Ontem recebi o convite e aceitei, fui conhecer os tão famosos bailes de carnaval do Scala. É claro que eu sabia que não estava indo no “famoso” Scala da Afrânio de Melo e franco e sim no novo Scala, situado em um subsolo na Avenida treze de maio, bem no centro da cidade.
Tinha comigo que o lugar não poderia influenciar negativamente uma “tradição” do carnaval carioca, que são os bailes promovidos pelo Scala, que tinha a época, o senhor Chico Recarey como homem forte. Hoje nem sei mais o que aconteceu com ele, mas me parece que havia sido condenado por dividas diversas e furto de energia.
O fato de termos ou não o velho Chico a frente do negócio é apenas mais um detalhe, porque mesmo com todos os senões, eu esperava mais de um baile tão falado.
Para começar, me convidaram para um baile onde a cerveja era liberada. Só esse fato já seria motivo suficiente para que as coisas desandassem, mas nesse quesito, por incrível que pareça às coisas acontecerem sem problemas. Você conseguia pegar a sua cerveja sem tumulto e eu não vi nenhum incidente por conta do excesso de álcool.
O que me impressionou foi o fato dos bailes terem se transformado, não que não o fossem antes, em apenas uma festa sem sentido e principalmente sem o glamour de tempo atrás. As mulheres, em sua maioria, ostentavam shortinhos comprados na liquidação da Leader Magazine, com blusinhas de cetim idem.
Os homens, muitos sem camisa, ostentavam seus corpos construídos a base de ferro, “vitaminas” e horas de academia. Fantasias? Raras e posso dizer, inexistentes. Era mais um bando de homens e mulheres em busca de diversão “barata” e quem sabe, algo mais.
A banda do Scala era competente, mas repetitiva e nos intervalos, o velho funk de sempre. Novidade para o “show” ao vivo de um MC famoso por ter feito uma única música de sucesso nos anos 80.
Turistas barrigudos desfilando suas prostitutas decadentes pelo salão, travestis “circulando” com desenvoltura a procura de uma vitima com dinheiro no bolso e aquele clima de boate de segunda classe. Uma pena, decepção total.
Alguém precisa reinventar os bailes de carnaval e trazer de volta aquele clima alegre, descontraído e carnavalesco. Os bailes do Scala, definitivamente não se prestam mais a isso.
