Nasci prematura, uma barra. Minha mãe nunca suportou muito essa coisa toda, sempre teve um pé atrás com o meu desenvolvimento. Os médicos a tranquilizaram com relação a tudo, mas ela até hoje acha que sou diferente e quando fiz quinze anos decidiu que eu havia morrido. Sim, ela achou que deixei de viver, que parei no tempo, que não evolui. Ela se auto intitula uma pensadora dos tempos modernos, uma visionária.
Assim que pude, com dezessete anos sai de casa e fui morar com meu pai. Ele não aguentou a barra de ficar com ela e largou tudo quando eu tinha sete anos. Na época não entendi muito bem. Eu já achava que a dona Elisabeth era maluca, mas não tinha a noção do quanto e, portanto, pensava que ele estava sendo dramático demais. Depois que ganhei entendimento é que dei razão a ele e aos quinze anos me fechei, fiquei focada nos estudos e batalhei para sair de casa o quanto antes.
Parei de ir a festas, deixei de ver minhas amigas, passei a ir de casa para a escola e da escola para casa. Aos dezessete assim que entrei para a faculdade de direito pedi asilo ao meu pai e me mandei. Ele só me disse assim: “Maria e a sua mãe? Quem vai cuidar dela?”
Falei para ele não se preocupar, afinal agora ela era uma pensadora, uma mulher que conhecia os mistérios ocultos entre o céu e a terra e por isso não precisava da ajuda de ninguém.
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