sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Super Homem

super homem

Pare de pensar em tudo e de tentar abraçar o mundo, porque você não consegue, você é um só e mesmo assim, um só que não tem condições nem de cuidar de si mesmo. Pense primeiro em se ajudar, em melhorar a si, para depois tentar consertar o mundo, as coisas que vê e aquilo que acredita estar errado.

Vá devagar, não se afobe, tenha paciência, seja humilde o suficiente para compreender que vai precisar de ajuda. Você pode até pensar que é o super homem, mas não é. E nem será!

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Dicas para aproveitar o fim do mundo

dicas para aproveitar o fim do mundo

Um – Não pule
A vontade será grande, mas não pule. Caso esteja em um local acima de cinco metros do chão, especialmente. Caso esteja em solo firme, lembre-se de que não está em uma micareta ou show de rock e, portanto, não há a mínima necessidade de pular.

Dois – Não chore
Aqui vale ainda outra dica, não ouça Pablo. Chorar em uma hora dessas não vai lhe adiantar de nada, e já que o fim é eminente, evite chegar, onde quer que seja, com a cara amassada e a maquiagem borrada.

Três – Não faça besteiras
Nada dessa história de se atirar de cabeça em qualquer roubada, ou fazer o que der na telha apenas porque o mundo vai acabar. Pode ser que ele resolva não acabar e aí você vai ter que olhar para todo mundo e explicar o tanto de merda que fez.

Quatro – Relaxe
Já que o fim é certo, ou não, ficar nervoso, não vai ter utilidade alguma. Relaxe, pense em coisas legais e curta o momento.

Cinco – Não siga nenhuma dica ou conselho
Faça o que achar melhor, o que quiser. Em pleno fim do mundo você não vai e nem deve, perder tempo com conselhos e dicas inúteis. O que tinha de ser feito ou dito, já foi, agora é deixar o mundo acabar e curtir da melhor maneira possível.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

O que eu nunca guardei

o que eu nunca guardei

Sorriso em pedaços. Laminas que não podem mais cortar. O frio incessante parou com o tempo e sem argumento, não tenho mais tempo a perder. A nova viagem rumo ao espaço, levou minhas coisas, as minhas certezas e o que eu nunca guardei.

Como o fascínio por ela me fez mais feliz, como o momento acordado me fez mais audaz, como a espada dourada, outrora encantada vagueia no céu. É primavera de outono, em pleno inverno, no meio do verão, já não chove mais no meu coração.

Alimentando os pássaros no meio do mar e ao mesmo tempo deixando de ver o sol a brilhar. Sem tempestade em copo d’água, sem revertérios e outros mistérios. Sonhando acordado domingo à tarde enquanto lá fora a vida se vai.

Já não escuto mais os sons do passado e nem sou mais feliz. Agora pretendo andar pelos caminhos que sei, brincando de rei ao lado de uma rainha inventada.

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Estado de espirito

estado de espirito

Estar ou ser solteiro? Estar ou ser encalhado? O que difere estes dois estados é o modo como nos encaramos diante deles. Não há nenhuma regra que enquadre uma pessoa em um estado e outra em outro. Poderíamos dizer que o encalhado é aquele que tenta tantas vezes quantas forem necessárias e nunca consegue. O solteiro seria aquele que não tenta ter alguém, apenas segue e espera o que pode vir a acontecer. Só que as coisas não funcionam assim.

Não importa muito a nomenclatura da coisa e sim o seu estado de espirito diante situações. Tem os que levam tudo numa boa e não estão preocupados em conseguir uma alma gêmea e tem os que precisam desesperadamente de alguém para chamar de seu. Existem os que não vivem sem beijar alguém todos os finais de semana e os que preferem “esperar” pela pessoa certa. Tem os que tentam e os que não querem.

Ambos estão na mesma situação, mas cada qual interpreta a coisa a sua maneira e faz tudo no ritmo que acha mais conveniente. O que penso que não pode acontecer é a pessoa ir contra seus princípios, se submeter a certas situações, apenas para ser aceita, para poder dizer que está com alguém. Quando isso acontece à pessoa acaba se “vendendo” barato demais, por um sentimento que depois pode custar muito caro.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Amor da minha vida - Por ela

amor da minha vida por ela

A água ferveu e ele ficou ali parado olhando para a caneca cheia de pó. Nunca gostei de café, ele sempre adorou, tomava religiosamente todos os dias.

- Não entendo como você pode não gostar de café.
- Não sei como você consegue beber isso dessa maneira.
- Sempre gostei de café e de rum. Hoje gosto mais de rum do que de café, mas se puder misturar, melhor.
- Suas misturas não param, são infinitas, ainda mais assim, logo pela manhã.
- Interessante é que você nunca gostou dos meus hábitos, sempre reclamou da minha rotina, dos meus métodos e da minha camisa verde furada nas costas.

Eu o conhecia tão bem que poderia jurar que ele ainda guarda aquela camisa no armário e só não a esta usando, porque sabe que nunca gostei dela. Desde que nos conhecemos em meados da década de noventa, que fomos unha e carne. Ele tinha aquela barba por fazer, aquele jeito de menino, com uns olhos hipnotizantes. Foi o melhor beijo da minha vida. E será para sempre.

- Abri um bistrô.
- Você sempre gostou dessas coisas de cozinha fresca, de pratinhos, copinhos e afins. Vivia tentando me fazer aprender a comer como aqueles engomadinhos da sua turma.
- Sempre gostei de coisas boas, é diferente.
- E coisas boas precisam de frescura?
- Não são frescuras, fazem parte do todo, mas você nunca vai entender.
- Nunca por quê? Não sou fino demais para isso?

Ainda me questiono o que eu vi nele, porque me apaixonei por alguém sem o mínimo tato, sem o mínimo romantismo. Ele sempre foi aquele grosso incorrigível, nunca soube apreciar um bom vinho, uma comida de qualidade. Para ele sempre foi o macarrão com frango e o rum. Nunca consegui faze-lo mudar e no fundo, nunca quis que ele mudasse, pois o homem pelo qual me apaixonei não poderia ser diferente, pois aí seria igual a todos os outros.

- Você ainda mantém a barba de sempre.
- Tirei uma época, mudei, mas você estava em Londres.
- Iria achar estranho vê-lo com a cara limpa, acho que foi melhor assim.
- Melhor para quem?
- Para nós.
- Engraçado, pois nunca houve um nós. Você decidiu que deveria ir para Londres e pronto, foi isso. Você nunca se importou comigo, foi o que você quis, a sua vontade.

Ele nunca quis sair desse país modorrento, dessa vida tediosa. Fui para Londres viver minha vida e sofri muito por lá, não só pela temperatura, mas também pela frieza das pessoas, das relações. Ele não sabe a falta que me fez. Desde que fui para Londres, até hoje, ainda não havíamos nos visto. Hoje tenho outra vida, estou casada, com dois filhos, mas me falta à paixão, aquela coisa de revirar os olhos e fazer bater mais forte o coração. Isso, só sinto com ele e por ele.

Amor da minha vida - Por ele

amor da minha vida por ele

No começo era pó. Apenas isso. Pó e nada mais. Até que a água ferveu e o pó se converteu, transformou-se em café, uma xícara, ela não gostava de café.

- Não acha forte demais?
- Estou acostumado a duas colheres de pó, meia de açúcar e meia dose de rum.
- Pela manhã?
- Aos sábados. Aos domingos dispenso o café, meia dose de rum já me desperta e mantém.
- Interessante conhecer um pouco mais de uma rotina tão comum como a sua. Você continua o mesmo metódico de sempre e aposto que ainda usa aquela camisa verde, furada nas costas.

Ela não me conhecia com mais profundidade porque não quis. Desde que nos conhecemos em meados da década de noventa, que nunca mais nos desgrudamos. Ela ostentava aquela cabeleira vistosa e os olhos mais lindos que já vi. Nunca beijei boca igual, mesmo que não tenha dado tantos beijos assim e mesmo que ainda haja muitas bocas para beijar, acho que não beijarei boca igual.

- Larguei a agencia.
- Você nunca gostou de trabalhar com aqueles seres engomados, com ar de superioridade e diploma embaixo do braço.
- Eu nunca gostei de limites, é diferente.
- E os seus limites?
- Eu tenho limites aceitáveis, que são meus, não me limitam, mas impedem minhas experiências ruins.
- Como se apaixonar?

Realmente nunca fui um cara romântico, sempre que pude evitei essa coisa de romance, de paixão e declarações inúteis que no fim só nos trazem ruína. Fui muito apaixonado por ela, ainda sou, mas nunca consegui dizer isso ou demonstrar o quanto o meu sentimento por ela era verdadeiro. Os meus limites, eu que tanto odeio limites, eles, impedem que me jogue de cabeça.

- Você nunca cortou os cabelos.
- Cortei em Londres, mas você não estava lá.
- Deveria?
- Acho que não cabe a pergunta, pois a resposta é obvia.
- Agora realmente não tem mais importância alguma essa resposta.
- Na época, você nunca fez a pergunta, nunca fez nada por nós, sempre foi você em primeiro lugar.

Ela foi fazer mestrado em Londres, passei meses quebrando coisas em casa, bebendo em todos os bares que encontrava, fui internado duas vezes e encontrado na sarjeta outras tantas. Eu não queria que ela fosse, ela queria que eu fosse e assim nunca mais nos vimos até hoje. Ela casou, teve dois filhos, um cachorro e um engravatado que dorme com ela todas as noites. Eu não criei juízo, escrevo contos idiotas sobre relacionamentos perfeitos que não existem, sou viciado em rum e ainda completamente apaixonado por ela.

domingo, fevereiro 22, 2015

Choro contido

choro contido

Falso testemunho em nome de coisas que não valem realmente a pena. Falsas verdades no meio de mentiras sinceras e um nome exposto na parede, no retrato, na moldura, na capa do livro que ninguém vai ler. Infrutíferas tentativas de paz e união, o nosso amor, não pode ter sido em vão. Não se altera a destinação de uma área sem uma prévia consulta aos órgãos competentes e esses órgãos, jamais vão liberar ou aprovar a nova ocupação do seu coração.

Fosse de pedra, concreto ou até de pó, nada sentiria, ignoraria, mas sou de carne, sustentado por ossos bem calcificados. Sinto na pele, por dentro, na alma, na voz que não sai. O peito aperta muito, a mente processa lembranças demais, os olhos lacrimejam e quem vê pensa que é um choro contido.

O tempo passa, mas não leva embora aquilo que nunca vai sair. O tempo ameniza, mas deixa uma brecha, porque ele sabe que ainda há muita água para rolar e um tanto assim de amor para dar.

sábado, fevereiro 21, 2015

Aquilo que se quer

aquilo que se quer

Não vejo novela, não entro em briga ou bola dividida, o meu partido é meu modo de vida e faço tudo o que me convém, sem porem. Já fui ativista, hoje milito pela minha causa e sou conhecido pelo que apresento e não pretendo mudar uma vírgula do final. Sou assim, pedaço torto que não tem conserto, metade cara de origem rara e sabedor do que vale saber.

Comprei caro, vendi barato. Roubei flores e não as dei a ninguém, apenas as plantei em meu jardim. Eu sou assim, metade do avesso, verso e reverso das palavras originais que nunca vou proferir em respeito a todos. Não sou melhor, nunca fui pior e pretendo continuar a ser apenas isso, o que qualquer um pode ver, mas poucos podem ter, porque só os que se permitem pertencer sabem o valor que é conquistar aquilo que se quer.

O “mozão” é feio. E agora 4

o mozao e feio 4

“Bom dia! Sou leitora voraz da sua coluna e vejo nos questionamentos enviados, muito da coisa da feiura física em contraponto a beleza. Acho que o foco tem sido demasiado na estética, pouco se fala no restante, no sentimento. O meu caso, não foge muito a regra, mas quero focar em outro ponto. Eu e o Lauro temos uma relação tranquila, porque ele se conforma com o pouco de atenção que lhe dou e isso me incomoda. Posso inventar mil histórias, desculpas esfarrapadas e ele nem se dá conta que na verdade, estou me divertindo com outro. Às vezes me sinto culpada, mas ao mesmo tempo penso que tenho que viver a vida, ser feliz. Porque ele não se toca? Será que por ser feio ele acha que tem de ser tapado também? Estou agindo de forma errada com ele? Antecipadamente obrigado pela resposta.”

Interessante o seu relato e que bom que posso respondê-lo, mas não sei se minha resposta vai lhe agradar.

Não foi o Lauro que se acomodou, não é o Lauro o tapado dessa história e nem aquele que não quer ver e aceita sem questionar as suas desculpas, que como você mesma fez questão de frisar, são esfarrapadas. Você é a acomodada, a tapada e aquela que não compreende que está se enganando e não passando a perna em alguém.

O Lauro pode até estar sendo usado, pode estar sendo ferido em seus sentimentos, mas ele está sendo, até onde você me contou, sincero, verdadeiro. Não concordo nem um pouco com essa teoria de que os “bobos” devem ser passados para trás ou que merecem aquilo que fazem com eles, porque ninguém merece aquilo que não deseja e duvido que o Lauro, em sã consciência queira vê-la com outro homem enquanto ele acredita que você está em casa, por exemplo.

Você acha cômodo ter o Lauro a sua disposição para quando precisar de um ombro amigo, de uma ajuda qualquer, quem sabe até de um abraço. Você não quer deixa-lo, porque sabe que ele está ali, a sua disposição, a qualquer hora do dia ou da noite, e fará o possível e o impossível pela sua felicidade, que no fim acaba sendo a dele.

Existe uma corrente que defende que o Lauro não tem amor próprio, que ele deveria pensar mais em si mesmo e tantas outras coisas que considero uma solene bobagem. Penso que o Lauro fez a escolha dele e essa escolha, foi se apaixonar por você, foi se dedicar a uma pessoa. Talvez a escolha dele não tenha sido a mais acertada, apenas isso, mas ele está sendo ele mesmo. O Lauro não criou um personagem que age na calada da noite de forma sorrateira, ele não inventou uma vida paralela com codinome e roupa especial, ele simplesmente confia em você a ponto de não duvidar do que você diz. A questão é que você não diz tudo, você omite o que acha desnecessário contar, a verdade.

Ao mesmo tempo em que você “comemora” o fato de estar se divertindo com outro, se incomoda com o fato dele não perceber que está sendo traído. E lhe sendo bem sincero, o seu incomodo só acontece porque você sabe o tamanho do valor que o Lauro tem e teme estar jogando fora uma pessoa que se importa de verdade com você. Você não quer admitir que é dependente dele, que os outros só servem para que se convença ainda mais do quanto ele é importante em sua vida.

Que tal deixar o comodismo de lado, chamar o Lauro para uma conversa e terminar tudo? Seja feliz ao lado daqueles que hoje lhe divertem. Busque novos ares, novas relações, outras formas de ver a vida. O Lauro vai sofrer para caramba, mas um dia vai acordar, levantar da cama, lavar o rosto e seguir em frente.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Peça única

peca unica

Olhei com calma, analisei a peça, comparei mentalmente com várias outras que eu já havia visto antes e nenhuma delas me pareceu à altura, realmente eu estava diante de uma jóia rara, peça única. Ela estava assustada e com certa razão, eu compreendia o olhar tímido dela, a pele ruborizada e todos os outros sintomas que ela demonstrava estar sentindo. Talvez eu estivesse sendo invasivo demais, direto em demasia, mas realmente eu estava encantado com o que os meus olhos viam.

O vestido de alças finas realçava o seu colo, os ombros arqueados, a pele morena, os cabelos soltos, como se estivessem desarrumados, mas não estavam. Ela não estava linda, ela era linda e me chamou a atenção logo que entrou no salão. Estava sozinha, segurava uma pequena bolsa e sorriu discretamente para o garçom, que entendendo o sinal, foi à mesa e fez as honras da casa. Ela pediu ou foi agraciada com champanhe, nada mais apropriado. Pensei em lhe oferecer uma Clicquot, mas a Chandon que a acompanhava estava a sua altura.

Por alguns instantes pensei que ela estivesse aguardando alguém, alguém distinto o bastante para acompanhá-la, mas como ninguém apareceu, se atreveu, ou estava à altura, percebi que ela não era dessas que se deixava seduzir por um flerte barato, ela estava ali porque não precisava de homem algum para escoltá-la. Decidi que eu precisava, no mínimo, conhecê-la, saber que mistérios ela escondia.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Algodão

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Não do tipo doce, muito menos do tipo salgado. Também não pense no algodão convencional, o branco e macio, pense apenas em algo maior. O algodão como forma de expressão surgiu há tempo atrás, no antigo Egito, mas foi sendo esquecido e foi totalmente abandonado na década de vinte.

Há cinco anos a expressão voltou a ser usada, entrou, como dizem, na moda, mas o seu entendimento ainda suscita muitas duvidas. O algodão, como forma de expressão, pode ser usado de diversas formas, mas o seu uso mais comum é na indústria. Os homens preferem substituir o algodão, por alguma expressão equivalente, e as mulheres são as que mais fazem uso.

Hoje já há estudiosos que defendem a alteração nos dicionários, do verbete, para que seja também inserida menção a expressão e não apenas as formas mais conhecidas de algodão. Os contrários dizem que o termo é apenas um regionalismo, uma gíria, expressão popular e, portanto, não deve receber tanto destaque. Independente do seu uso, de suas características e do que representa, algodão para todos vocês também.

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Discurso falho

discurso falho

O meu discurso não se sustenta, também pudera, eu não acredito em nenhuma palavra que digo. O que sai da boca são bravatas, teorias datadas e sem o menor sentido pratico. Eu sou uma farsa completa, uma pessoa que se esconde atrás de uma imagem.

O melhor disso tudo ou seria o pior, é que com o tempo as coisas vão ganhando outra proporção, vão ficando maiores e mais incontroláveis. Há algum tempo que não sei mais o que é verdade ou o que é mentira dentro de toda essa história. O real confunde-se com o imaginário e o ser inventado, o super cara, o melhor ser humano do mundo, não consegue ajudar em nada o cara que todos os dias se atrapalha com as palavras.

A fantasia do personagem ideal, o sonho de ser o tal, suplanta os medos e as angustias por algum tempo, mas esse suposto efeito não dura para sempre. No momento em que é preciso encarar a vida real, olhar nos olhos das pessoas, a representação fantasiosa dá lugar ao covarde que não sabe o que fazer diante do horizonte que se descortina a sua frente.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Antibióticos do delírio

antibioticos do delirio

A garganta inflamou, perdi a voz e me encontro a base de pesados antibióticos. Caixas pequenas de cores foscas, mas com comprimidos dotados de alto poder de destruição. O corpo, que deveria agradecer, padece, pois a destruição não ocorre apenas nas bactérias, vírus ou sei lá o que os tais antibióticos deveriam combater. Eles destroem tudo o que veem pela frente e uma parte de mim, vai junto em prol de uma garganta em condições de uso.

O que não entendo, mas que também não procuro entender é como uma coisa pode estar ligada a outra. Em um dia você está bem, não comete excessos e no outro, está horrível e aí sim, que mesmo querendo, não pode cometer excessos. Penso que o corpo pode antecipar reações e só de saber que possíveis excessos seriam cometidos, já tratou de “travar” a garganta e ligar o sinal de alerta.

Com ou sem inflamação, a voz já não estava boa, mas ainda sustentava o dialogo. Agora, sem poder proferir palavras ao vento, sem poder discursar as bobagens do momento, dificilmente a socialização se dará com facilidade. Não sou bom na comunicação por sinais.

Importante salientar que a noite de sono foi exemplar, mas que o ideal seria acordar com um bom café da manhã. Não rolou, fica para a próxima, se houver próxima. Hoje foi a garganta, amanhã não sei o que será, mas espero não ter que tomar mais antibióticos, pois eles atrapalham e ferram com toda a minha capacidade de concentração. Hoje acordei dentro do sonho de ontem e com certeza, vou passar o dia tentando não entrar em um pesadelo.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Manual de instruções 3

manual de instrucoes 2

Eu curti, mas se você não curtiu, isso é outra história, porque é mais ou menos assim que isso acontece ou pelo menos que eu penso que as coisas acontecem. Não existe um manual de praticas aceitáveis para tudo aquilo que a gente pensa em fazer, existe sim, o momento, e na hora em que a coisa rola é que vemos o que fazer.

Cada momento é único e por isso mesmo, precisa de uma resposta e de uma ação única. Não dá para fazer nada achando que só porque deu certo em um momento, dará certo em outro. Então foi aquilo, eu curti e se houve reciproca, legal, se não, não há muito que fazer, temos que trabalhar aquilo que podemos. E será trabalhando o que podemos que vamos chegar a algum lugar ou vamos tentar pelo menos, fazer com que tudo aconteça.

Manual de instruções 2

manual de instrucoes

Eu curti e é isso, espero que você também tenha curtido, porque as coisas acontecem e a cada momento somos surpreendidos. Não há em lugar algum, um manual de instruções, kit de primeiros socorros ou coisa do tipo, que nos diga o que fazer em cada situação. Tudo vai acontecendo e pronto, você tem de agir de acordo com a sua intuição, com o que acha mais apropriado para o momento, seguindo seus princípios e suas crenças.

Não dá para inventar, improvisar ou usar de teoria barata, tem que fazer o que se sabe e da melhor forma possível. Quando o inesperado aparece é que você descobre se sabe ou não se virar, se todo aquele tempo “treinando” serviu para alguma coisa ou até melhor, se as horas perdidas de sono valeram a pena.

E não existe nada melhor que prepare para essas situações do que elas mesmas, por isso, você precisa viver, se lançar ao inesperado e aproveitar cada segundo. Com certa dose de irresponsabilidade, certa dose de cuidado, mas com muita vontade. O que não mata fortalece na medida certa, a medida necessária para lhe deixar pronto para quando a vida resolver lhe pregar uma peça.

domingo, fevereiro 15, 2015

Reconstrução

reconstrucao

- Passa a borracha em tudo e não se preocupe com mais nada
- Caso eu ainda queira me preocupar, isso vai lhe incomodar?
- Sim e não. Sim porque acho desnecessária toda essa sua preocupação e não porque já lhe pedi que não fizesse isso, mas não tenho como obriga-lo a nada.

E não tem mesmo!

Independente dos acontecimentos ele não conseguia deixar de pensar, não conseguia deixar de produzir imagens de todos os fatos, de todos os detalhes. Ela já o havia alertado sobre isso. O aconselhou o quanto pode, mas ele, a bem da verdade, é teimoso e jamais faria algo porque alguém disse que era isso que deveria ser feito.

Importante dizer que ele não se martirizou por isso, apesar de sentir as grandes pontadas no peito, dia após dia, pensamento após pensamento, momento após momento. Ela silenciou, fez pipocas e assistiu de camarote ao desespero dele em tentar achar respostas e fazer perguntas sem sentido. Ele sabia ser inútil insistir e ela sabia que ele por mais que tivesse consciência do quanto estava se matando aos poucos, iria continuar até não poder mais.

- Terminou?
- Existe um momento para este termino ou você está pedindo para que eu cesse o processo?
- Isso depende de você, mas já lhe disse, por mais de uma vez, que tudo isso não vai ajudar ou resolver seus problemas.

E não vai mesmo!

O que era apenas fantasmas vagando pela mente transformou-se em imagens quase que reais de tudo o que lhe assombrava. Seus maiores medos vieram à tona e a perturbação tomou conta do pouco de sanidade que ainda lhe restava. Ele sucumbiu.

O termino, como ela previu, veio sem maiores arroubos ou dramas. Ele caiu inerte e ali permaneceu até a manhã do dia seguinte, quando abriu os olhos e sorriu. Ela o esperava com as mãos estendidas e o ajudou a levantar, para que juntos pudessem caminhar e esquecer.

- Pronto?
- Você vem?
- Você sabe que não, por isso não se preocupe, pois você vai voltar e estarei aqui, para lhe reerguer tantas vezes quantas for necessário. É esse o processo, é essa a rotina e ambos sabemos que ainda será assim por muito tempo.

E será mesmo!

Tudo o que eu quero

tudo o que eu quero

Tudo o que eu quero não se encontra em qualquer lugar, não se compra, não se obtém de modo furtivo e não está disponível para qualquer um. Tudo o que eu quero se conquista, se ganha por merecimento e não por simples talento. Tudo o que eu quero é simples o suficiente para valer a pena como nada mais nessa vida. Tudo o que eu quero e posso conseguir, depende única e exclusivamente da medida de minha ousadia.

Tudo existe por alguma razão, mesmo que sem explicação, e é por isso, que o ter, o ser e o pertencer confundem-se. Os tão distantes ecos do passado sempre estarão à espreita de uma brecha para fazerem-se presentes. As canções que marcaram época, os Best Sellers, os grandes poemas, o que fica. Tudo o que a mente consegue guardar, lembrar e trazer a tona nos momentos em que tudo o que se quer é não pensar em nada.

Tudo o que eu quero não é sobreviver, mas sim fazer parte de algo maior, algo que está além das capacidades de qualquer um, até porque, eu não sou qualquer um.

sábado, fevereiro 14, 2015

A dor do parto

a dor do parto

Fui fazer balé. Balé, com sapatilha, meia calça e saia prensada. Nem sei para que a saia prensada se já tem o collant, pois no final das contas a saia atrapalha mais do que ajuda. Nunca fiz balé na vida, nunca fiz exercício algum, nunca fiz nada. Sempre fui daquelas de não fazer porcaria nenhuma nem para mim e muito menos para alguém. Louça, roupa, nunca lavei nada, nem um copo ou uma calcinha. Sou mulher, não nasci para os serviços do lar.

Balé, bendito balé. Posições impossíveis de serem executadas por uma pessoa normal. Ana Maria Botafogo é um ser de outro mundo, ela e todas aquelas do Bolshoi, como elas conseguem ficar na ponta dos pés daquele jeito, sem cair. No primeiro dia de aula já estou com os pés cheios de bolhas e não estou nem a meia hora andando de um lado para o outro. É sapatilha apertada, meia calça apertada, collant apertado, tudo apertado, como se consegue respirar usando isso tudo?

Começamos com o Placement, passamos para o Plié e seguimos para o Pointe. Quando cheguei no Pointe Tendu já não sentia as pernas, os braços e nem sabia onde estava. Pensei muito em como o mundo era injusto, em como as pessoas eram ingratas e pensei também em todo o trabalho que minha mãe teve para me por no mundo. Ela deve ter sofrido bastante, coitada e eu aqui reclamando de um simples Penché. Rasga daqui, puxa de lá, vira, revira e sai de dentro dela uma pessoa como eu, enorme, magra e chorona. Ela sim pode reclamar de alguma coisa. Eu no máximo posso largar esse troço de balé e pensar em tomar rumo na vida.

Imagem do post: Google

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Por cima do meu cadáver

por cima do meu cadaver

- Nada de casamento de novela, vestido branco cafona e banda de velhos. Quero bateria de escola de samba, mulatas de biquíni e muita agitação!
- Nem pensar que uma Almeida Bastos vai sair de biquíni desfilando por aí.
- E quem disse que vou desfilar pai? Só quero que meu casamento não seja como esses de novela, todo certinho, cheio de não me toques.
- O que você quer é manchar o nome da nossa família, você quer jogar na lama o brasão dos Almeida Bastos! Você tem noção do que está falando minha filha?
- Tenho pai e não quero ser igual a todas as minhas amigas caretas que entraram na igreja de branco com cara de paisagem. Quero alegria, quero ousadia.
- Você quer é uma surra de cinto, isso sim! Cadê o bosta do seu noivo que não vem lhe encher a cara de bolachas? Que tipo de homem ele é que deixa a noiva falar assim?
- Pai, os tempos hoje são outros, o machismo acabou, já queimamos os sutiãs.
- Podem ter queimado o raio que o parta, mas filha minha não vai me envergonhar na frente da sociedade de jeito nenhum!
- O senhor é que me envergonha e não é de hoje.
- O que você está dizendo Hermínia? Você está grávida? É isso, você embuchou e está inventando toda essa história para me poupar de um choque maior? Fale! Conte-me tudo, diga para o seu velho pai o que está acontecendo. Onde está o seu noivo? Ele não precisa ter medo de mim, pelo menos não enquanto eu não pegar a minha arma no armário.
- Pai! Eu não estou grávida!
- Então o que está acontecendo?
- Eu sou virgem pai e não vou ficar aqui discutindo com você essas coisas.
- Sua mãe, cadê ela? Glória! Glória! Onde está você mulher? Sua filha precisa de você, eu preciso de você!
- Pare de gritar, mamãe foi levar o João Carlos à escola.
- É isso, ela falhou, eu sabia. Eu deveria estar mais atento, deveria ter intervindo antes. Ela deveria ter conversado essas coisas com você, mas não, ficou mais preocupada com a novela e esqueceu que tem uma filha em casa. Agora minha filha quer casar de biquíni, como uma qualquer e ainda por cima pode estar grávida de um borra botas.
- Pai! Já te disse que não estou grávida. Você não consegue ou não quer entender que quero apenas algo novo. Chega dessa coisa convencional de sempre, desse papo de felizes até que a morte nos separe. Quero fazer do meu jeito, a minha maneira e ser feliz, só isso.
- É claro minha filha, quando eu morrer, você terá todo o tempo do mundo para fazer todas essas coisas, mas agora, enquanto eu estiver vivo, nenhuma Almeida Bastos vai se casar com porcaria de escola de samba nenhuma e muito menos grávida e de biquíni!

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Perdas, ganhos, olhos verdes e pesadelos

perdas ganhos olhos verdes e sonhos

À noite em claro faz lembrar detalhes de um passado que não se esquece. A insônia traz agonia, rostos, passagens, imagens, delírios. Faz pensar. O quão pequeno pode ser o mundo quando tudo o que se quer é que ele lhe leve para bem longe. O quão complexo pode ser o pensamento quando tudo o que se quer é não pensar. O quanto podemos resistir e emergir do oceano de loucura em que tudo se transformou.

Os ganhos antecedem as perdas ou as perdas vem após os ganhos? Não se perde o que nunca se teve ou não se ganha o que nunca se mereceu ter? As perguntas sem respostas, pois respostas são desnecessárias a estas perguntas, vão martelar a mente até que não mais se aguente. O que não pode ser sentido fica sem compreensão, pois quando o coração não bate, o peito não decifra a mensagem.

E assim se faz dia e continua a mesma agonia, o mesmo pesadelo, o mesmo desespero. Falta o sorriso sobra a lagrima, falta à coragem sobra o medo, falta aquilo que ser sobra o que se tem. O nada é o tudo de hoje, mesmo que amanhã esse tudo seja apenas lembrança.

Perdas, ganhos, olhos azuis e sonhos

perdas ganhos olhos azuis e sonhos

Tão mais fria do que ontem, tão mais quente do que amanhã. A noite se fez presente na janela do quarto, com a lua a iluminar os campos. Flores adormecidas, insetos em silencio, a madrugada contemplativa, e porque não, pensativa. Os restos daquilo que um dia foi inteiro já não incomodavam mais. Os restos, os cacos, os pedaços, as tentativas, as tratativas e tudo o que não tinha mais sentido, não assombravam a mente.

O corpo mesmo que ainda ressentido repousa e consente que novos tempos estão por vir, ainda há esperança no horizonte, ainda resta um pouco de sanidade naquilo que não se compara. Os dias difíceis tem sua razão de existir e não é para que aproveite os bons, mas sim para que aprenda a evita-los deixando de cometer os mesmos erros.

A intensidade da chuva é proporcional ao calor do sol. O brilho da lua é acompanhado pelas estrelas. Nada tão mais simples, nada tão mais singelo como um sonho bom, daqueles do qual não se quer despertar.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Eu gosto de gente que gosta de gente

eu gosto de gente

Em primeiro lugar eu gosto de gente e não de foto bonita de perfil. Gosto de quem olha no olho sem medo, que expõe sem segredos, que quer estar junto, que fala a verdade e sente, com sinceridade. Eu gosto de sorriso, abraço, beijo, mas tudo real, ao vivo e a cores, não virtual pela tela do computador ou do celular.

O ser humano não pode ser um perfil na rede social da moda ou um rosto escondido atrás de um e-mail. Pessoas reais tem coragem de falar o que pensam e não se ocultam das polemicas, não fogem do debate. Pessoas com alma, mais do que corpo, estão presentes independente de tempo, distancia, circunstancia.

E eu gosto de quem se interessa, quem se importa e que por isso, está ali, peito aberto oferecendo o que tem de melhor. O que não faz sentido é ainda existir quem tenha receio de se entregar, de gostar, de viver, de amar.

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Tempo ao tempo

tempo ao tempo

Hoje eu te falei que eu estava assim, tão apaixonado afim de mim, querendo ficar a sós com meus pensamentos. Pode até ser coisa de momento, rompante passageiro, mas é coisa minha, me deixa quieto e logo passa.

Nem tudo precisa ter explicação, há coisas na vida que suplantam a razão. Existem passagens, pequenas miragens e fatos que a gente não pode esquecer. Acontece que um dia o sol começa a brilhar e as nuvens negras que insistiam em ficar vão sumir e nunca mais voltar.

Dê tempo ao tempo, permita que a chuva molhe tudo. Não deixe de viver, pois esse mundo é feito para quem sabe lutar. Dê tempo ao tempo, insista e chegará aquele dia em que a vida será alegria, e então você vai sorrir.

Hoje eu te falei que eu estava assim.

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Selo de garantia

selo de garantia

O selo de garantia foi rompido e com isso não há nada mais que possa ser feito para resolver o suposto problema. Eu disse suposto problema porque não temos de fato um problema, uma vez que o selo de garantia foi rompido e com isso, o que seria, em tese, um problema, passa a ser um dano causado pelo proprietário. No momento da aquisição foi explicitada a questão do rompimento do selo de garantia, mas me parece que não houve a compreensão exata do que isso significava e, portanto, agora não há mais que possamos fazer. Obrigado pela compreensão e desculpe-nos qualquer transtorno ou incomodo.

Resolvida à questão, o tal selo que garante alguma coisa foi para espaço e esta merda não pode mais ser consertada, trocada, devolvida ou enviada para o lixão. Conseguimos o mais difícil, perdemos uma grana preta nesse troço e não temos mais o que fazer com isso. Menos mal que podemos usar de adorno, enfeite, sei lá, doar para uma instituição de caridade. O inferno isso, conviver com o descaso e a falta de sensibilidade. Um simples selo, a porcaria de um selo de papel brilhante, que sairia com um assopro. Alguém, eu, ou você, rompeu a porra do selo, rasgou o papelzinho de merda e pronto, estamos sem produto, estamos com ele quebrado dentro de casa.

Pensar que sonhamos tanto com isso, economizamos, deixamos de comer aqueles doces maravilhosos e pronto, estamos sem nada. A parte boa é que já sabemos que na próxima compra temos que evitar tudo que contenha um selo de papel como garantia, pois selos de papel não tem durabilidade suficiente. Podíamos ter exigido um selo de metal ou um lacre de segurança a prova de danos, mas não, aceitamos como veio e nos demos mal. Engraçado o selo que deveria garantir a integridade do produto ser frágil demais, como eles esperam que algo seja garantido desta maneira.

domingo, fevereiro 08, 2015

O ruim do gostar é o deixar de gostar

o ruim do gostar

Porque assim, não se faz uma omelete sem se quebrar os ovos, ou não se sente a dor do parto sem parir. A tal da chuva no molhado nada mais é do que a pura realidade. Quem realmente gosta de algo ou de alguém, mas neste caso vamos nos concentrar apenas no alguém, nas relações que envolvem sentimentos entre duas pessoas, não deixa de gostar assim de uma hora para a outra. O desgostar leva muito mais tempo do que o gostar e é doloroso por demais.

Existe todo um processo de reconstrução, uma idiotice de amor próprio com a qual eu não concordo, um quê de sofrer, uma diminuição do querer e fato, um monte de sabichões e entendidos querendo lhe dizer o que e como fazer. O certo é que ninguém sabe o que fazer para se deixar de gostar, ninguém tem a receita mágica ou o remédio mais indicado. Você só deixa de gostar quando já consegue ignorar qualquer pensamento ou coisa que lhe remeta ao passado.

Dizer que isso é uma “doença” ou algo a ser evitado, não ajuda em nada, porque ninguém faz porque quer ou sofre porque acha mais cômodo. Tudo vai acontecendo e segue uma sequencia logica, onde não se consegue apressar as coisas ou eliminar etapas. Os sintomas vão diminuindo ao longo do tempo e um dia desaparecem.

A parte boa do processo é que se descobre o tamanho do gostar, a medida do querer, pois quanto mais demorado for o esquecer, o deixar de gostar, mais intenso foi e é, o gostar. E não é apenas um dos lados que sofre, ambos sofrem, um mais do que o outro, mas isso tem haver com a intensidade e o tamanho do gostar.

sábado, fevereiro 07, 2015

Fim do mundo

fim do mundo

E no dia em que tudo foi abaixo, o mundo teve seu derradeiro fim, eu ainda não estava presente. Atrasei, como sempre, sou humano, cometo falhas, é normal. Não queriam me culpar pelo transporte publico, pelas obras em toda a cidade, pelos meus sapatos velhos e muito menos pelo mau humor reinante. O importante, é que tentei e quase consegui chegar no prazo. Tive sim alguns contratempos, talvez devesse sair mais cedo de casa, mas agora já era, Inês é morta.

O meu time de vôlei no ginásio era o melhor, não perdemos nenhuma partida enquanto eu joguei. Depois que abandonei o colégio soube que eles perderam o campeonato intercolegial e ficaram em último na seletiva para os jogos municipais. Cinquenta e cinco jogos sem uma derrota e foi só eu sair que eles começaram a perder tudo. Eu não sou tão bom jogador assim para fazer tanta diferença, por isso que não entendo como eles perderam jogos considerados fáceis, partidas em que não havia a menor chance de derrota. Eles perderam para o time do colégio de freiras, para o time da escola municipal e até para o meu time do novo colégio.

Pensar que hoje é o ultimo dia desse mundo que conheço desde que nasci me faz lembrar que me esqueci de pagar a conta de luz. Maldita companhia que envia as faturas pelo correio depois do prazo apenas para que paguemos a multa por atraso. Eles não ganham dinheiro com a conta, com nossos gastos, pois este dinheiro paga as despesas com o serviço. O dinheiro que sustenta a mordomia deles é o das multas que pagamos, por isso que eles têm um convenio com os correios para atrasar a entrega das faturas. Ganham eles e ganham os correios. Todo mundo ganha, menos eu e todos os que dependem dos serviços deles.

Fila para o fim do mundo? Benza Deus! Nem no céu, ou no inferno fico livre dessa praga.

- Isabel? Isabel é você?
- José?
- Isabel?
- José?
- Isabel?
- Você vai parar de ficar repetindo o meu nome?
- Vou, mas é que para mim isso tudo ainda é muito estranho, não estou acostumado com essa coisa de fim de mundo.
- Nem eu, estou aqui por acaso. Hoje era para eu estar em casa, estava de folga no trabalho e não sei por cargas d’água quantas resolvi sair de casa para resolver uns problemas no banco.
- Você continua a mesma, ainda frequentando agencias bancarias, ainda se estressando com caixas sexagenários e processos arcaicos. O lance hoje é usar a internet, pagar as contas on line do conforto da sua cadeira acolchoada. Menos a da luz, porque essa eles sempre enviam com atraso para que paguemos juros e multa.

E não é que o mundo acabou mesmo. E não é que não fui nem para o céu e muito menos para o inferno. Fiquei na terra, mesmo com o fim do mundo. Disseram que estava tudo lotado e que como cheguei atrasado iam me mandar de volta para recomeçar as coisas. Estranhei a conta de luz chegar antes do vencimento, mas esta valendo, vai ver nesse novo tempo vou conseguir colocar ordem nessa bagunça. Seria bom ter mais alguém comigo, mas a solidão não está de todo ruim e agora deixa eu correr aqui senão chego atrasado na volta para casa.

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Está faltando a porra do querer

esta faltando a porra do querer

“Eu quero você!”

“Eu quero te ver!”

“Eu quero ficar com você!”

Eu quero! Pronto, é mais ou menos isso, e está muito em falta por aí. Ninguém mais quer nada, mas ao mesmo tempo reclama que não tem aquilo que não quer. Não tente entender, você não vai conseguir e é por isso, por conta dessa dualidade besta, que as distancias vão aumentando.

Deveria ser simples, mas falta vontade e sem vontade não se vai a lugar algum. Faz-se muito rodeio, dá-se muita volta e acaba-se perdendo oportunidades preciosas de fazer o que se quer, com quem se quer ou do jeito que se quer. Não há a coisa do medo, essa fase já foi. O que realmente pega e onde as pessoas pecam, é em não dizer aquilo que se pensa, em não exercitar o querer.

Há um que de egoísmo nisso tudo, algo até meio que infantil, de criança mimada, mas no fim das contas a decisão é compartilhada. O seu querer não suplanta o querer da outra pessoa e ambos, querendo, fazem acontecer. Alguém precisa iniciar o processo, alguém precisa querer primeiro para despertar o querer do outro e é nessa hora que as coisas emperram e tudo para.

O querer vem sendo colocado de lado, as relações vem sendo relegadas há dias “especiais” e os sentimentos tem sido abafados, ignorados, até que morram por completo. A superficialidade é tanta que até um abraço só acontece por força das convenções.

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

A joia mais preciosa

a joia mais preciosa

“Amanhecer ao seu lado é sonhar acordado”

Foi com essa frase, escrita em um bilhete, preso no espelho do banheiro, que ela despertou. Suspirou baixinho, sentiu o coração apertar e sorriu discretamente como quem saboreia uma doce conquista. Ela estava apaixonada como nunca esteve em toda a sua vida e ele, realmente sabia como fazê-la sentir-se especial.

Aquela noite teria sido como tantas outras, não fosse o fato de que eles dormiram juntos pela primeira vez. Há um mês eles já se encontravam, conversavam, namoravam, mas ainda não haviam tido a oportunidade de compartilhar da mesma cama. A agenda apertada, a família, os desencontros, o começo de relação e uma série de coisas fizeram com que o momento fosse adiado até aquela noite, aquela mágica noite.

A lua cheia no céu parecia ter sido posta lá de forma meticulosa para iluminar ainda mais aquela noite. Ele escolheu um bom restaurante, não o mais caro, nem o mais barato, apenas um restaurante a altura do sentimento de ambos. Ela não comprou roupas novas ou fez o cabelo, queria ser ela mesma, aquela que ele conheceu, sem tirar e nem por. Ele vestiu sua melhor camisa, usou o perfume com discrição e foi mais cavalheiro possível.

Não beberam vinho. Ela pediu um suco. Ele estava nervoso, pediu uma dose de vodca e depois água com gás. Ela comeu um peixe e ele preferiu um risoto. Conversaram pouco no jantar, dispensaram a sobremesa e saíram de mãos dadas caminhando devagar até o estacionamento.

Já no carro trocaram um beijo. Ele começou umas caricias, mas logo foi interrompido, com jeito, por ela, que achou melhor não ficarem muito tempo por ali, afinal eles ainda teriam uma noite inteira pela frente.

A cama estava perfumada, pétalas de rosas caídas pelo chão davam um ar romântico ao quarto e as luzes, discretas, iluminavam a silhueta do casal. Eles mal conseguiam disfarçar o nervosismo, ela um tanto quanto tímida, esperou que ele lhe ajudasse com as roupas e ele, mesmo com alguma falta de tato, foi preciso nesta hora.

Em questão de minutos seus corpos já haviam tornado-se um. A respiração ofegante de ambos era o único som a ser ouvido e como fosse aquela, a única vez, eles se amaram sem pressa, com desejo e principalmente, com paixão. Ela adormeceu nos braços dele depois de horas de prazer e ele apenas limitou-se a protegê-la, pois ela era a sua joia mais preciosa.

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Migalhas

migalhas

Alimento-me das migalhas, sobrevivo com as migalhas, contento-me com o que sobra, alegro-me com o que resta. Ignoro as próprias falhas, sigo na direção contrária, vivendo apenas de migalhas, restos do que ninguém mais quer.

Tudo na vida são escolhas e eu escolho as migalhas, os restos que todos desprezam, aquilo que está ali jogado para qualquer um. Sou ser humano em sentimento, carne, osso e lamento. Sou isso que você não vê e o que você mesmo assim consegue desprezar.

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Prazer de viver

prazer de viver

- Começou?
- Sim, vem correndo.
- Não estou com vontade de ver, obrigado. Vou deitar um pouco, descansar e quem sabe mais tarde não fazemos algo.
- Mais tarde? Descansar? Não quer ver? O que está acontecendo?
- Não está acontecendo nada, apenas não estou muito a fim de ver.
- Até cinco minutos atrás você estava super animado, contando os segundos e agora perdeu o tesão?
- Acontece.
- Não, não acontece!
- Porque não acontece? Não posso mudar de ideia?
- Pode se fosse algo normal, natural, mas não é! Você nunca foi assim, nunca teve essas atitudes, essa coisa de desmotivação. Não estou mais vendo em você aquilo que vi na primeira vez. Seus olhos não brilham mais, parece que você perdeu o prazer de viver.
- Prazer de viver, você sabe o que é isso?

Viver com prazer é fazer das coisas simples algo importante, é apreciar os momentos, sejam eles quais forem. É acordar com aquela preguiça boa, mas mesmo assim não reclamar da segunda feira ou da chuva lá fora. É trabalhar sem pensar apenas no salário do final do mês ou nas férias do meio do ano, é gostar do que se faz.

O prazer de viver não está nos livros, manuais, programas de tv ou apenas naquilo que se vê. Tem prazer de viver os que amam sem medida, os que sentem sem medo e todos os que conseguem com naturalidade, sorrir.

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Quem é sabe

quem e sabe

Quem não é também sabe, mas talvez não se de conta disso.

Os fatos que antecedem a tudo são tão singelos que quase passam despercebidos pela maioria, mas felizmente, alguma força superior ou coisa do tipo, não permite que isso aconteça. É isso que faz com que as pessoas tenham a compreensão do que vai acontecer no próximo passo. Um pé de cada vez, um atrás do outro e é assim.

A vida caminha a passos largos e sempre que possível devemos considerar o fato de que em alguns momentos daremos dois ou três passos para trás. Paradas também serão válidas, atrasos não devem ser vistos como algo sim, mas sim como um evento que faz parte da caminhada.

O tempo é amigo, não inimigo. Andar sempre em linha reta parece ser mais fácil, ao mesmo tempo em que é mais entediante. Aceitar não significa se conformar, mas sim saber o que todo mundo sabe, mesmo que não se de conta disso.

domingo, fevereiro 01, 2015

Apaixone-se 2

apaixone-se

Apaixone-se por alguém que te olhe nos olhos como se fosse a primeira vez e não como se fosse a ultima. Apaixone-se por alguém que te queira bem, que te abrace com vontade, intensidade e verdade. Apaixone-se por quem descubra os seus segredos e lhe conte seus medos.

Simplesmente apaixone-se!

Esqueça o antes, não pense no depois, apenas concentre-se no durante. O momento é mais importante do que todo o resto. O sentimento tem que valer a pena e não porque a vida é curta ou a alma é pequena, mas porque é ele que transforma tudo.

 

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