Eu quero que você morra, mas não vou lhe matar, quem fará isso por mim será o cigarro que você fuma cinco vezes ao dia em quantidades absurdas. Ele é quem vai destruir você lentamente, ele é quem vai minar seus órgãos vitais, definhar seu pulmão e ceifar o restante de vida que você ainda tem. O cigarro, essa praga criada pela indústria tabagista, será o meu assassino profissional, a arma letal que dará fim a sua pobre e infeliz existência.
Quero muito, com todas as minhas forças, que você morra e apodreça, mas não tenho coragem para lhe fazer mal. Minha indiferença em relação a tudo é o que vai eliminar você desse mundo, transformando seus doces dias modorrentos em tediosos períodos de solidão. Você vai desejar que tudo acabe o quanto antes, vai desejar não ter me conhecido, vai desejar que o levem daqui para qualquer outro lugar onde você possa imaginar descansar em paz.
Matar você é pouco, mas suficiente para meus propósitos. Tirar você de circulação é o mínimo que posso fazer por nós e por tudo o que vivemos. Enquanto dormia em seus braços vivia a ilusão, agora que acordei vivo a realidade que não querer mais o desprazer de conviver em um mundo que também abrigue você. Infelizmente, da pior forma possível, você vai perceber a mulher que sempre fui e que você nunca soube valorizar.