O frio lá fora congelava corpos, mas não sentimentos. Corações apaixonados não se congelam, pois são aquecidos pela chama do amor. O frio de julho era cortante, latente e inspirador.
Inspirava-me nela e em seus olhos esmeralda. Sabia que ela estaria linda esta noite, usando o lindo Versace que lhe dei de presente na semana anterior. Ela não precisava de nada para ser especial, mas mesmo assim, aquele vestido a deixaria ainda mais bela e sensual.
Como previsto ela não se atrasou, desceu exatamente quinze minutos após minha chegada e tão bela quanto eu a imaginei. Abri-lhe a porta do carro e fomos ao meu apartamento onde nos esperavam indícios de uma noite de sonhos.
O Réchaud derretia com maestria o Brie, que se fazia acompanhar por torradas e geléia de damasco. Vê-la suave e delicadamente mordiscar o queijo e sorver as borbulhas de Veuve Clicquot que reluziam no flute, me dava à absoluta certeza de que eu não havia errado em minha escolha. A noite seria divina.
Finda a entrada e ainda ao som de Let’s get it on, abri um Amayna pinot noir, que acompanhado de Mezza Luna recheada com vitela ao molho suave de queijos marcou a noite e em especial aquele momento, em que ela me olhava e sorria extasiada por todos os sabores, cores, sons e sensações.
O relógio insistia em fazer o tempo passar mais depressa e todos os minutos ao lado dela estavam sendo aproveitados ao máximo. Mas foi com calma que saboreamos sorvete de pistache com saborosa calda de frutas vermelhas e um Château d‘Yquem.
A música de Chet Baker que embalava a noite serviu perfeitamente de moldura para o momento em que lhe dei o tão lindo anel de esmeraldas, tal e qual seus olhos, com o qual ela sonhara por muito tempo.
Nos deixamos levar pelo clima e pelo brilho da lua, que lá fora prenunciava o que ainda estava por vir. Eu, ela e nossos corpos, entrelaçados e unidos, embaixo dos lençóis.
Conto baseado em texto/descrição de Vanessa Sobral para a comunidade Prazeres de Baco.