domingo, dezembro 18, 2022

Daniela 5

- Usa muita farinha, mas só o suficiente para desgrudar das mãos. Azeite, o quanto baste para dar sabor. Ervas frescas, castanhas, nozes e pronto! Temos então o tão famoso prato surpresa!

Fato é que nem sempre as coisas são tão fáceis assim. Não basta apenas misturar as coisas e aparece um prato pronto. Tem que saber a medida exata, o ponto certo e o momento de acrescentar cada ingrediente.

Não basta só amor sem uma dose de cumplicidade. Não basta só desejo, tem que ter carinho. Não adiantam muitas risadas se não houver respeito. Uma relação deve ser pautada pela compreensão de que momentos ruins também vão acontecer.

Achar que tudo serão flores o tempo todo, é se iludir achando que a receita sempre dará certo. Preparos podem queimar, passar do ponto, terem excesso de sal ou falta de tempero.

Relações podem desandar se o casal não estiver no mesmo compasso, em uma mesma sintonia.

- Amor, por favor, veja se o frango está pronto.
- Mais quinze minutos e já podemos servir.
- O molho já está pronto, vou pôr a mesa.
- Perfeito! Te amo Marcos Almeida!
- E eu te amo muito mais Daniela Freitas!

Imagem do post: pexels.com/Cup of Couple

sábado, dezembro 17, 2022

Claudia 5

Esquece tudo, ignora os fatos, esconde o rosto atrás da cortina e chora. Derrama suas lagrimas com vontade, sem medo, sem amarras, apenas chora.

Liberta tudo o que está preso por tanto tempo dentro do peito. Deixa o sentimento falar mais alto. Tira toda a dor que sufoca, se solta e perde o medo de expressar tudo o que você não deveria ter vergonha de expressar.

Larga mão das convenções, dos padrões e de tudo aquilo que impõe como sendo o melhor a ser feito. Faz o que tem vontade e vai ser feliz. Vai viver a vida como você sempre quis.

Lágrimas libertam e você precisa da liberdade para voar.

Imagem do post: pexels.com/Nida

sexta-feira, dezembro 16, 2022

Cristina 2

- Tudo o que é meu é seu.

- Quase tudo.
- O que não é?
- O Audi!
- O meu carro? Ele também é seu.
- Não.
- Como assim?
- Não se faça de desentendido.
- Você tem a sua BMW, não precisa do Audi e além do mais ele está disponível sempre que você precisa.
- Só não é meu.
- Quer trocar a sua BMW por um Audi? Qual o problema com o seu carro.
- Nenhum, apenas nem tudo o que é seu é meu.

Imagem do post: pexels.com/Lokman Sevim

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Carolina 5

Trinta e cinco anos, dez dias e três horas.

Hoje inicia-se uma nova primavera em minha vida. Uma primavera muito aguardada, desejada e única. Esperei por trinta e cinco anos para poder acender as velas do meu bolo de aniversário de trinta e cinco anos.

Exatamente no dia em nasci minha mãe prometeu ao meu pai que com trinta e cinco anos eu estaria pronta para o mundo, seria uma mulher bem-sucedida, casada e com lindos filhos.

Graças a Deus ela errou em tudo, ou quase.

Acordo cedo, antes das seis. Preparo uma vitamina, banho, roupa e condução. Não sei dirigir e nem quero aprender. Locomoção é o menor dos meus problemas.

Fico no trabalho até as oito da noite e quando saio já começo a pensar nas matérias do dia. Hoje, dia do meu aniversário, é a revisão de matemática.

Quando o sono deixa estudo até a meia noite, quando não vou até onde dá. Concurseiros tem que estudar todos os dias, não tem jeito.

Queria que minha mãe estivesse certa ao menos na parte de ser bem-sucedida. Não que eu não seja, mas acho que poderia ter um emprego menos cansativo e uma casa perto da praia.

Dispenso a parte dos lindos filhos e do casamento. Amo a solidão que conquistei nesses trinta e cinco anos.

Imagem do post: pexels.com/Ana Bregantin

quarta-feira, dezembro 14, 2022

Carla 6

Tem nome que não precisa ser dito, só sentido.

Tem nome que não tem explicação.

Tem nome que não está no dicionário.

Tem nome que só de ouvir sentimos que é especial. Nome que não se deve dizer, que não se explica e não está nos livros.

Carla, a seu dispor.

Imagem do post: pexels.com/Mikhail Nilov

terça-feira, dezembro 13, 2022

Cibele 2

Linda, leve e solta na pracinha. Prazer Cibele!

Faço de tudo um pouco e umas outras coisinhas a mais. Simples. Tem que oferecer qualidade para justificar o preço.

Fullstack, mas se for preciso só Front end ou só Back end, tudo de acordo com o freguês. Ele paga, ele pede, eu executo.

Difícil são as especificações, o escopo e todo o desenho do projeto. O cliente não entende o básico, não é obrigação dele, mas ajudaria se ao menos soubesse exatamente o que quer.

Trabalho solo, não tenho equipe e nem faço parte de nenhuma software house, coisa que inclusive não gosto muito. Nada contra as casas de padronização, mas gosto de fazer de forma autoral e única. Não tem coisa pior do que um monte de par de jarras instalados por aí.

Já me dividi entre muitas linguagens, programei em quase tudo o que existe até que estacionei e não fico mais rodando por aí. Hoje uma das coisas mais difíceis é se manter atualizada, pois a cada dia surgem novos processos, novas linguagens, novos dispositivos e jeitos de se fazer de forma mais simples o que antes levávamos dias para entregar.

Eu sou garota de programa sim e com muito orgulho!

Imagem do post: pexels.com/Ekaterina Bolovtsova

terça-feira, dezembro 06, 2022

Camila 6

- Puta que pariu porra!
- Que isso Camila? Palavrão assim de forma gratuita, sem nenhum motivo?
- Fala com o bosta do redator, pois ele é quem estava sem ideias e resolveu que era uma boa ideia começar justo o meu texto desta forma.
- E você embarcou na dele assim sem questionar?
- Eu? Você está ligado que sou só uma personagem, que eu não existo na vida real?
- E o que isso tem a ver com o fato de você ter sido permissiva com esses palavrões gratuitos?
- Fala sério, talvez tenha sido por isso que ele começou com um palavrão. Deveria ter posto um agora, mas acho que ele quis te poupar.
- Primeiro era culpa do redator, agora é você que está querendo falar palavrão.
- Como vou responder aos seus questionamentos idiotas se não for com um belo de um palavrão?
- De forma educada e cordial.
- De forma educada e cordial só seu eu mandar você ir catar coquinho.
- Quinta série?
- É o redator! Quando precisa de um palavrão ele não coloca.
- Chega! Esquece o que eu disse e segue com esses seus delírios. Só torce para o redator não piorar as coisas para você.

Imagem do post: pexels.com/Wesley Carvalho

segunda-feira, dezembro 05, 2022

Bruna 6

É uma perda de tempo procurar a Bruna no elevador de carga, pois ela quando sai para almoçar demora. Fica horas passeando pelas lojas, se perde nas vitrinas e até, às vezes, esquece de voltar.

Mais perda de tempo ainda é querer que ela mude, que ela perca suas manias, seus vícios, seus defeitos e principalmente suas qualidades. Quem conhece Bruna sabe do que ela é capaz e por isso mesmo, prefere que continue assim.

Impressiona o fato dela ser ao mesmo tempo tão concentrada e tão desligada. Ela é uma das poucas que consegue virar a chave. Liga e desliga no automático.

Ela pode estar fazendo um longo discurso sobre física quântica e do nada lembrar que não pagou o financiamento do carro. Ela pode fazer um excelente guisado e de repente comer um hambúrguer na esquina. É oito ou oitenta. Não tem meio termo.

Por ser assim linda e ogra ao mesmo tempo, por não pensar muito antes de agir e principalmente por sorrir ao menor sinal de dificuldade, é que ela vai ser sempre a dona do coração de todos.

Imagem do post: pexels.com/Zero Pamungkas

domingo, dezembro 04, 2022

Bianca 6

E tudo não passou de uma eterna brincadeira de verão. Dois finais de semana agitados, inesperados e, por que não, bons.

Perdi tempo fazendo contas e pensando em tanta coisa que até nem sei se de verdade gostaria que desse liga. Deu. Foi ali, o momento e só.

Deixamos de viver por conta de tanta coisa que está em nosso subconsciente, pré-conceitos, preconceitos, conselhos errados e principalmente medos infundados. Então ter acontecido, mesmo sendo só por dois finais de semana, foi ótimo.

Nunca foi segredo para ninguém que eu queria o príncipe no cavalo branco, mas ele tinha que gostar de Netflix, sorvete de morango e War. Também não era segredo para ninguém que eu estava enjoada desses caras superficiais das baladas, barzinhos e festas por aí.

É o amigo de fulano que já namorou ciclana, estudou na Mackenzie e trabalha na Faria Lima. Ou então é irmão da sua amiga de infância, aquele que quando vocês eram crianças fazia piadinhas do seu cabelo, mas que agora era todo fitness, trabalhado na granola.

O príncipe ainda não apareceu, mas do nada pintou aquela viagem para o nordeste, aquele passeio as praias famosas do local e conheci o Zeca. Papo nada a ver, energia boa, um mergulho aqui, outro ali, beijo bom, química e é isso.

Há tanto tempo que eu não tinha dois finais de semana tão bons assim.

Imagem do post: pexels.com/Joabson Rocha

sábado, dezembro 03, 2022

Bárbara 6

- Um circo de horrores...
- Sim e mais um pouco.
- Foram anos disso e agora todo esse frenesi por meia dúzia de garrafas.
- Medo, muito medo.
- Ah, isso eu não tenho. Foi-se o tempo em que eu me assustava com crendice.
- E quem falou que é crendice?
- Ninguém, mas seis garrafas nunca mataram ninguém.
- E nem vão matar.
- Deixa eu ir que lá vem ele.

Bárbara trabalhava no banco, caixa a mais de quinze anos e na hora do café aproveitava para prosear com a Leila, auxiliar de cobrança.

O sonho de Bárbara era passar para o INSS e ela já ia para o quarto concurso. Nas três primeiras vezes não passou por pouco e nessa ela tinha convicção que estava pronta de fato.

- Dei duro. Gabaritei vários simulados, estou fera no direito administrativo e acho que até, depois de passar, posso dar aula em cursinho.
- Vai sim. Você merece pelo esforço que está fazendo.
- E você? Não pensa em largar esse banco?
- Penso, mas não agora. Estou perto de bater vinte anos e quero abrir um pizzaria ou quem sabe um café.
- Não é arriscado?
- Tudo é Bárbara. Você também corre o risco de não passar.
- Deus me livre.

Além de caixa no banco e estudante para concurso ela ainda fazia doces. Aos finais de semana, quando dava, vendia seus brigadeiros enfeitados para os vizinhos do condomínio. As vezes fazia bolos, mas o forte eram os brigadeiros e doces com nozes, daqueles caramelados.

- Você nunca mais trouxe aquele red velvet.
- E tempo?
- Imagino.
- Mal consigo respirar quando chego em casa. São as coisas para ajeitar, roupa para lavar, lixo e o mínimo tempo que sobra estudo mais um pouco.
- E você não pensa em abrir uma doceria?
- Até pensei uma época, mas comercio não é comigo. Gosto de fazer os doces, mas tem hora em que enche o saco. Isso sem falar no preço de tudo.
- Agora tem até leite condensado genérico.
- E não presta. Caí na besteira de comprar porque estava barato e joguei um cento de doces fora porque ficaram uma porcaria.
- Eu comia assim mesmo.
- Não dá ponto, não tem a mesma consistência. Um desperdício de tempo e dinheiro.

Imagem do post: pexels.com/ Julia Malushko
 

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