem prepara os alimentos, na maior parte dos lares é a mãe. Hoje já podemos ver os pais mais presentes na cozinha, mas a mãe sempre é lembrada como a pessoa que faz as melhores comidas do lar.
Isso para mim é confiança alimentar. Eu confio em minha mãe, sei que ela quer o melhor para mim e, portanto aquilo que ela me serve e que foi feito com tanto amor e carinho, mesmo que eu tenha algumas restrições, pode e vai ser consumido de muito bom grado.
São coisas que evito comer em outros lugares, mas que em casa, quando feito por minha mãe eu sempre comia. São pratos comuns que se tornam especiais porque foram feitos por uma das pessoas que você mais ama nesta vida e isso conta muito.
Posso citar como exemplo o tão famoso cuscuz com coco, que muitos amam e que eu só comia quando feito aqui em casa pela minha mãe. Não sinto a mínima vontade de comer cuscuz em qualquer outro lugar, mas quando minha mãe o fazia eu não me furtava a comer alguns pedaços.
E assim a confiança que temos em que nos prepara o alimento fala mais alto do que nosso “apurado” paladar. Por isso nos permitimos comer ensopadinho de jiló com quiabo, bertalha com ovo e espinafre e outros pratos que fazem parte da nossa culinária afetiva.