Passando pela rua a caminho do trabalho, um habitante da mesma perguntou: "Quem sabe o amanhã?”
De pronto respondi apenas para mim: "Eu não sei o amanhã, ninguém sabe o amanhã e quem diz saber se engana tal e qual a cigana.”
Pensando em minha reposta e ainda caminhando, vi que estou errado. Todos sabem o amanhã e ele é construído por nós mesmos todos os dias, em um moto continuo. A cada adormecer e não somente a cada amanhecer.
Se levarmos para a cama magoas recorrentes, assuntos não resolvidos, amores não declarados, estaremos fermentando a angustia dentro do peito. Quando amanhecer aquela angustia retida terá se transformado em um tijolo imperfeito, oco e sem valor. E é justamente esse tijolo que fará parte da construção do nosso amanhã.
Com vários tijolos imperfeitos, ocos, teremos um amanhã frágil e pronto a desmoronar a qualquer instante. Aí de nada adiantarão as lamurias e tentativas vãs de reconstrução, pois o tempo perdido demora a ser recuperado.
Quem sabe o amanhã são aqueles que o constroem sólido todos os dias, não guardando magoas e rancores. Não sofrendo por amores impossíveis, não deixando para amanhã o beijo de hoje e muito menos fazendo as coisas apenas porque tem de serem feitas.
Nós a cada gesto e atitude sabemos o amanhã, portanto, não se desculpe depois pelos erros de hoje.