Calmaria e paz

Você quer viver de calmaria e paz só que isso não é para sempre, é melhor tu se ligar rapaz porque os dias de calmaria e paz não são pra sempre.

O mundo não é um conto de fadas, às vezes o vento bate mais forte e tempestade vem para mostrar como se faz. A calmaria e paz vão acontecer você só precisa entender que não será pra sempre. Um dia a turbulência vem, no outro é o sol que sai e ilumina a vida.

Muita paz e calmaria sempre podem entediar é melhor tu se ligar que as coisas tem que mudar. A constância é quem sufoca, a rotina é quem mata, o novo sempre tem que vir para tirar você do mesmo lugar. O lance é não se acomodar.

Adianta tentar, adianta arriscar, adianta lutar, você vai conseguir e os tempos de calmaria e paz vão voltar quando você menos esperar, o lance é saber aceitar, pois os dias de chuva também fazem parte.

Não são pra sempre, os dias de calmaria e paz, graças a Deus...

Trato

Faço um trato contigo e você faz outro trato comigo, ficamos assim e está combinado, nada mais de indecisões ou adiamentos, a partir de agora não vamos mais falhar. Digo sim e você não me diz não.

O trato começa logo após cumprimos os ritos de passagem e celebrarmos os votos que nunca vamos lembrar, pois são votos ditos ao acaso por nossas mentes embebidas em álcool e suor.

Louça para lavar

Palmas para o homem que conseguiu virar mito de uma nação sem ter disparado um tiro sequer, palmas para esse homem e para todos os outros, que depois dele, vão torna-se mitos também. Seus seguidores fiéis agradecem as conquistas e planejam novas investidas após anos de penúria no relento.

É chegada a hora da redenção.

E todos os que acreditam vão voltar a sorrir, todos os que ainda duvidam vão querer fazer parte e assim será, enquanto o período fértil durar e a felicidade reinar. O mundo nunca mais será o mesmo porque ele irá triunfar.

Tragam o detergente liquido, a pia está cheia de louças e elas precisam ser lavadas. Vida longa ao rei!

Lista de coisas

Lista de coisas que tenho que fazer antes do amanhecer, ou antes, mesmo de conhecer você.

1 – Tomar aquele maldito banho. Não, não é um banho a moda antiga, com agua e sabão, é um banho de ervas e sal grosso. Uns, versados na coisa da religião, dizem que ajuda e outros, falam que não serve para nada. Na dúvida, e como não pretendo ir para o forno, vou passar essa. Fica para uma próxima, quem sabe em outra vida.

2 – Comer menos bobagem. Sabe aquele cachorro quente de geladeira? Aquele que você esquenta depois que lembra que na semana passada comprou e esqueceu na geladeira? Sim, esse mesmo. Tenho que parar de comer essas porcarias, ou melhor, parar de comprar e esquecer na geladeira.

3 – Anotar o telefone certo. Sempre faço isso quando encontro com você, peço o seu número e anoto outra coisa no lugar. No sábado passado você me disse 8765-3452 e eu anotei três quilos de carne e duas caixas de cerveja. Aí me esqueci de comprar o sal grosso e o carvão. O churrasco ficou bom, mas tive que improvisar.

4 – Dirigir bem devagar. Passei por cinco lombadas a uma velocidade incrível, não sei nem como estou aqui hoje, mas o fato é que preciso reduzir a velocidade quando fizer isso. A bicicleta coitada, não aguenta o tranco tanto assim. Só de pneus já gastei uma fortuna esse ano e o quadro, esse já está ficando torto.

5 – Mentir mais. Quem nunca contou uma inofensiva mentira sem perceber? Ninguém, porque todo o mentiroso sabe que está mentindo e quer mentir. Eu é que preciso aprender a mentir mais, porque falando a verdade, está osso de conseguir sobreviver.

Lista pronta, itens separados. Agora é partir para a ação.

A visita

Vou lhe fazer uma visita
Mas não fique assim, aflita
Que eu não sou de reparar

Não precisa de banquete
Nem preocupe com enfeite
Não me vá empetecar

E os velhos discos de bolero
Tô levando pois eu quero
Lhe ensinar como dançar

E dizer-lhe ao pé do ouvido
Com um tom meio atrevido:
"dois pra lá e dois pra cá"

Vou lhe fazer outra visita
Pra lhe ver, assim, bonita
Ir correndo ao portão

Decorou o tal bolero?
Vem cantando em tom sincero
Sequestrando minha atenção

A radiola está no jeito
Lhe aproximo do meu peito
Repetindo a tentação

"são dois pra lá e dois pra cá"
Você vai ver no que dá
Cantar de novo esse refrão

Olha pra junto dos meus pés
Você consegue reparar
No tempo de nós dois
E ver que assim como se dança
O passo é feito de esperança
Espero amar depois

Silva

Eu por eu mesmo 14 - Por Casuarina

Eu que sou filho de um pai teimoso
Descobri maravilhado que sou mentiroso
Sou feio, desidratado, infiel
Bolinha de papel
Que nunca vou ser réu dormindo
Eu descobri como um velho bandido
Que já pude estar perdido neste céu de zinco

Eu que só tenho essa cabeça grande
Penso pouco, falo muito e sigo adiante
Descobri que a velha arca já furou
Quem não desembarcou
Dançou na transação dormindo
E como eu fui o tal velho bandido
Eu vou ficar matando rato pra comer
Dançando rock pra viver
Fazendo samba pra vender
Sorrindo

E quem tirar onda contigo
Vai se ver...

Velho Bandido - Sérgio Sampaio

Uma máscara e um motivo

É tão difícil descrever o que acontece hoje que na falta de palavras, acho que vou vandalizar o texto. Seria interessante colocar fogo no browser de você que está agora lendo este texto ou quem sabe o melhor seria tentar destruir o computador dos que forem contra as ideias contidas neste espaço. Será que vale mesmo a pena tentar convencer pela força? Será que a simples destruição, sem motivo algum, do patrimônio alheio me torna mais digno de existir?

Bom, eu estou ali, quebrando, incendiando, atirando pedras, fazendo a minha parte enquanto uma maioria “pacifista” está em casa vendo a novela das oito que começa as nove. Estou na linha de frente, sou “voz” ativa, luto pelos meus direitos, mesmo que lá no fundo, eu, como maioria naquela frente de batalha, não saiba quais sejam eles. Será que estão me usando?

Prefiro acreditar que minha “violência” tem mais poder do que os discursos vazios, do que o convencimento pelas ideias, pelos bons exemplos, pelo voto correto e justo. É obvio que as coisas só vão mudar depois que tudo não mais existir, que os bancos, grandes ilhas capitalistas, tenham que reconstruir mil vezes suas agencias. Lixeiras, grandes depósitos de lixo urbano produzido pelas massas comandadas pela mídia, merecem derreter. E a policia, que tanto nos vandaliza todos os dias, esta é o meu único obstáculo e maior inimigo para que eu possa mudar o mundo.

Só me pergunto por que é tão difícil as pessoas compreenderem que as máscaras que uso são para que possa continuar minha luta. As máscaras que escondem meu rosto são as que permitem que o que chamam de vandalismo continue. São estas máscaras, que através do enfrentamento, do combate, da destruição, vão trazer de volta a paz que tanto sonhamos. Fico feliz por saber que o apoio que não recebo hoje, será convertido em um premio Nobel, quando tudo acabar e nada mais restar.

Caso eu mude de opinião, passo para o lado dos “pacifistas” e me volto contra os mascarados, mesmo sem saber por que, pois na verdade o que interessa é ter algum motivo para quebrar o que não me agrada e alguém contra quem lutar.

Decifrando os sinais

É mais fácil você cortar logo esse mal pela raiz do que ficar alimentando a fera interior a pão de ló. Simplicidade demais, às vezes, em muitos casos, não ajuda em nada. Existem momentos na vida em que precisamos ser fortes o bastante para não aceitar as coisas como elas são, mesmo que elas não sejam exatamente como pensarmos.

E vai que chove naquele dia especial? E vai que faz sol na hora errada? Vai que se você está preparado e alguma coisa acontece, você não terá problemas, mas vai que não esta e aí será a hora de mostrar a que veio. Poucos aceitam a verdade, até porque ela é apenas a verdade de alguém, mas são os que a conseguem decifrar, que perdem menos tempo na vida.

O que seria melhor do que algo que não existe? Algo que já existe, mas que não foi apresentado a ninguém ou aquilo que não se vê? O que, além de elucubrações, pode surpreender? Nada é tanto que sobre e é por isso, que continuo a dizer que prefiro o que tenho em detrimento ao que ainda não corre em minhas veias.

Não precisa mudar

Não precisa mudar
Vou me adaptar ao seu jeito
Seus costumes, seus defeitos
Seu ciúme, suas caras
Pra quê mudá-las?
Não precisa mudar
Vou saber fazer o seu jogo
Saber tudo do seu gosto
Sem deixar nenhuma mágoa
Sem cobrar nada

Se eu sei que no final fica tudo bem
A gente se ajeita numa cama pequena
Te faço um poema, te cubro de amor

Então você adormece
Meu coração enobrece
E a gente sempre se esquece
De tudo o que passou

Saulo Fernandes

Vontade do novo

Era tão linda que tinha medo de sair à rua e ser admirada. Sim, ela não aceitava o fato de ser diferente, se considerava anormal em um mundo de estereótipos. Ela simplesmente não aceitava os longos fios, o corpo esguio e a pele sedosa. Não queria deixar de ser quem era, mas não conseguia aceitar o que tinha.

Tentou médicos que cuidam da mente e da alma, buscou crenças, amigos, amores, pecados, mas só conseguiu ficar mais confusa, mais preocupada e menos satisfeita com o que via no espelho. Comprou novas roupas, mudou de bairro, de cidade, de estado, foi para outro país e nem assim conseguiu sentir-se feliz.

O que lhe faltava não pôde ser dado por ninguém, porque o que lhe faltava só ela poderia conseguir e por mais que tentasse, não era isso que ela queria. Depois de tantos anos em busca de algo ela descobriu que o que a fazia persistir era a felicidade que encontrava na busca, na permanente procura.

Não gostar de si ou do que ela achava ser, era só um pretexto para buscar descobertas, novos interesses e coisas com as quais se identificasse. Ela não queria mudar ou ser mudada, queria tão somente conhecer e nesse conhecimento deleitar-se com o que não estava nos livros ou nos programas da TV.

Frio interior

- Vai morar um ano em Londres?
- Não, tempo demais. Vou ficar apenas uns seis meses em Londres. Depois, no final do ano, pretendo voltar ao Brasil.
- Porque não estica direto, fica logo lá.
- E o frio?
- Lá eles vendem casacos.
- Não é desse frio que estou falando...

O frio que sentimos quando estamos longe não pode ser desfeito com o uso de roupas ou outros artifícios, esse frio só passa quando estamos perto da nossa fonte de calor. Um coração se aquece junto de outro coração, que bate no mesmo compasso, que se alimenta da mesma emoção.

A distancia separa e o sentimento une. O tempo afasta e as lembranças trazem de volta. O viver não pode ser separado do gostar, do bem querer, do desejar. Pessoas foram feitas para o encontro, para a convivência.

Manual de instruções

Para tal coisa fazemos isso, para outra coisa fazemos aquilo e para todas as outras coisas não fazemos nada. Simples, mas muitos podem não entender e, portanto, vamos explicar novamente, passo a passo.

O processo é composto de apenas uma etapa, a execução. O modo como você realiza a execução é que pode variar, mas isso é com você. Cada um faz de uma maneira e todas estão corretas, o único erro é não executar.

Após a execução, no final de todo o processo, não há mais nada a ser feito, o resultado pode ser celebrado. Alguns preferem a contemplação silenciosa, outros chegam a soltar fogos de artifício, mas a maioria esboça um sincero sorriso que representa a boa sensação do dever cumprido.

É isso, não tem segredo, mas se você ainda tem alguma dúvida envie-nos um email e teremos imenso prazer em responder.

Queremos construir castelos

Muros intransponíveis já não nos servem mais, queremos castelos impenetráveis. Precisamos de fortalezas que nos protejam fisicamente e emocionalmente do que não podemos prever, estamos a mercê do que não tem explicação, do que acontece de repente, sem motivo algum.

Pensamos ser possível prolongar a solidão, o egoísmo da independência, mas uma hora somos chamados a parar e a refletir sobre o futuro, sobre nossas escolhas. Em algum momento a gente percebe que precisa de segurança, precisa de um canto para ficar quietinho, precisa de alguém a nossa espera nas noites frias e nas noites quentes.

A diversão se torna previsível demais, os encontros furtivos vazios demais, tudo carece de intimidade, propriedade. Na hora que não conseguimos ver graça no que antes nos fazia querer sempre mais, é quando mesmo que inconsciente, estamos pedindo por consistência, constância. Não queremos mais o novo e sim sermos surpreendidos por aquilo que já conhecemos, confiamos e temos como nosso.

O mesmo abraço, o mesmo beijo, o mesmo perfume, tudo isso faz tão bem que quando entendemos e damos valor às pequenas coisas, elas se tornam o nosso viver.

Os castelos que queremos construir não são para nos prender e nem limitar, são apenas para sabermos que existe um porto seguro para onde sempre vamos retornar.

Molho especial 2

Pote filho da mãe de azeitona sem caroço! Levei três longos dias para abrir a desgraça e quando consegui, depois de quase desistir, as azeitonas tinham gosto de remédio vencido com vinagre. Odeio quando isso acontece, quando tenho vontade de alguma coisa e essa coisa está intragável. Foi assim com a Bruna e com a Jéssica, fui com toda sede ao pote e ambas não estavam em condições de consumo.

Por certo que elas disseram que a culpa era minha e por mais certo ainda, eu digo que a culpa foi delas. Como isso não vem ao caso e nem faz com que as azeitonas tornem-se aptas para o consumo, prefiro até esquecer que tive aquela noite com elas. De tudo, posso dizer, que o champanhe estava muito bom, na temperatura ideal. Os canapés de salmão também e aquele molho por cima fez toda a diferença, nem parecia maionese comum.

Perdi um longo tempo imaginando o que leva uma pessoa a gastar tanto com champanhe, garçons vestidos de forma impecável, caviar e canapés de salmão, para servir maionese comum como molho. Acho que é a mesquinharia dos detalhes, a falta de cuidado com o todo, mas é justamente a cereja do bolo que faz a diferença, a azeitona da empada. Olha elas aí de novo, as malditas azeitonas que não quiseram sair do pote. Já sei, foi isso, a pessoa não conseguiu abrir a porcaria do pote de molho especial sei lá do que, e colocou maionese comum porque foi mais fácil de abrir o pote ou porque quando conseguiu abrir o molho ele estava estragado. Mais um mistério desvendado.

Pensando bem, o ideal seria o molho caseiro, feito na hora, e não essas coisas industrializadas.

E qual o molho combina melhor com canapés de salmão? Hum, a Bruna como boa gourmet deve saber e caso saiba, pode querer me mostrar como se faz e aí eu ligo para a Jéssica, digo que é um jantar especial e comemos os três, molho para canapé de salmão. Molho feito em casa, diga-se de passagem, e com todo o carinho. Não que isso faça alguma diferença, porque minha intenção não é o raio do molho.

Alguém

Tem quem tem
Não tem quem tem
Não tem
De vez em quando tem

De vez em quando vem
De vez em quando tem
De vez em quando tem você

Se tem não sei se tem
E quem tem não vê
Nem pensa em saber

De vez em quando vem
De vez em quando tem
De vez em quando tem você

Se tem não sei se tem
E quem tem não vê
Nem pensa em saber

Quem tem não tem
E o que se tem?
Se não tem mais alguém

De vez em quando tem
De vez em quando vem
De vez em quando tem você

Tem quem tem
Não tem quem tem
Não tem, não tem,
Não tem, quem tem?

Bebel Gilberto, Roberto Beco Dranoff e Suba

Agora é hora

Tão interessante e bom quanto vitamina de banana com aveia, tão mais certo do que grama em campo de futebol, tão eu e tão você, assim somos nós. Agora é a hora que sempre esperamos, o momento que tanto desejamos, o tal dia da redenção. Seja por bem, ou seja, por mal, seja para sempre ou até fevereiro. E se passar janeiro e nada acontecer? Terá sido eu ou seremos todos os que nunca acreditaram na felicidade escondida no armário?

A fatia do bolo, talvez a primeira, não será a ultima. O pedaço mais doce, o beijo mais demorado, o abraço apertado. E lá vamos nós, conquistar o que não se conquista, desbravar o desconhecido e deixar o sentimento falar mais alto. Será que o amor acontece com o desabrochar da flor?

Não foi ilusão quando peguei sua mão, não foi conto de verão ou apenas uma estação quando nos encontramos novamente no mesmo lugar. Não foi magia ou bruxaria, muito menos destino, foi apenas uma loucura que deveríamos cometer mais vezes. O tempo passa lá fora...

Vamos sair dessa

Eu não estou nessa, vai ser bom à beça, vamos sair dessa e você vem comigo. O que lhe falo agora, o que lhe digo nessa hora é pra você não correr perigo e você pode até pensar que eu estou em um abrigo, mas eu estou contigo e quero que você venha comigo. Venha comigo.

Vamos sair dessa, vai ser bom à beça, não estamos nessa. Vamos sair dessa, vai ser bom à beça, pois não estamos nessa e eu não estou em um abrigo. Vamos sair dessa.

A lei seca que se ferre

O que mais vejo por aí são pessoas preocupadas com a tal da lei seca. Elas tentam descobrir os melhores caminhos para evitarem as equipes, montam esquemas e jogadas para o caso de serem pegas, mas em nenhum momento pensam em parar de consumir bebidas alcoólicas. O mais importante, como um rato, muitas vezes de forma literal, é fugir do gato.

Posso confessar que nunca me preocupei com a lei seca, por que a minha maior preocupação são efeitos do álcool e o que pode acontecer caso eu venha a dirigir alcoolizado. Nunca tive medo dos fiscais, do “balão” e nem da multa. O que eu não quero que aconteça, nunca, é um acidente, com ou sem vitimas.

Não quero ter que socorrer alguém por conta da minha imprudência e nem ser socorrido. Não quero pensar no que aconteceu, porque não vai acontecer. Independente de “esquemas”, “formas” de burlar a tal da lei, eu não vou beber e dirigir, não vou arriscar a minha vida e nem a de quem estiver comigo ou passando pelos caminhos que vou passar.

Uma gota, um copo, uma taça, nada disso importa. Não vou recriminar os que dirigem após a ingestão de álcool, tenho amigos que fazem isso, falo por mim e sei o que não vou fazer, portanto, quero que a lei seca se ferre!

Codinome Beija-flor

Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

Cazuza

Alguém

Existem por aí muitas tantas pessoas pensando em fazer o bem, quem sabe elas são alguém, pelo menos são muitas pessoas, que querem fazer o bem e quem sabe são alguém. Você ignora e ao mesmo tempo demora em ser alguém, você sai fora e deixa para trás o que não quer mais.

São tantas pessoas, são tantos alguém e não temos ninguém. Pedaços perdidos de partes esquecidas de alguém que não está entre nós. Quem será, quem poderá, quem saberá.

O medo de não existir alguém sem com quem contar e ou chamar para ajudar, pode complicar na medida em que a noite cai e não se vê ninguém para apoiar. E nada é eterno, mas ao menos é sincero. E nada é demais, mas no fim é sempre o que ainda temos.

Molho especial

- Batatinha frita com aquele molho especial... Hum, delicia!
- Costelinha frita com aquele molho especial... Hum, delicia!
- Meu amorzinho frito com aquele molho especial... Hum, delicia!
- Vai me fritar?
- Com azeite extra-virgem.
- Vai perder todas as propriedades do azeite. Esse tipo de azeite é mais indicado para a finalização de pratos e quando submetido a altas temperaturas, fica como se fosse um óleo comum.
- Então não frito, coloco o molho especial e assim mesmo fica uma delicia.
- Eu, com molho especial, fico uma delicia? E sem molho?
- Fica uma delicia também.
- Então para que o molho?
- Não estamos colocando molho em tudo?
- Estamos, mas só em coisas de comer.
- Ok, então não coloco o molho.
- Mas o molho é especial. Eu não mereço?
- Merece, mas você não é de comer.
- Então sou de que?
- Você é de amar.
- De amar?
- Sim, de amar.
- E você me ama?
- Muito.

Coisas que odeio em você

Odeio quando acordo e vejo que você está ali, parado como um bobo, sentado na cama, me olhando. Parece um daqueles cachorros esfomeados vendo um prato de comida, só falta latir. Por vezes esboço um sorriso quando penso no ridículo da situação de te ver fazendo este papel ridículo. Perco um bom tempo achando que você vai se tocar, levantar e me deixar terminar de dormir em paz, que começo a revirar os lençóis na tentativa vã de que entenda que preciso de espaço. É horrível dormir com alguém observando como se fosse um psicopata, e juro, às vezes eu tenho a impressão de que você é um.

Gosto de encostar no seu peito, apenas por encostar, para descansar, mas me angustia pensar que você fica me apertando e quase me sufocando. Tenho dificuldades de respirar e de me mexer enquanto seus braços deixam marcas na minha pele de tanta força que você faz. Qual a dificuldade de apenas curtir o momento?

Odeio aquele vestido florido que não sei por que, comprei no ultimo verão. Achei-o muito bonito na loja, vestido no manequim, mas ao chegar em casa vi que não caiu bem em mim. Por alguma obra do destino, você resolveu que o tal vestido é a sua predileção e vive pedindo para que eu o use todos os dias. Quando não tenho nada para vestir, todas as roupas estão na lavadora, o coloco para ficar em casa, sair à rua com ele nem pensar.

Odeio quando conto as coisas para você, especialmente os episódios que me tiram do sério e você fica me olhando com cara de paisagem. Como eu gostaria que você resolvesse as coisas e não ficasse achando que sou a mulher maravilha. Sei me virar, mas às vezes preciso de alguém que me defenda ou que pelo menos me mostre que se eu precisar vai estar disponível para fazer isso.

Coisas que adoro em você

Adoro quando acorda com aquele sorriso no rosto que só você tem, os cabelos soltos e desarrumados, os olhos ainda se abrindo e um ar de quem precisa de um abraço. É tão especial ficar ali te olhando despertar, te ver remexendo o corpo como quem quer desarrumar ainda mais a cama e ao mesmo tempo não quer nem um pouco se levantar.

Adoro quando se aninha em meu peito, repousa seu rosto e apenas fica, quieta, respirando baixinho. Não sei se você apenas quer uma pausa, um momento de relaxamento, mas sei que adoro poder te abraçar e ficar ali, quietinho, com você.

Adoro quando veste aquele vestido florido que você comprou no último verão. Vê-la com ele, caminhando calmamente, como se nada mais existisse, me passa uma sensação de tranquilidade e bem estar. Fico feliz de saber que você, a menina do vestido florido, está ao meu lado, caminha comigo.

Adoro ouvir você quando está brava com alguma coisa. Fico imaginando os fatos que você descreve, tentando adivinhar o que você fez na hora em que tudo aconteceu e me perguntando por que eu não estava lá, com você, para não deixar que nada a aborrecesse. Por fim, fico contente e não consigo esconder o sorriso, por perceber o quão forte você consegue ser nestes momentos.

Os caminhos são os mesmos 4

O mundo não nos condena a viver uma vida com altos e baixos, erros e acertos, decisões e indecisões. A condenação fica por conta daqueles que não compreendem que tudo é necessário, que os passos não podem ser sempre perfeitos, que as pedras no caminho estão lá para nos lembrar de não descuidar. A caminhada não será sempre por terreno plano.

A maior parte do percurso é feita com dificuldade e é essa dificuldade que separar os capazes dos que vão ficar para trás. Poucos são os que têm disposição para seguir e superar as adversidades e estes poucos são justamente aqueles que não ficam reclamando de tudo a sua volta.

Entre os que fazem e os que esperam existe um grande distancia que os separa e essa distancia é a mesma que une aqueles que têm um objetivo comum. Quem vê o mundo com os olhos de espera, tende a viver esperando por algo que não virá. Os que correm atrás de seus sonhos, lutam por suas metas e não se acomodam diante das dificuldades, são os que provavelmente vão colher os frutos e caso isso não aconteça, vão ter aprendido o suficiente para chegar lá na próxima tentativa.

O amor acabou

- Carolina! Acabou o amor!
- Já olhou na gaveta do armário?
- Eu falei o amor Carolina e não o papel higiênico!
- E eu falei a gaveta do armário e não a dispensa.
- Carolina, ninguém guarda o amor na gaveta do armário e muito menos na dispensa.
- Você não sabe onde guarda as meias, agora vai querer saber onde guarda o amor?
- O amor é meu Carolina, eu guardo onde eu quiser e se digo que acabou, é porque acabou!
- Está bem Alex amanhã eu vou ao mercado e compro mais amor para você e aproveito para comprar também o sabão em pó que já está no fim. Essa marca que você trouxe na ultima compra é muito ruim, deixa as roupas com um aspecto de encardido.
- Pelo visto realmente você não está prestando a mínima atenção ao que estou dizendo e acho que esse é um dos motivos do amor ter acabado.
- Alex, você quer discutir a relação agora, na hora da novela? Quando você está vendo o jogo e eu tento estabelecer o mínimo dialogo, para falar do meu dia, ou do que aconteceu com a mamãe, você me corta na maior grosseria e diz que não é hora. Agora, na melhor parte do capitulo, você quer “conversar”. Faça-me o favor.
- Você venceu Carolina, termine de ver a sua novela e quando quiser conversar sabe onde me encontrar.
- Ok, só não chegue em casa depois da meia noite e muito menos bêbado como da ultima vez.

Muitos relacionamentos estão assim, o amor acabou faz tempo, mas um dos dois finge que não percebeu e a rotina segue. É melhor manter as aparências, o que funciona, do que encarar o fim da relação. Pode ser comodismo, medo e tantas outras coisas, mas nada disso deveria ser motivo suficiente para permitir que uma relação se perpetuasse nessas condições.

Quando chega o fim o melhor a se fazer é admitir e aceitar que existem coisas que não podem ser mudadas. O amor não é infinito, ele tem prazo de duração. Em alguns casos ele dura muitos anos, décadas e em outros um dia, uma semana, um mês.

O que não pode terminar nunca é o respeito, esse deve perdurar mesmo com o fim da relação, pois ele é base para que ambos não se transformem em completos estranhos depois de tanto tempo de convivência.

Pouco o bastante

Sim, chorei quando o filme acabou e o mocinho morreu. Não, sorri quando tudo passou e o sol brilhou. A primavera ainda não acabou e nem vai tão cedo murchar as flores que colorem a paisagem.

O frio cortante lá fora é menor do que o inverno interior, o coração congelou os sentimentos enquanto a mente se encarregou de limpar os resquícios do passado. Novos tempos se anunciam. Alvorada acontece enquanto o mundo amanhece.

Sorrisos, abraços, acenos. Mais um momento sereno diante da turbulência reinante. Mais do mesmo e muitos instantes depois do inicio distante de toda ruptura. Peças de um quebra cabeça que não será montado jamais. Pouco o bastante para nunca sobrar, volumoso demais para transbordar.

Parabéns 7

Por tanto pensar, por tanto hesitar, por tanto pesar, acho que consegui voltar ao ponto inicial. Construí com sucesso os muros que cercam o castelo, cavei fundo o fosso. Pontes tão altas quanto o necessário, forte esquema montado, mas nada disso foi suficiente para me livrar dos fantasmas. Eles voltam sempre que necessário, sempre que a mente rememora os bons momentos, e por que não, os difíceis, mas não menos proveitosos. De tudo se extrai aprendizado, principalmente da dor.

O sono pesado, a mesa posta e nada. Você não vai aparecer no ano que vem e nem no seguinte, você não vai aparecer em tempo algum, dia nenhum. Vou esperar pacientemente sabendo que o nunca é o eterno presente.

É noite agora, frio lá fora e calor aqui dentro. Parabéns! Estamos quites pelo tempo perdido, pelo choro contido, pelo sorriso fingido.

Males não vêm para o bem. E nem para o mal.

É sempre a mesma ladainha e o mesmo papo torto de que “o melhor está por vir”, as “coisas boas ainda vão acontecer” e outras Idiotices (Com i maiúsculo) que ouço por aí. Fato, concordando ou não, isso não existe. Não tem nada melhor por vir na sua vida ou na de qualquer outra pessoa, o que virá é algo que ninguém pode precisar como será. Apenas isso.

As pessoas passam anos e anos fazendo alguma coisa, dedicando-se a alguém e de um momento para o outro, na visão delas, o sonho se acaba e o que era bom e serviu durante tanto tempo passa a não prestar mais. Incrível alguém “viver” algo e somente após o “fim”, “descobrir” que esse algo não presta.

Assim como não existe almoço grátis, ninguém é inocente nesta vida.

- Fui demitido porque a empresa estava passando por uma reestruturação... (E com milhares de funcionários, o critério de escolha deles foi? Você?)

- Ela me abandonou porque não soube dar valor ao meu amor... (E o amor próprio dela onde fica? E o direito de escolher com quem ela quer passar o resto de seus dias?)

Não existe esta coisa de o passado é ruim e o futuro é melhor. O que passou, foi uma experiência e como uma experiência deveria servir para as pessoas aprenderem alguma coisa. Na grande parte das vezes fazemos escolhas erradas, mas mesmo assim, estas escolhas se baseiam em algo. O funcionário “competente” não é demitido porque o chefe é insensível e muito menos a empresa é a pior do mundo por causa disso. A próxima empresa pode ser melhor que a anterior, o chefe pode ser mais sensível, mas é o funcionário quem deve procurar lá atrás onde “errou” e mudar para ser “melhor”.

Acredito seriamente em atitudes positivas, em gente que acredita e não em teoremas e conspirações. Acredito que tudo pode melhorar, mas que o primeiro passo é a pessoa se mexer para que isso aconteça, pois quem espera demais fica esperando e só.

Sinuca de bico

Você ficou
Quando a corda puiu
Quando a água da fonte secou

Quando a bomba explodiu, você viu
Nem assim recuou
Apostou no meu taco em sinuca de bico

E as tacadas que eu errei

Mas você ficou
Eu então percebi que contigo podia contar
Você se empenhou
Pra essa vida da gente aprumar
Quando todos se foram você disse eu fico

E eu que não acreditei, quebrei

Fui ao fundo do poço na pele, no osso
Mas não me liguei

Foi preciso cair outras vezes
Pra admitir que eu errei

Mas quem é que não erra
Que atire a primeira pedra
Quem nunca se arrependeu
Quem nunca achou que a vitória era certa
E depois perdeu
Quem nunca esteve aponto de vender a alma

Mas passa o tempo e com o tempo
A gente se acalma

Eu só queria agradecer e desejar felecidade
Paz na terra aos homens de boa vontade

Serginho Meriti, Claudemir e Neguinho