Corri para caralho! Porra estou toda fudida! Nem sei como aguento.
Treino é sagrado e sem ele não sou ninguém.
Acordo as cinco, banho gelado, roupa apertada, tênis no pé e
rua. Dez quilômetros quase todos os dias, exceto naqueles em que as condições
climáticas não permitem, como hoje.
Fiz oito quilômetros e estou exausta.
Ontem foi o aniversário do Joel e todo o escritório foi.
Duas garrafas de espumante depois eu já estava longe, nas nuvens. Sai de lá
assim que deram chance. Peguei um Uber e capotei na cama assim que cheguei em
casa.
Acordar de ressaca é foda, mas faz parte. Quem bebe já sabe
que acontece, então não tem do que reclamar e nem o que questionar. É levantar,
tomar um banho frio, respirar fundo e seguir.
A camisa rasgada do filho da mãe ainda está aqui, jogada na
gaveta. Nem doar para a caridade eu posso porque não vou dar roupa rasgada para
os outros. Tudo bem que fui eu quem rasguei quando as coisas esquentaram no
sofá, mas não é por isso que tenho que dar outra para ele.
Saímos duas vezes no último mês e ele já estava achando que
era namoro, vê se pode. Por mais química que a gente tenha um relacionamento
não se faz só com sexo, tem que ter mais coisas.
Não gostamos das mesmas séries, ele não come carne, só bebe
cerveja, quer dormir no meu lado da cama e ainda por cima é desprovido de pelos
no rosto. Não que tudo isso tenha tanta importância, mas quando acabar o sexo,
o que vai sobrar?
Noves fora zero a próxima é sempre a melhor.