Essa novela que não assisto, mas que passa diariamente nos lugares onde estou é a mesma novela que um dia me foi importante. O espetáculo da criação, o nascimento da obra, o registro daquilo que mostra o instante exato do que não se vê.
O movimento contrario aos atos é sempre inversamente proporcional ao amadurecimento. Uma pessoa nasce, cresce, desenvolve-se como individuo, amadurece como ser humano e morre. Ninguém deixa vestígios, há não ser um livro, um filho, uma arvore e um disco. De rock, de preferencia.
Muito sangue derramado em prol de causa nenhuma, muito tempo perdido em prol de sentimento algum. Dado que não assisto, mas que convivo, é a mesma coisa que nada, estar nos lugares onde ninguém está.
E ela sempre vai embora, não importa o que eu faça ou de que forma eu faça. Ela sempre vai reclamar de mim, do tempo, da rotina, de tudo. Aquele amor, tão grande, apequenou-se a ponto de não resistir a um simples resfriado. No fim o errado sou eu.
Eu que não a levei para jantar, eu é que não a deixei em casa quieta, eu é que quis sexo demais, quis de menos, quis de tudo. O que não presta sempre partiu de mim e o que prestou nunca partiu dela. Alguém acertou, mas esse alguém não foi um de nós. Errei isso é fato!
E assim a vida segue sem alterações. Cada um seguindo o seu script e fazendo o seu papel.