Uma bomba caiu sobre a cidade e poucos sobreviveram. Dentre esses poucos estava ela, cujo coração estava partido.
A bomba do desamor dizimou a cidade e seus habitantes tornaram-se frios e distantes. Passaram a ver o mundo com outros olhos e não mais amaram a beleza das coisas simples. As respostas se tornaram evasivas, os encontros cada vez menos freqüentes e todo aquele amor que antes transbordava ficou raso como poça.
Pensava não poder existir “arma” capaz de acabar com sentimentos, mas infelizmente é o que vejo cada vez mais no mundo em que vivemos. As relações se tornaram uma troca não de afeto, alegrias e tristezas, mas sim uma troca comercial. O frio exterior é menor que o frio interior.
Antes as pessoas vertiam lagrimas sinceras, hoje compartilham frases e textos edificantes na rede social da moda. No futuro temo que virtualizemos o contato físico e a troca de calor humano, se dê através de um dispositivo qualquer. Calor este, que será artificial.
As pessoas podem se defender de várias coisas, mas ainda não conseguem suportar a indiferença que recebem e oferecem. Perdemos o olho no olho, o toque, a cumplicidade. Ganhamos as indiretas sem direção alguma, as frases de auto-ajuda e os conselheiros das respostas prontas.
Como a sobrevivente do “massacre”, ainda sonho com o dia em que voltaremos a compartilhar a vida, com todos os seus erros e acertos, ao invés de interagirmos com a ilusão de um mundo virtual e perfeito.