Existem dias, a maioria deles, em que perco o controle, avanço o sinal vermelho, queimo a largada, bato a meta antes de fechar o mês, desatino. Existem dias, momentos, épocas, em que não sou quem sempre fui, me transformo em algo que não reconheço e troco o certo pelo duvidoso. Nesses dias, nesses momentos, nessas épocas, me desconheço por completo e não existo em mim.
Mas é justamente nestes dias em que as coisas funcionam melhor. Parece que alguma energia invade e as coisas começam a acontecer. A mente trabalha a mil por hora, o coração dispara e o corpo entra em frenesi. São tantos sentimentos e emoções ao mesmo tempo, tudo brotando por todos os lados, que no fim faltam-me condições de absorver cem por cento do que sinto.
No começo eu ficava descompassado, angustiado e preocupado em parecer “normal”, me adequar ao que todos consideram como sendo o comportamento padrão, mas depois de algum tempo percebi que não passava de uma grande bobagem minha querer mudar o processo.
Então, quando acontece, aproveito para criar o máximo que posso, para usar toda essa inadequação em prol de novidades e sigo o fluxo. O que transborda é intenso demais para ser desperdiçado em tentativas vãs de inúteis reflexões a cerca do nada.
