É isso aí

Preparei uma roda de samba
Só prá ela
Mas se ela não sambar
Isso é problema dela
Entreguei um palpite seguro
Só prá ela
Mas se ela não jogar
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema só dela...

Tô cansado de andar por aí
Curtindo o que não é
Preocupado em pintar
Na jogada que dá pé
Só que tem
Que eu tô numa tão certa
Que ninguém me diz
Quem eu sou
O que devo fazer
E o que eu não fiz...

Separei um pedaço de bolo
Só prá ela
Mas se ela não provar
Isso é problema dela
Inventei na semana um domingo
Só prá ela
Se ela for trabalhar
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Esse é problema é só dela…

Tô cansado de andar por aí
Curtindo o que não é
Preocupado em pintar
Na jogada que dá pé
Só que tem
Que eu tô numa tão certa
Que ninguém me diz
Quem eu sou
O que devo fazer
E o que eu não fiz...

Comprei roupa
Sandália e um sapato
Só prá ela
Mas se ela não usar
Isso é problema dela
Aluguei uma roda gigante
Só prá ela
Mas se ela não rodar
Isso é problema dela...

Isso é problema dela
Isso é problema dela
Isso é problema dela
Esse problema é só dela...

Sidney Miller

O que não posso

Eu não prometo o que não posso cumprir, eu não me comprometo com o que não vou conseguir fazer. Eu mudo, mas não dou para trás no meio do caminho e nem na borda do precipício.

Dificilmente me programo para qualquer coisa, o que quer que seja e refugo na hora h. Quando digo sim, eu o falo com letra maiúscula e convicção.

Não posso, não quero e não vou, com este texto, criticar quem quer que seja porque cada um sabe de si e tem seus motivos para fazer aquilo que lhe for mais conveniente. Se eu faço as coisas de um jeito, se sou de uma maneira distinta, isso é um problema meu e por mais que me chateie, entendo que como minha sabia mãe dizia, ninguém nasce agarrado com ninguém.

Quando se quer muito uma coisa ou quando se cria expectativa demais em torno de algo, as chances de frustração são enormes. Essa frustração é única e exclusivamente minha e de mais ninguém. Eu a criei alimentei e fiz com ela tivesse força suficiente para me atingir.

Mais uma lição para o caderno, mais um ponto a ser observado e evitado nas próximas vezes. Cabeça para cima, bola para frente, sorriso no rosto e vida que segue.

E você se foi

Fazem exatos dois anos que tudo terminou. O castelo desmoronou e seguimos cada qual seu inevitável destino. Você Grécia e eu Madri.

Não gosto de pensar no passado como algo que aconteceu, passou e acabou. Gosto de pensar no passado como um livro que tem uma linda história e que como toda a história tem um fim. O nosso livro tinha capa dura e detalhes em dourado, foi escrito com carinho a quatro mãos e terminou porque tinha de terminar.

Contando assim para quem não leu fica difícil narrar com precisão as passagens e os diálogos interessantes que marcaram cada capítulo. Você foi especial demais para mim e me alegro toda vez que um capítulo de nossa história vem a minha mente. Lembrar dos nossos sonhos e loucuras me da animo e uma vontade louca de reescrever o mesmo livro com você. Pena que não dá mais.

Como é mesmo o nome dele? Não me conte, não quero chamar pelo nome o novo co-autor da sua história. Prefiro chamá-lo de um desses que lhe conquistou com um sorriso, mas que não vai fazer com que você esqueça aquilo que fizemos durante o tempo em que eu olhava em seus olhos e dizia que te amava.

Eu estou bem e obrigado por não perguntar, acho que você se importa a sua maneira, e não querer saber de mim é a sua maneira. Faz parte e você tem todo o direito de tentar me esquecer, mesmo que isso seja impossível.

Eu também tentei e não consegui. Agora não quero mais tentar, vou deixar o tempo apagar o que restou e seguir em frente.

Caminhos de sol

Sem você a vida pode parecer
Um porto além de mim
Coração sangrando
Caminhos de sol no fim

Nada resta mas o fruto
Que se tem
É o bastante pra querer
Um minuto além
Do que eu possa andar
Com você

Te amo e o tempo
Não varreu isso de mim
Por isso estou partindo
E tão forte assim

O amor fez parte
De tudo que nos guiou
Na inocência cega
No risco das palavras
E até no risco da palavra
Amor

Herman Torres e Salgado Maranhão

Saco de pancadas

Isso dói muito e poucos sabem o quanto. Não há ser humano que resista a tanta pancada.

Eu me cansei de apanhar, me cansei de sofrer e de me iludir achando que tinha chance de vencer lutas perdidas. Joguei-me varias vezes contra o muro e o máximo que consegui foi um band-aid, um monte de ossos quebrados e o coração partido.

Para que lutar contra o que não se pode vencer? Para que entrar em uma briga perdida? Apenas para ter o prazer de dizer que pelo menos tentou?

O corpo todo dolorido, a cara toda arrebentada, o cerebro em frangalhos com os pensamentos a mil e você com aquela cara de idiota sorrindo e dizendo: “Eu tentei. Sabia que não ia conseguir nada, que ia me ferrar de novo, mas eu tentei.”

Desculpem-me, mas prefiro não mais sofrer desilusão, prefiro a solidão sem dor. Não quero ser o saco de pancadas querido e preferido de todos.

Medo? Acho que apenas acumulo de decepções comigo mesmo. É sempre a mesma coisa e no fim quem fica estirado, perdido em pensamentos e tentativas de voltar a ser o que era antes sou eu e mais ninguém.

Eu não desisti, mas não quero e não vou apanhar de graça. Muito menos por alguém que não mereça.

Não preciso dizer

O ruim da coisa toda é que você nunca vem e eu acabo esperando demais. O ruim da coisa toda é que sou impaciente e por isso, sempre que você demora eu me apresso em desistir.

Quando vou embora muita coisa acontece e só depois que você chega é que as coisas voltam ao lugar de onde nunca deveriam ter saído.

Tenho visto tanta gente por aí que nem mais sei em quem acreditar. Tenho ouvido tanta coisa por aí que nem mais sei no que acreditar. Continuo confiando em nós e naquilo que fazemos embaixo dos lençóis.

Não preciso dizer que te amo...

Ainda bem – Video Clipe Oficial

Ainda bem

Ainda bem
Que agora encontrei você
Eu realmente não sei
O que eu fiz para merecer
Você
Porque ninguém
Dava nada por mim
Quem dava, eu não tava afim
Até desacreditei
De mim
O meu coração
Já estava acostumado
Com a solidão
Quem diria que a meu lado
Você iria ficar
Você veio pra ficar
Você que me faz feliz
Você que me fez cantar
Assim
O meu coração
Já estava aposentado
Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado
Tudo se transformou
Agora você chegou
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim

Marisa Monte e Arnaldo Antunes

Vem 2

Eu poderia ter dito não, mas optei pela facilidade do sim em detrimento daquilo que acredito. Você não me pediu nada e muito menos me ofereceu coisa melhor. Apenas perguntei seu nome e você me disse seu sobrenome.

Conhecemos-nos ao acaso, nos encontramos por querer e ainda insistimos nisso que muitos chamam de amor, porque não sabemos outra coisa fazer senão amar.

Chamam de loucos aqueles que ousam ir contra as teorias reinantes... E ainda nos chamam de tolos porque acreditamos que é possível, mesmo ante ao ceticismo reinante. Ainda temos fé e é essa nossa fé que vai nos levar onde queremos.

Acompanha-me ou vou seguir sozinho? Não preciso dizer que preciso muito de você ao meu lado...

Quem sabe o amanhã

Passando pela rua a caminho do trabalho, um habitante da mesma perguntou: "Quem sabe o amanhã?”

De pronto respondi apenas para mim: "Eu não sei o amanhã, ninguém sabe o amanhã e quem diz saber se engana tal e qual a cigana.”

Pensando em minha reposta e ainda caminhando, vi que estou errado. Todos sabem o amanhã e ele é construído por nós mesmos todos os dias, em um moto continuo. A cada adormecer e não somente a cada amanhecer.

Se levarmos para a cama magoas recorrentes, assuntos não resolvidos, amores não declarados, estaremos fermentando a angustia dentro do peito. Quando amanhecer aquela angustia retida terá se transformado em um tijolo imperfeito, oco e sem valor. E é justamente esse tijolo que fará parte da construção do nosso amanhã.

Com vários tijolos imperfeitos, ocos, teremos um amanhã frágil e pronto a desmoronar a qualquer instante. Aí de nada adiantarão as lamurias e tentativas vãs de reconstrução, pois o tempo perdido demora a ser recuperado.

Quem sabe o amanhã são aqueles que o constroem sólido todos os dias, não guardando magoas e rancores. Não sofrendo por amores impossíveis, não deixando para amanhã o beijo de hoje e muito menos fazendo as coisas apenas porque tem de serem feitas.

Nós a cada gesto e atitude sabemos o amanhã, portanto, não se desculpe depois pelos erros de hoje.

Teoria e prática 3

Não basta conhecer o corpo humano, biologicamente falando, ou ser letrado em todos os pontos de pressão mais indicados para a hora H, se no momento em que você precisar de tudo isso seus conhecimentos não servirem para nada. E saiba, isso vai acontecer, porque eles realmente não servem.

Especialistas são apenas isso mesmo e nada mais. Eles se especializam em uma coisa que julgam fazer como ninguém mais faz, mas se esquecem, na maior parte dos casos que em relação ao sexo é a pratica que conta.

Cada pessoa reage de forma diferente a estímulos diferentes e em sendo assim, todo aquele seu conhecimento teórico de nada lhe adiantará se não for posto em prática com o maior numero de vezes possível. Se você estiver em um relacionamento sério essa pratica deve acontecer ainda com mais freqüência para que você descubra as reações e os estímulos que funcionam com o seu par.

Parece simples, é simples, mas ainda temos pessoas que confundem as coisas achando que o que funciona com um vai funcionar com todos. De certo essas pessoas leram aquele livro que se propõe a ensinar a enlouquecer alguém na cama em algumas lições e ávidas por demonstrar todo esse “conhecimento” adquirido através da leitura, perdem horas tentando entender o porquê ela ou ele não se excitou com aquela massagem no cotovelo. Segundo o livro ela deveria provocar arrepios e espasmos ininterruptos.

Outra fonte furada de conhecimento, muito usada nos dias de hoje, são os filmes pornôs. Eu custo a acreditar, mas realmente existem pessoas que assistem aos filmes na esperança de tirar deles algum ensinamento que possa ser utilizado fora das telas. Acho que o único ensinamento que pode ser tirado de um filme pornô é: “Não tente repetir isso em casa!”

Filmes pornôs são feitos por atores, que gravam várias seqüências sob os olhares atentos do diretor e de mais um monte de gente. A performance do ator, de horas a fio, é conseguida a base de muitos cortes de cena, pomada japonesa e em alguns casos remédios contra a impotência. A atriz que nada sente, mesmo depois de quase ser virada do avesso, também toma as suas doses de analgésicos para suportar o entra e sai continuo.

Aí alguém ainda tem a coragem de achar que tudo aquilo pode ser repetido? Sim, existem aqueles que acham que dá e o pior, tentam. Como não conseguem, uma parcela fica frustrada e a outra ou desiste depois de conseguir uma lesão por esforço repetitivo ou porque perdeu o par.

Na maioria dos filmes nem camisinha eles usam e portanto nem isso pode ser usado como ensinamento.

Não me canso de dizer, sexo é algo natural não precisa ser encarado como uma prova olímpica. Se concentre em fazer aquilo que você sabe e deixe as coisas fluírem. Mesmo que leve algum tempo, o encaixe acontece e aí o prazer é liquido e certo.

Não teorize a pratica, pratique a teoria.

Nada sou

Se para você eu nada sou além de um mero plebeu, digno de pena e compaixão, para mim você é muito mais que eu. Se para você eu não passo de um traço barato, desses de grafite que se apaga sem pensar, para mim você é tela, pintura bela.

Se minha presença é dispensável e nada do que faço é louvável, para mim você dispensa comentários. Se pareço melancólico, se estou perdido e você me vê como patético, isso é sinal de que para você eu realmente nada sou.

Nunca fui de me revirar a noite, nunca fui de dormir angustiado, eu nunca fui de remoer o passado para encontrar os caminhos do presente. Eu nunca fui de coisa alguma e muito menos algo de valia. Eu sempre fui pedaço enquanto achava que era inteiro.

O pouco que recebo é o muito que você acha que me dá e o nada que realmente chega para mim é aquilo que eu não esperava receber. Às vezes eu me sinto tão dependente de um sentimento qualquer, de um sorriso falso ou de uma emoção inventada, que me esqueço que no fim dói mais ainda.

Sentimentalmente falando

Destruir o mundo com as mãos é minha especialidade, mas não um mundo qualquer e sim o meu mundo, aquele em que habito e reconstruo depois de mais uma enxurrada de sentimentos. Essas destruições tem se tornado bem constantes nos últimos meses e as reconstruções não tem sido feitas a contento. Preciso de um novo formato de mundo.

A versão 2.0 de mim mesmo ainda não foi lançada e os bugs da versão 1.5.7 já não tem mais conserto. Sei que preciso de peças novas de reposição, mas no mercado não encontro nada melhor do que as foram usadas no modelo original.

Os muros estão ficando prontos. Desde a última invasão reforcei a segurança e estou conseguindo afastar a todos que insistem em adentrar o meu mundo. Uma pena que com isso eu me veja cada vez mais sozinho e distante dos que amo ou que um dia me foram importantes.

Talvez seja esse o preço a se pagar por tantas destruições ao mesmo tempo, tantas reconstruções, tantos saltos e sobre saltos, tantos altos e baixos. Um preço caro demais até mesmo para mim que sempre tive essa fama de durão, mesmo não sendo de pedra.

Nada

5 passos para a construção do nada.

1 – Esqueça todos os outros passos, você não precisa deles para construir o nada. Lembre-se de que o nada já existe e nesse caso especifico você é o nada na sua vida ou na vida de alguém.

Você pensando em um monte de coisas, fazendo planos de um futuro luminoso frente a um passado sombrio e de repente se dá conta que nada faz sentido em sua vida. Você descobre tardiamente, antes do por do sol, que você é um nada.

Um nada versado, letrado e com certo ar pedante, mas um nada na mais completa acepção da palavra. Você nunca se viu assim desse modo, tão desnudo de sentimentos, tão destituído de poder de reação.

É assim que a realidade é e é assim que você se sente, um nada. E tanto tempo gasto com teorias infindas vai para o mesmo lugar que o seu almoço de ontem. Nada pode ser feito quando você se conscientiza de que é aquele que para nada serve.

Porque as cartas do baralho são tão frágeis? Porque nos permitimos construir castelos com elas, mesmo sabendo que eles vão desmoronar ao primeiro sopro de realidade?

É bem mais fácil quando não temos de ser mais do que o nada que já somos.

Me enxerga

Só preciso que me enxergue quando eu estiver lá, não te peço nada mais do que isso. Pode até ser muita infantilidade da minha parte, mas eu não estou nem um pouco preocupado com isso. Se você não me enxerga, não me vê quando estou do seu lado, então um poste teria a mesma serventia e caso esteja me considerando um menino mimado, o poste não teria esse “defeito”.

Postes não se importam com porra nenhuma.

Não sou um boneco ou representação holográfica do que quer que seja, sou um ser humano de carne, osso e sentimentos. Quando estou presente eu realmente estou presente, não sou figurante e muito menos um desses que só se faz notar pelas babaquices que fala.

Não sou melhor do que ninguém e nem pretendo ser, por isso não pense que está ao lado do super homem, mas saiba que também não está do lado de um pé de alface. Nunca precisei me impor por minha virilidade e nem com agressividade, mas quando estamos no mesmo barco ou remamos na mesma direção e você confia em mim ou um dos dois pula fora.

Quer me ignorar? Você tem todo o direito, mas me ignore por completo e não pela metade. Se for para caminhar sozinho, saiba que eu já faço isso há muito tempo e não estou feliz com isso. Você não vai me ver vomitar essa coisa de amor próprio e outras bobagens que todo mundo lê no Facebook, mas entre ser um mero nada ao seu lado e continuar pastando, eu prefiro pastar em paz.

A culpa não é sua, uma série de fatores desencadeia um monte de coisas, mas foram todos esses acontecimentos que me fizeram ver que tenho o mesmo valor que uma nota de três reais. E isso dói para caramba, dói mesmo.

Ser, fazer e acontecer

Que uma mulher pode nunca nada
Isto eu já sei
É o grito da Dona moral
Todo dia no ouvido da gente
É que eu estou pela vida na luta
Eu também sei
E meu caminho eu faço
Nem quero saber que me digam dessa lei
Porque já sofri, já chorei, já amei
Vou sofrer, vou chorar e voltar a amar
Porque já dormi, já sonhei e acordei
E vou dormir, vou sonhar, pois eu nunca cansei
É que sinto exatamente
Aquilo que sente qualquer um que respira
Uma perna de calça
Não dá mais direito a ninguém
De transar o que seja viver
E por isso eu prossigo e quero
E grito no ouvido dessa tal de dona moral
Que uma mulher pode nunca é deixar
De ser, fazer e acontecer

Gonzaguinha

Posso morrer de amor

Seguro de uma vida sem emoções ele não descansou enquanto não viu que estava em terra firme. Depois do maravilhoso salto de pára-quedas ele não pensava em outra coisa que se não vivenciar a morte de perto. Como seria ver o fim de tudo pela janela do quarto?

Tragicamente inusitado como foi a sua passagem pelo Egito ou emocionalmente conturbado como foi a sua passagem pelo Marrocos? Nunca saberia se não tentasse, por isso ele se jogou de cabeça nessa mirabolante idéia e arriscou tudo o que tinha.

Por não ter nada, apenas um coração dentro do peito, ele nada pôde oferecer-lhe. Tão somente um pobre e combalido coração não seria bem valioso o bastante para que ela lhe concedesse uma ultima dança, um ultimo beijo, uma gota de esperança.

E assim sem olhar para trás, sem pensar no passado e muito menos planejar o futuro, foi que ele declarou a ela todo o seu amor. Levou flores, rosas, foi recebido com um sorriso e retribuiu com uma lagrima.

Sem palavra alguma os segundos em que permaneceram ali, de frente um para o outro, foram os mais sensacionais de sua vida. Naquele instante ele pôde se lembrar de quando a conheceu, de tudo o que viveu e morrer.

Infarto fulminante do miocárdio foi o que o médico diagnosticou horas depois e incluiu no atestado de óbito. Ela não esteve no enterro e nunca mais foi vista. Dizem que não resistiu e preferiu partir junto com ele.

Alguns falam que ela nunca existiu, mas a maioria sabe, que para os apaixonados o amor sempre encontra uma forma de triunfar.

Alegria partiu

E não é que foi embora de vez e me deixou aqui. Acontece e nem sempre isso é ruim, às vezes o que achamos ser felicidade, alegria, nada mais é do que uma tentativa vã de vermos nossos anseios realizados através de situações que não são reais.

Temos a esperança de que aquela pessoa pode ser o amor da nossa vida quando ela nunca nos viu de verdade. Que o árduo trabalho não reconhecido é o emprego dos nossos sonhos. E assim, de ilusão em ilusão vamos nos abastecendo do que nossa mente convenciona como sendo o que estávamos procurando de fato e que nos trás alegria. Colocamos um sorriso no rosto, nos enchemos de coragem, citações de livros de auto-ajuda e vamos em frente sem dar bola para os claros sinais de que estamos indo na direção contrária.

O que acontece nesse processo é que perdemos tempo precioso tentando encaixar o que não se aplica a uma realidade da qual aquilo não faz parte. Interrompemos a busca e enquanto dura a cortina de fumaça ficamos cegos para a vida. Outro acontecimento é que sofremos sem medida quando a cortina se dissipa e até caírmos na real de estávamos vivendo uma fantasia criada pela nossa mente, ainda tentamos lutar por algo que nunca existiu.

Uma sabia frase diz que nossos momentos mais felizes são ao lado de nossos amigos e não ao lado de um amor ou de uma suposta paixão. A amizade é espontânea, não celebra datas que se forem esquecidas estremecem a relação, não pede declarações da boca para fora ou ditas apenas para constar. A alegria vem de grandes momentos ao lado de pessoas que tem prazer em estar conosco independente de todas as outras coisas e transformam esses momentos em únicos. Seja amigo dos seus amores e não apenas transforme seus amigos em possíveis amores.

Que saibamos corretamente interpretar os momentos sem permitir que qualquer alteração emocional os transforme em mais um novelesco conto de fadas, desse modo quando a alegria partir e for embora, vai nos bastar marcar o próximo encontro.

Eu por eu mesmo 11 – Por Legião Urbana

Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece.
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,
Tudo está perdido mas existem possibilidades.
Tínhamos a idéia, mas você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de idéia
Já passou, já passou - quem sabe outro dia.

Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.

Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho mas
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar.

Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo.

Serenissima – Legião Urbana

Eu por eu mesmo 10

Eu tenho paixão pelas palavras, pelo que me é caro e por meus ideais. Ao me ver falando, em uma simples conversa pode parecer que estou em um inflamado debate, mas não estou fazendo um discurso, apenas falo com amor. Defendo o meu ponto de vista do mesmo modo que defenderia minha amada caso ela estivesse em perigo.

Sou muito mais emoção do que razão me guio pelo momento. Não vou brigar a toa, mas não desistirei facilmente. Eu faço antes e pergunto depois, mesmo que me arrependa do que disse.

O dinheiro para mim só tem importância por aquilo que ele pode me proporcionar, nada, além disso. De nada me adiantam rios de dinheiro se não puder usufruir deles o que eles podem fazer por mim.

Às vezes sufoco e em outras vezes sou frio como uma pedra de gelo. Se você tem alguma diferença comigo é melhor conversarmos e resolvermos as coisas do que me ignorar. Posso estar quieto no meu canto, mas estou ali remoendo tudo.

Enrolação não combina comigo, se eu quero algo eu vou lá e pego. Sou intenso em tudo e faço as coisas com bastante vigor e energia, o suficiente para me transformar. Não tenha medo se parecer que está em um conto de fadas, mas para mim romances tem de ter a sua carga de adrenalina, senão não passam de meros casos do acaso.

Do mesmo modo que me apaixono desmedidamente, perco facilmente o interesse se você não adicionar uma dose de novidade diaria na rotina do dia a dia. As coisas precisam ter dinamismo, nada de marasmo.

Gosto das mulheres de atitude, que tenham classe e que saibam estar preparadas para viver a vida em sua plenitude. Se você é corajosa, inteligente e sabe o que quer, você tem grandes chances comigo.

Sim eu sou egoísta e na maioria das vezes com muito orgulho.

Tenho mesmo essa coisa de turrão e muitas dificuldades em aceitar que estou errado, mas quando vejo que errei sou o primeiro a admitir e me desculpar. Acontece.

Não vou chorar na sua frente, não me peça isso e muito menos que exponha meus sentimentos tão facilmente. Agora comigo mesmo, na solidão do meu ser, tenha certeza de que vou sofrer um bocado e da melhor maneira possível.

Sou fiel aquele que se mostra digno de minha confiança. Para merecer meus elogios, admiração e carinho, as pessoas têm de me provar com atitudes, que estão aptas a isso.

Sou um pouco vaidoso, mas nada em extremo e tenho alguma dificuldade em me desfazer das coisas que prezo, portanto não se espante quando encontrar um ticket de compras que já deveria ter ido para o lixo guardado em uma de minhas gavetas.

Eu sou assim, bem vindo ao clube.

Partiu Paris

Isso é um convite. Você vem comigo?
Vamos almoçar no Le Pré Catelan e comer os pratos que você adora, para acompanhar pediremos o nosso vinho. É claro que vamos comer a sobremesa e ela vai estar divina como da ultima vez.

Vamos passear pelas ruas estreitas da cidade e ver os parisienses com seus sorrisos e aquele jeito pedante de ser, como só eles têm. Ah os franceses e suas detestáveis manias.

Aquele biquinho ridículo, a mania de não falarem inglês e sempre se considerarem os melhores do mundo. Comeremos nossas baguetes com roquefort sem nos importar com o fim da tarde nos convidando ao recolhimento e ficaremos no hotel curtindo os lençóis macios.

A torre Eiffel veremos da sacada do quarto ao amanhecer e nem vamos nos preocupar com a multidão a espera de um minuto lá em cima. Seremos felizes como da ultima vez em que estivemos em Londres ou em nossa viagem ao leste europeu.

Ah você precisa aceitar o meu convite, as passagens de primeira classe estão compradas e o hotel reservado. Teremos champanhe na primeira noite e foie gras, mesmo que você não goste é cortesia do hotel. Só preciso que você me diga sim ou até quem sabe um talvez e Paris será nossa mais uma vez.

Outra vez

Você foi...
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci

Você foi...
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples pra mim

Você foi...
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu

E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez.

Você foi...
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu

Você foi...
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...

Ah!
Você foi!
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

Roberto Carlos

Eu apenas queria que você soubesse

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Gonzaguinha

Tudo se interliga

Nunca vi fogos ao amanhecer mesmo nas épocas em que eles realmente aconteciam ao amanhecer, como alvoradas e afins. Nunca vi tais fogos e nunca tive vontade de vê-los. Essa coisa de seres brilhantes nunca foi o meu forte e nunca será, pois o que me chama a atenção e brilha em mim é aquilo que ninguém vê, mas que está dentro do meu coração.

Aquilo que só eu sei como dói, aquilo que só eu sinto pulsar e que ninguém ousa explicar, é o que vejo brilhar a cada amanhecer.

Tem dias em que chove e lá fora a água molha tudo. Tem outros dias em que o sol vem iluminar e aquecer. Tem sempre um dia para tudo, para aqueles que sorriem e para aqueles que choram.

E nada faz sentido, mas mesmo assim tudo se interliga porque é assim que tem de ser e será.

Diga lá, coração

São coisas dessa vida tão cigana
Caminhos como as linhas dessa mão
Vontade de chegar
E olha eu chegando!
E vem essa cigarra no meu peito
Já querendo ir cantar noutro lugar.

Diga lá, meu coração
Da alegria de rever essa menina,
E abraçá-la,
E beijá-la.

Diga lá, meu coração
Conte as estórias das pessoas,
Nas estradas dessa vida.
Chore esta saudade estrangulada
Fale, sem você não há mais nada
Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo
A luz daquela primavera.

Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Passe a mão nos seus cabelos negros
Diga um verso bem bonito e de novo vá embora

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você...

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

Gonzaguinha

Um grande sexo

- Você está errado.
- Eu não estou errado, ele quer...
- Você está errado.
- ... ele quer que ela o deixe por isso que ele coloca ela no avião.
- Eu não acho que ela quer ficar.
- É claro que ela quer ficar. Você não gostaria de estar com Humphrey Bogart mais que qualquer outro cara?
- Eu não quero passar o resto da minha vida em Casablanca casada com um homem que dirige um bar. Eu provavelmente sou muito esnobe para você, mas eu não quero.
- Você prefere estar em um casamento sem paixão…
- E ser a primeira dama da Checoslováquia.
- … Do que viver com o homem com quem você teve o maior sexo de sua vida, e só porque ele é dono de um bar e isso é tudo que ele faz.
- Sim. E por isso qualquer mulher em seu juízo perfeito, a mulher está muito prática, mesmo Ingrid Bergman é por isso que ela fica no avião no final do filme.
- Eu entendo.
- O quê? O quê?
- Nada.
- O quê?
- Esqueça isso.
- Por... O quê? Esqueça o que?
- Isso não é importante.
- Só me dizer.
- É óbvio que você não teve um grande sexo ainda.
- Sim, eu tive.
- Não, você não teve.
- Acontece que eu tinha muito bom sexo.
- Com quem?
- O quê?
- Com quem você teve este grande sexo?
- Eu não estou aqui para dizer-lhe isso!
- Bem, não me diga.
- Shel Gordon.
- Shel? Sheldon? Não, não, você não teve um grande sexo com... Sheldon.
- Eu tive.
- Não, você não teve. Um Sheldon pode fazer seu imposto de renda. Se você precisar de um canal dental Sheldon é o seu homem, mas transar não é o forte de Sheldon. É o nome. Faz para mim 'Sheldon', você é um animal 'Sheldon', leve-me grande 'Sheldon'. Não funciona. Então como é que você terminou com Sheldon?
- Como você sabe que nós terminamos?
- Porque se vocês não tivessem terminado você não estaria aqui comigo, você estaria com Sheldon o sexo maravilha.
- Primeiro de tudo, não estou com você, e segundo que não é da sua conta porque nós terminamos.
- Você está certa, você está certa, eu não quero saber.
- Bem, se você quer saber, era porque ele era muito ciumento e eu tinha essas calcinhas de dias da semana.
- UAH! Me desculpe, eu preciso de um de juiz para decidir sobre essas calcinhas de dias da semana.
- Sim. Eles fizeram os dias da semana e eu pensei que elas eram tipo engraçadas. E então um dia Sheldon me disse: 'Você nunca usa a de domingo. É muito suspeito, onde foi parar o domingo, onde foi o domingo?’ E eu disse a ele e ele não acreditou em mim...
- Por que?
- Eles não fazem o dia de domingo.
- Por que?
- Por causa de Deus.

Todo mundo acha que sabe bem como fazer, e principalmente, o que fazer na hora em que está lá. Mesmo assim muitas pessoas, em especial as mulheres, ainda não tiveram realmente uma “noite” de verdade.

Iludem-se aqueles que acham que apenas “fazer” as coisas resolve o problema. Todo mundo precisa de um cardápio especial de quando em vez, de quebrar a rotina, de sair da normalidade de todos os dias e embarcar em alguma fantasia. Isso é altamente saudável e recomendado.

Muitas mulheres passam a vida toda achando que o bom e velho “mamis and papis” é o supra-sumo da coisa e como disse uma colega minha, nunca foram “pegas” de verdade (Suprimi o termo correto simplesmente porque o achei inadequado para o espaço, mas foi excesso de zelo meu mesmo, porque não tem nada demais em falar chupada) ou jogadas na parede como tem de ser. Mesmo que apenas um dia. Sexo é um momento, acontece é bom e pronto.

Quando acontece e é ruim você deleta da mente, apaga do HD cerebral e torce para nunca mais acontecer. Agora quando é aquele que deixa marcas, literais e não literais, você quer mais que se repita o máximo de vezes possíveis. Sempre não porque nem todo dia é dia santo, tem dias em que mais vale o arroz com feijão bem temperado.

Ps.: O dialogo que inicia o texto foi retirado do filme When Harry met Sally (Feitos um para o outro).

Coração

Coração abre essa porta
E pouco importa se é pra sofrer
Deixa entrar a vida
Vale mais é viver.

Vale mais o trem das cores
Que uma existência pode perceber
Vale nada porta fechada
Festa acabada
Melhor morrer.

Melhor a emoção de tudo
Que acontece em volta da gente
Melhor chorar saborosamente por que viver.

Coração não tenha medo
Pela porta aberta vai entrar a vida
Com tudo que ela tem direito e você também.

Gonzaguinha

Não importa qual

Em algum momento, não importa qual, você já teve aquela imensa vontade, aquele grande desejo. Em alguma parte de toda essa história você quis muito alguma coisa, lutou por ela ou não, mas não obteve êxito. Acontece e vai continuar acontecendo enquanto a vida for assim, indefinida.

O dinamismo da coisa não está no simples querer, ele está na força desse querer, que se manifesta de varias maneiras e define o que você realmente vai conquistar e aquilo que você apenas vai desejar. Separe o sonho do real, o ilusório do factível. Viva as coisas com o pensamento voltado para suas aspirações.

Quando as frustrações são em maior número que as alegrias temos de parar e refletir sobre a maneira que estamos realizando as coisas. É o momento de se olhar o todo e ao redor, temos de encontrar as brechas por onde deixamos escapar tudo o que nos era, e ainda é, querido.

Não se fecham portas, se desperdiçam oportunidades de mantê-las abertas.

Acalma

Quando o tempo é de confusão
mantenha a calma no seu coração
mantenha a calma - calma!

Mantenha a fé e o pé no seu caminho
Mantenha o seu caminho
Mantenha a alma - acalma!

Acalma - você já chegou aqui
Calma - para prosseguir

A fé para botar o pé no caminho
A conquistar.

Quando o tempo é de armação
Mantenha firme a sua mão
Mantenha aceso o coração
Atenção!

Mantenha a alegria que você já é
não deixe que eles venham destruir
O sonho por menor que for
Seria destruir o amor.

Sempre bom a gente relembrar
A calma não é irmã da frouxidão
A calma é a força, adonde a gente
engendra a solução da ação.

E a gente pode muito mais
Conquistar.

Xote, coco, maracatu e baião.

Gonzaguinha

Uma bola redonda

A redonda bola que comprei ontem não coube no guarda roupas e ficou ali, jogada na sala. Uma enorme e redonda bola jogada na sala, inerte e sem vida. Comprei sim uma grande bola redonda e ela neste momento, sem serventia alguma, ocupa um lugar que antes estava ocupado por seu indefectível sorriso.

Antes a bola que permanece inerte, alheia a tudo, a todos e não me causa dor do que a sua imagem brilhando no escuro do meu interior. Sonhos com você no papel principal nunca me fizeram bem e talvez por isso eu precise da bola para ocupar esse espaço e temporariamente me livrar do peso da sua presença em minha vida.

Exatamente como você planejou, aqui estou no lugar de sempre ouvindo as mesmas bobagens e fazendo os mesmos sinais estranhos com as mãos. Ainda sou o mesmo idiota que você conheceu quando olhou ao redor daquela praça. Eu nunca estive em Paris, como também nunca estive no seu coração.

Sabe-se lá a serventia de uma grande bola redonda no meio da sala. Sabe-se lá a serventia da sua lembrança todos os dias na minha mente.

Não procuro as respostas e sim as perguntas certas. Se você é feliz desse jeito, me deixa caminhar mais um pouco.

Grito de alerta

Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel...
Depois
Vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel...
Não vê que então eu me rasgo
Engasgo, engulo
Reflito e estendo a mão
E assim nossa vida
É um rio secando
As pedras cortando
E eu vou perguntando:
Até quando?...
São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal...
Não quero a razão
Pois eu sei
O quanto estou errado
E o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais
Pra engolir...
Veja bem!
Nosso caso
É uma porta entreaberta
E eu busquei
A palavra mais certa
Vê se entende
O meu grito de alerta
Veja bem!
É o amor agitando o meu coração
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida dá gente
Gritando que não...

Gonzaguinha

Tão perto e tão longe ou tão longe e tão perto...

Quem pode saber uma coisa dessas? Eu? Você? Não. Ninguém pode, simplesmente porque as coisas acontecem e quando acontecem não tem jeito e nem como prevermos ou tentarmos impedir.

Será que quanto mais longe mais unidos e quanto mais perto separados?

Eu prefiro que não seja sempre assim ou que pelo menos seja assim, mas que possamos diminuir esta distância, porque senão o longe pode se tornar uma barreira. Sabe há quanto tempo não vejo o seu olhar e ou o seu sorriso?

E o sabor dos seus lábios? E a maciez da sua pele?

Bom, pelo visto, quanto mais perto, mais longe... Estivemos ali um ao lado do outro e nada, pelo menos uma vez, é claro, mas será que precisava ser tão pouco como se estivéssemos a léguas de distância?

Quem sabe o que nos reserva ou quem sabe o que nós reservamos?

Falta do que fazer

Uma pausa no café da manhã foi providencial para que as fortes chuvas não fossem mais sentidas. Os raios ainda podiam ser ouvidos a distancia e a água torrencial que caía sobre os telhados não dava indícios de que ia cessar tão cedo sua trajetória.

O fato é que eu não me acostumei com isso de que tudo tem que ser do jeito que as pessoas acham certo, passando por cima de tudo e de todos. Se o certo é fazer as coisas do meu jeito, porque eu ainda convivo em sociedade com os demais? Esse tipo de gente que se acha superior a regras, leis e a tudo o mais, merece sofrer as sanções cabíveis aos seus atos.

Essas sanções tem um problema, não surtem o efeito desejado, pois são aplicadas de forma incorreta. Fossem elas aplicadas com rigor e para todos aqueles que merecem, elas teriam grande eficácia.

Ver essas pessoas achando-se na razão por terem sido contrariadas é ridículo e soa como se eu estivesse assistindo a um surreal espetáculo de profundo mal gosto.

Tem aquele que acha que é mais do que qualquer um e por isso pode furar a fila do elevador, ou aquele que se julga o VIP e quer sentar na janela. Mais do que isso, são os diversos tipos de imprestáveis que estão fazendo hora no mundo à espera de quem os leve para bem longe. Para esses a morte pode ser um prêmio.

Sem colarinho, por favor,

É o típico caso do infeliz, e que se foda o gosto pessoal de cada um, que resolve se arrumar, sair de casa, sentar-se à mesa do bar, pegar cardápio e escambau para pedir apenas um chopp. Isso mesmo, o sujeito toma o tempo do garçom bebe o seu chopp e vai embora. Não bastasse, ainda paga a conta com cartão de crédito e pede nota.

Não sou contra aqueles que bebem um chopp na volta para casa, antes de ir à praia ou quando simplesmente estão com vontade de beber um chopp. Fico puto apenas com aqueles que fazem disso um ritual como se beber um único chopp precisasse de tanta frescura.

Quem quer beber um chopp para no balcão, pede um, toma e vai embora. Paga com uma nota de cinco o chopp de quatro e deixa o troco para o garçom. Mais simples do que isso impossível.

Quem quer beber mesmo às vezes fica em pé no balcão, mas na maioria das vezes senta-se à mesa pede um aperitivo e manda descer meia dúzia de estupidamente gelados. Agora fazer palhaçadinha para tomar um misero chopp, faça-me o favor.

A pressa pode ser amiga dos perfeitos

Como esse dia ainda não chegou, eu não entendo o que uma pessoa ganha querendo ser mais rápida que a outra em coisas sem o menor sentido. Na formula um vá lá, até o Rubinho tenta ser mais rápido que os outros pilotos.

Aí todo mundo dentro do avião vai descer no mesmo aeroporto e logo que a aeromoça pede para que os cintos permaneçam afivelados, pois o piloto vai proceder ao pouso, tem idiota se preparando para ser o primeiro a descer. De certo ele tem um horário super rígido e não pode perder um minuto dentro da aeronave.

Dentro do trem ou do metrô, o que mais vejo são pessoas desesperadas vindo lá dos vagões dos confins, mesmo que em todos existam portas que vão se abrir da mesma forma, apenas para estarem mais a frente na hora de descer na estação final. Todos os passageiros vão descer na mesma estação, não vejo motivo para que alguém queira ser o primeiro a descer. Claustrofobia?

Os centavos que me pertencem

Quer parada mais chata do que neguinho que fica contanto o que bebeu e ou o que comeu para não pagar nada além? É uma coisa de outro mundo isso.

Aí ficam um monte de pessoas, em uma mesa enorme, divagando sobre o preço do suco de laranja que é mais caro que o refrigerante de limão. Debatendo se a sobremesa deve ser incluída na conta coletiva, visto que metade da mesa meteu a colher na mesma, ou se só a metade que meteu a colher deve arcar com seu custo.

No fim os migalheiros, que não vão ficar mais ricos com as migalhas economizadas, pagam um ou dois reais a menos do que todo o resto. E o pior é que eles se sentem maravilhosamente felizes com o fato de não terem pago o cafezinho que a loira mão de vaca do RH tomou.

O que eles não se dão conta é que com isso todos perderam preciosos minutos em uma discussão sem sentido algum. Não sou contra que cada um pague a sua parte, desde que as coisas realmente fujam do controle, mas em geral em almoços mais formais, de trabalho, as coisas não fogem do controle. Ninguém bebe litros de chopp e ou come o prato mais caro do restaurante.

Aqui é o meu lugar

Então para de reclamar porra!

A cena é clássica. A pessoa vai à loja compra aquela roupa especial, para a ocasião especial e quando vai vesti-la percebe que engordou um pouco. O que ela faz?

Começa a reclamar da vida, do açúcar do cafezinho, veste a roupa mesmo assim e quem estiver por perto é que ature suas lamurias. Ou então é aquela pessoa que odeia a casa da tia Maricotinha, vive falando horrores da coitada e do seu sofá cheio de remendos, mas não sai de lá.

Se alguma coisa está lhe incomodando você tem todo o direito de falar e mudar, não de ficar interminavelmente falando sem esboçar nenhum sinal de que quer mudar.

Chato de galocha

No fim das contas eu é que estou chato demais e de saco cheio para um monte de coisas. Se antes a tolerância era maior, hoje ela muda de acordo com as marés. Não tenho mais vontade alguma de ser o cara que não liga para as coisas, mas muito menos vou ser o cri-cri que reclama de tudo.

Continue fazendo o seu ritual para beber um chopp, querendo chegar na frente, juntando suas migalhas e reclamando do que lhe convier. De minha parte o máximo que vou fazer, é quando der na telha, escrever um monte de bobagens como essas que você acabou de ler e pronto.

Mal de mim

Eu pensei
que fosse coisa para um dia só
Ficar de mal de mim
Reagi
Sou seu amigo e digo "Como vai?"

Você fica séria e nem sinal
Brigou comigo e a solidão servirá
De lugar pra nós dois

Se é amor, que tal agir e não radicalizar?
Sejamos mais lisos

Pega esse meu ombro
Rega, se adormecer eu sei que o sono passou a perna
Nessa distância férrea
que marcou o meu amor

Dormir contigo é escutar Gal e Tom
O que rolar é bom
Passear, rever amigos, conduzir boas novas
Visitar a Grécia no futuro

Djavan

E daí

- Nós transamos!

- Sim. Eu sei disso. E daí?

- E daí que nós transamos! Você acha isso pouco?

- Defina, por favor, o conceito de pouco para que eu possa dizer se acho mesmo isso ou não. Neste momento eu apenas sei que nós transamos.

- Definir o conceito de pouco? É assim que você encara as coisas? Tudo o que aconteceu entre nós esta noite, para você foi apenas um conceito?

- Você é quem está querendo teorizar o momento e agora me acusa de querer transformar a transa que tivemos em um conceito. O que realmente lhe incomoda? A transa? O lugar?

- Nós! É isso que me incomoda. Eu sempre te amei e sempre soube que você apenas me queria como um passatempo para as noites de frio. Não resisti, cedi e aqui estou ao seu lado discutindo a transa que tivemos ontem a noite. Isso é o que me incomoda, essa sua indiferença.

- Se entendi bem você esperava que neste momento eu lhe fizesse uma linda declaração de amor e lhe pedisse em casamento. Ou porque não, me entregasse de corpo e alma a seus encantos e jurasse paixão por toda uma eternidade. Faça-me o favor, não tenho mais idade para isso.

- É assim, sempre foi assim e sempre será. Eu nunca quis enxergar a verdade estampada no seu rosto, no meu rosto. Sempre achei prudente lhe manter por perto, estar ao seu lado. Ainda bem que você não tem mais idade para isso, porque igualmente eu também não tenho mais idade para mendigar migalhas de um amor de oportunidade.

Não tinha de ser assim, mas invariavelmente ambos sabiam que um dia esse “amor inventado” e etiquetado com prazo curto de validade iria se acabar. Se antes do vencimento ou não, o que importou foi a forma como tudo terminou, em uma transa.

A melhor da vida deles? Talvez não, mas com certeza a mais intensa em sentimentos. Todos se misturaram e em um misto de coisas sem sentido, amor e indiferença se fizeram presentes na mesma cama que o desejo.

Um não quis mais do que o outro, eles quiseram por igual e ao mesmo tempo, por isso é que tudo aconteceu. Eles não se encontraram por acaso na porta de um bar ou no inaudível silêncio de uma boate. Eles já se conheciam de longa data, eram cúmplices de uma história que se arrastava sem perspectiva.

O casal perfeito, o “feitos um para o outro”, aqueles que nunca se desgrudaram. Aos olhos de quem via de fora sempre foi assim, mas no coração de quem estava dentro da tempestade, nunca foi o bastante.

O que virá depois

Os fragmentos de vida que ainda restam dentro do peito, aqueles resistentes que se negam a abandonar o posto e se entregar sem lutar, são os que ainda e como que por milagre nos mantém de pé.

Grandes companheiros de um dia de muita compreensão, algum lamento e varias garrafas espalhadas pelo chão. Todos os que não foram em frente e ficaram pelo caminho ainda se ressentem por não terem feito o suficiente pela própria felicidade, eles se ressentem por que não tiveram a coragem de amar.

Muito do que se fala sobre esse amor de hoje pode ser lido nos livros do passado e está sendo reescrito pelos poetas da nova geração, que mesmo sem saber o fazem da pior forma possível.

Acabamos por nos tornar prisioneiros de nossas próprias invenções, obedecemos a comandos automáticos e em nossa busca desenfreada por aceitação nos perdemos daquilo que nunca fomos. A incompleta tradução do obvio não mais nos satisfaz, queremos muito mais do que ovos com bacon. Queremos voar sem asas e correr como um formula um, gozando de tudo e de todos.

Essa ingratidão que nos cega não vai nos matar e nem tão pouco nos fazer perder o sono, mas vai nos deixar mais fracos para o que virá depois.

Eu era assim também, mas aprendi que ainda tenho muito que aprender.

Mina

Mina de ouro, prata, cobre e estanho. Mina de riquezas sem igual. Mina dos sonhos meus e de todos os que um dia querem se perder em seus braços com abraços interminaveis e caricias mil. Mina de belezas advindas da natureza e de encantos sutis percebidos apenas por quem invade sua intimidade.

Mina que todos amam mesmo sem possuir e que todos querem mesmo sabendo não poder. Mina que se mostra, se oculta e se faz presente.
Mina de olhar penetrante, cortante. Olhar que incita, excita e leva reflexão. "De onde será que ela vem?", "porque será que ela vem?", "para quem será que ela vem?".

Mina apenas mais uma no meio de tantas em um mundo de poucas, com tantos aos seus pés. Mina que não é minha, jamais será sua e muito menos de quem acha que com uma simples flor ou um gesto de amor, conquistou seu coração.