Era a Claudia dos tempos de colégio que eu procurava e não encontrava, aquela Claudia que comia biscoito recheado no recreio e ficava com a saia suja de farelo. Sorria com aquelas covinhas sensuais fazendo todo um charme para dizer “presente”, quando a professora chamava o seu nome.
Essa Claudia não existe mais.
A Claudia de hoje se diz moderna, faz tudo às pressas, se alimenta mal, acha que tem problemas demais e tempo de menos. A ultima vez que jantamos juntos foi em Março, no nosso aniversário de casamento, comemoramos oito anos de casados.
A rotina dela é chegar em casa as nove, cansada, tomar um banho, mastigar rapidamente um sanduiche de pão integral com alface e tomate, beber um copo de leite, olhar o painel financeiro do dia, me dar boa noite e dormir. Eu fico na sala lendo um livro até pegar no sono e só ai me deito ao seu lado e adormeço.
A Claudia que eu procuro me contava seu dia, suas alegrias, dividia comigo suas tristezas e ria das minhas piadas sem graça. A Claudia que conheci no colégio tinha uma beleza natural sem a necessidade de maquiagem ou tratamento de beleza. E era essa Claudia que eu queria encontrar de novo, não essa que nunca me escuta e não tem tempo para nós.
Quem sabe existe algum resquício do passado dentro da mulher fria que hoje mora comigo.
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