Muros intransponíveis já não nos servem mais, queremos castelos impenetráveis. Precisamos de fortalezas que nos protejam fisicamente e emocionalmente do que não podemos prever, estamos a mercê do que não tem explicação, do que acontece de repente, sem motivo algum.
Pensamos ser possível prolongar a solidão, o egoísmo da independência, mas uma hora somos chamados a parar e a refletir sobre o futuro, sobre nossas escolhas. Em algum momento a gente percebe que precisa de segurança, precisa de um canto para ficar quietinho, precisa de alguém a nossa espera nas noites frias e nas noites quentes.
A diversão se torna previsível demais, os encontros furtivos vazios demais, tudo carece de intimidade, propriedade. Na hora que não conseguimos ver graça no que antes nos fazia querer sempre mais, é quando mesmo que inconsciente, estamos pedindo por consistência, constância. Não queremos mais o novo e sim sermos surpreendidos por aquilo que já conhecemos, confiamos e temos como nosso.
O mesmo abraço, o mesmo beijo, o mesmo perfume, tudo isso faz tão bem que quando entendemos e damos valor às pequenas coisas, elas se tornam o nosso viver.
Os castelos que queremos construir não são para nos prender e nem limitar, são apenas para sabermos que existe um porto seguro para onde sempre vamos retornar.