- Ponte desgraçada que não me deixa morrer de forma decente! Tinha que ser tão baixa? Parece um tapete sobre a via e não a porra de uma ponte de verdade... Idéia de idiota a minha querer me matar pulando desta porcaria, um tiro na cabeça e tudo já estaria resolvido, mas eu tenho medo de armas de fogo.
Desde que perdi a esperança no viver que meus dias tem sido de tanto penar. Desde o momento em que meus olhos não conseguiram mais ver a luz do sol com a mesma intensidade, minha vida se transformou em um turbilhão de complicações. Perdi o emprego, a mulher, o carro importado que é fabricado no Brasil e até o Rex, aquele vira lata de uma figa foi embora.
Um lampejo de que as coisas podem voltar ao prumo está acontecendo agora que pulei dessa pseudo ponte e consegui não morrer. Quebrei umas costelas na queda, mas isso passa, o que não passa é a raiva por não ter conseguido. Nem para morrer eu sirvo e me permito continuar esse arremedo de vida.
Por um lado não é tão ruim assim viver nessa seara e ter vida de novela. As emoções são tantas, as tristezas tamanhas, que nem mais chorar consigo e, portanto, borrar o rimel caríssimo que comprei no exterior, jamais!