sábado, setembro 03, 2011

E daí

e dai

- Nós transamos!

- Sim. Eu sei disso. E daí?

- E daí que nós transamos! Você acha isso pouco?

- Defina, por favor, o conceito de pouco para que eu possa dizer se acho mesmo isso ou não. Neste momento eu apenas sei que nós transamos.

- Definir o conceito de pouco? É assim que você encara as coisas? Tudo o que aconteceu entre nós esta noite, para você foi apenas um conceito?

- Você é quem está querendo teorizar o momento e agora me acusa de querer transformar a transa que tivemos em um conceito. O que realmente lhe incomoda? A transa? O lugar?

- Nós! É isso que me incomoda. Eu sempre te amei e sempre soube que você apenas me queria como um passatempo para as noites de frio. Não resisti, cedi e aqui estou ao seu lado discutindo a transa que tivemos ontem a noite. Isso é o que me incomoda, essa sua indiferença.

- Se entendi bem você esperava que neste momento eu lhe fizesse uma linda declaração de amor e lhe pedisse em casamento. Ou porque não, me entregasse de corpo e alma a seus encantos e jurasse paixão por toda uma eternidade. Faça-me o favor, não tenho mais idade para isso.

- É assim, sempre foi assim e sempre será. Eu nunca quis enxergar a verdade estampada no seu rosto, no meu rosto. Sempre achei prudente lhe manter por perto, estar ao seu lado. Ainda bem que você não tem mais idade para isso, porque igualmente eu também não tenho mais idade para mendigar migalhas de um amor de oportunidade.

Não tinha de ser assim, mas invariavelmente ambos sabiam que um dia esse “amor inventado” e etiquetado com prazo curto de validade iria se acabar. Se antes do vencimento ou não, o que importou foi a forma como tudo terminou, em uma transa.

A melhor da vida deles? Talvez não, mas com certeza a mais intensa em sentimentos. Todos se misturaram e em um misto de coisas sem sentido, amor e indiferença se fizeram presentes na mesma cama que o desejo.

Um não quis mais do que o outro, eles quiseram por igual e ao mesmo tempo, por isso é que tudo aconteceu. Eles não se encontraram por acaso na porta de um bar ou no inaudível silêncio de uma boate. Eles já se conheciam de longa data, eram cúmplices de uma história que se arrastava sem perspectiva.

O casal perfeito, o “feitos um para o outro”, aqueles que nunca se desgrudaram. Aos olhos de quem via de fora sempre foi assim, mas no coração de quem estava dentro da tempestade, nunca foi o bastante.

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