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É assim que muitas pessoas preferem encerrar as coisas, simplesmente elas empacotam tudo o que restou, lacram e despacham. Muita coisa se perde no lixo, outras coisas se perdem dentro de um armário e outras voltam para o lugar de origem.
Eu até entendo que depois de um certo tempo as pessoas queiram terminar com tudo e esse tudo inclui as lembranças materiais pois as lembranças imateriais, estas não temos como empacotar. Por tudo isso, acho que o que vale em todo o processo é a simbologia do empacotamento, como se estivessemos lacrando o passado para sempre e o mandando para bem longe.
O bem longe nunca será longe o bastante para que possamos apagar as lembranças, mas será longe o bastante para que nos sintamos melhor com nós mesmos e com o sentimento de “dever cumprido”.
Legal seria se pudessemos fazer isso com tudo aquilo que achamos que terminou, poderiamos pegar tudo o que nos lembra o antigo emprego (contra cheques, documentos referentes a antiga empresa e outros) e despachar. Poderiamos pegar as “lembranças” daquele almoço detestável na casa da tia distante e devolver. Poderiamos fazer tanto com um simples pacote que o limite seria apenas a nossa imaginação.
Enfim, acho que está mais do que na hora de nos livrarmos de nossas lembranças e esvaziar as gavetas, vamos pegar tudo aquilo que nos lembra o passado e vamos despachar. Não vamos nos livrar das memórias e nem das sensações que estão e vão permanecer para sempre conosco, mas vamos conseguir mais espaço para guardar as próximas lembranças materiais até que chegue o dia em que jogaremos elas fora também.
