- Eu não queria, não queria mesmo.
- É... Tem certeza disso?
- Não, não tenho certeza, mas eu não queria. No fundo, eu não queria, mas aconteceu.
- Essas coisas acontecem.
- Bom, e você?
- O que tem “eu” nessa história?
- Tudo, você é a história, pois sem você ela não existiria.
- Hum... E?
- Pelo amor, não é possível que você seja tão insensível assim. Estou aqui dizendo que não queria, mas que aconteceu e você não me diz nada? Como pode continuar monossilábica numa hora dessas?
- Você quer que eu diga o que? Que me apaixonei perdidamente por você? Que não posso mais viver longe de você? Quem sabe não prefere que eu lhe recite um poema ou o trecho de alguma canção melosa?
- Ok! Já lhe disse que não tinha a intenção de me apaixonar por você, mas aconteceu e sim, eu estou apaixonado por você! Talvez essa proximidade tenha mudado as coisas entre nós, talvez aquele beijo tenha despertado em mim esse sentimento. Não existe uma explicação, apenas estou apaixonado por você!
- Posso lhe dar um conselho? Esquece, pensa em outra coisa, vai ser melhor.
- Você sempre simplifica as coisas.
- Praticidade! Não sabia que você era tão dramático.
- Não sou de pedra, felizmente.
- Mas é mole demais para o meu gosto.
- Realmente não sei por que me apaixonei, não sei o que vi em você. Como as pessoas mudam tão depressa, como as coisas se transformam tão rápido.
- Sim, as coisas mudam porque são mutáveis. Um dia você vai entender e espero que compreenda que as coisas não podem ser forçadas, tem que acontecer naturalmente. Você gosta de mim, eu gosto de você, mas não da mesma maneira, não com a mesma intensidade. O que você sente por mim é bonito, mas sufoca e o que eu sinto por você é um imenso carinho. Hoje você vai chorar, maldizer a vida, se embriagar, ouvir músicas românticas e perder o sono. Amanhã será um novo dia, confie em mim.
