- Sim?
- Alguma coisa?
- Por quê?
- Algo em que possa ajuda-la?
- Tantas perguntas...
- Você nunca foi assim, de questionamentos.
- Tá, mas o foda é que eu te amo!
O essencial é invisível aos olhos, mas sensível ao coração.
Nem sei o que estou fazendo recitando o tal do pequeno príncipe ou o tal do príncipe que se acha pequeno, apenas estou aqui falando e pensando um monte de coisas desconexas, dessas em que as pessoas pensam quando não tem nada melhor para fazer. O filme da sessão das dez é uma porcaria, o rádio toca a mesma música que tocava há trinta anos e eu me pergunto por que ainda insisto.
Quando ela disse que me amava, com todas as letras e silabas, pensei seriamente em voltar alguns anos no tempo e recomeçar. Ela não sabia o que estava fazendo, só podia ser isso, ela de certo estaria sobre o efeito de algum entorpecente ou remédio mais forte. A ultima mulher que disse me amar, assim, na lata, percebeu poucos segundos depois que não havia feito à coisa certa e me abandonou como quem descarta um guardanapo sujo. Não existe esse tal de amor.
Depois de tantos questionamentos infrutíferos ela finalmente confessou que realmente me amava, mas de um jeito diferente. Ela me amava de verdade e não como nas histórias, nos contos e nos programas de TV. Ela me amava com aquela louca vontade de cuidar, de não machucar, de fazer feliz, de fazer bem. E eu, que nunca havia tido tanto, e nem merecia, fiquei sem saber o que fazer, porque é foda saber que alguém me ama como eu sempre quis.
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