Nunca me vi tão só como da última vez em que comprei macarrão de três minutos. Por apenas dois reais e noventa e nove centavos me senti muito só. Uma solidão diferente, uma solidão daquelas que aumenta a cada garfada. O pó sabor galinha caipira, aquela massa molenga, o caldo amarelo e a tal da solidão.
Três minutos de solidão dentro de um pacote.
Senti falta do processo todo, da coisa de pegar a farinha 00, por favor, da sêmola, dos ovos caipiras e os demais ingredientes. Fazer a massa muda tudo, desacelera, encorpa e é aí que a tal da solidão deixa de existir. Ninguém é feliz comendo macarrão que fica pronto em três minutos, ninguém.
Não adianta dizer que incrementa tudo colocando vegetais e legumes frescos, ou que adiciona ingredientes “selecionados” a receita, porque nada disso melhora ou faz com que um macarrão de três minutos se transforme em uma massa de verdade.
Esqueça os rituais, o vinho que harmoniza e a mesa posta. Tudo isso agrega valor e só, porque o principal está lá, a massa que você fez, o molho que você preparou, o seu suor, o seu esforço. Não há vinho que harmonize com pó sabor galinha caipira ou mesa posta que melhore a aparência de um macarrão de três minutos. Companhia alguma vai te livrar da solidão instantânea.
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