Poderia chamar de medo à falta de coragem que temos de assumir nossos sentimentos. Poderia, mas não vou chamar assim, eu prefiro dizer que é mais forte à vontade de que as coisas permaneçam como estão. Já me disseram que então seria medo da mudança, medo do novo, mas eu não concordo com isso, eu não concordo com o uso da palavra medo. O medo para mim sugere algo mais, que não necessariamente tem haver com a mudança em si. Não se tem medo da mudança e sim desejo de que as coisas possam permanecer e ao mesmo tempo se renovar.
É como querer o vinho sem a colheita das uvas ou querer o vinho com elas intactas na videira, porque nesse caso não é falta de vontade de colher as uvas. A questão é que uma coisa não pode se sobrepor a outra, um novo sentimento não pode suplantar um já existente. O amor não pode matar a amizade, a amizade não pode matar o amor. E assim, com todo esse cuidado, o novo vai sendo deixado de lado, fica abandonado, para que o antigo não se desfaça, para que tudo permaneça tal e qual sempre foi.
Para tudo temos as exceções e por isso conseguimos ver casos onde o novo existe independente de qualquer coisa, onde as pessoas não tem pena de quebrar os ovos para fazer a omelete.