O dia que nunca termina é tão somente aquele que começa como não deveria e no tanto de vezes que isso acontece, é apenas porque não fomos suficientemente capazes de recomeçar. Em uma folha de papel em branco, um desenho a grafite pode ser apagado e recomeçado, mas se o mesmo for feito a tinta nada se pode fazer senão fazê-lo novamente, pois a tinta não se apaga como o grafite.
O desenho a tinta não termina, permanece inacabado sendo substituído por outro e assim acontece com nossos dias que não terminam, eles apenas são substituídos por outro dia. Seguimos em frente porque é isso o que tem que ser feito, mas aquele dia fica lá, nos incomodando porque sabemos que ele ainda não terminou, está pendente.
O dia que termina é aquele em que conseguimos ao final, ter a consciência de todas as “tarefas” cumpridas, todos os “recados” dados, nenhuma pergunta sem resposta. É o dia em que se estamos amando conseguimos expressar esse amor, se estamos tristes nos permitimos sofrer e se estamos felizes, nos permitimos viver a felicidade.
Quando não guardamos rancores, magoas, decepções. Quando não perdemos tempo com medo e elucubrações, quando deitamos a cabeça e dormimos em paz, esse dia foi finalizado com sucesso.
O recomeço, tal e qual a borracha no desenho a grafite, é o que nos permite corrigir as falhas, reconhecendo nossos erros e nos desculpando por eles. Mesmo que façamos isso em outro dia ou muitos dias depois, aquele dia onde tudo começou foi terminado, pois temos a ciência de o que ficou ainda pode ser consertado.