Se para você eu nada sou além de um mero plebeu, digno de pena e compaixão, para mim você é muito mais que eu. Se para você eu não passo de um traço barato, desses de grafite que se apaga sem pensar, para mim você é tela, pintura bela.
Se minha presença é dispensável e nada do que faço é louvável, para mim você dispensa comentários. Se pareço melancólico, se estou perdido e você me vê como patético, isso é sinal de que para você eu realmente nada sou.
Nunca fui de me revirar a noite, nunca fui de dormir angustiado, eu nunca fui de remoer o passado para encontrar os caminhos do presente. Eu nunca fui de coisa alguma e muito menos algo de valia. Eu sempre fui pedaço enquanto achava que era inteiro.
O pouco que recebo é o muito que você acha que me dá e o nada que realmente chega para mim é aquilo que eu não esperava receber. Às vezes eu me sinto tão dependente de um sentimento qualquer, de um sorriso falso ou de uma emoção inventada, que me esqueço que no fim dói mais ainda.