- São os rastros dessa vida tão cigana. São os momentos em
que já não mãos sabemos. É o tempo todo o vício nos queimando, apertando o
peito e dando aquela tão estranha e sufocante sensação.
- É tudo isso e mais um pouco...
- Tem dias em que penso que não vou aguentar, aí vem uma força não sei lá de
onde que me compele a seguir.
- E foi essa força que te trouxe até aqui?
- Porque não?
- Porque seus olhos não me dizem isso. Diante de mim vejo uma mulher frágil,
distante, amargurada e descrente de sua força.
- Então não vemos a mesma coisa.
- Você não enxerga. Não quer ver. Entendo, mas considero uma perda tempo o que
estamos fazendo aqui.
- Simples, encerramos e pronto. Quanto lhe devo?
- É assim? Só isso? Acabou e pronto?
- Não se trata de acabou e pronto. Você tem uma opinião formada a meu respeito
e pelo visto não vi mudar, então, como você disse, não vamos mais perder tempo.
- Minha opinião é baseada no que estou vendo. Você criou uma barreira e não
permite que tentem te ajudar. Uma pena.
- Uma pena que pense assim.
- Estou aqui como profissional, não como um amigo. É meu dever fazer o
diagnóstico sem influencias, mas você é livre para buscar a orientação que
julgar melhor.
- Obrigada! Amanhã às nove?
- Estarei aqui.
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