A velha conta se repete todos os anos, não tem formula mágica ou truque especial, é apenas a adição de um digito ao número que representa o ano anterior e pronto. Não muda nada em coisa alguma, as pessoas não se transformam, o mundo não fica menos ou mais azul e o que antes era de uma maneira continua sendo da mesma maneira.
Alguém vai dizer que as esperanças se renovam, que os votos se fazem mais fortes e outras baboseiras típicas dessa época do ano, mas para mim isso não passa de mero artificio daqueles que não tem condições de realizar as coisas quando elas devem ser realizadas. Estes esperam por algum motivo, alguma data tida como especial, para celebrarem aos quatro ventos as mudanças que já deveriam ter acontecido há muito tempo e que não vão acontecer apenas por conta do acréscimo de mais um digito ao numeral que representa o ano anterior.
Todos os meses, a cada ano, um digito é acrescido ao numeral que representa o dia daquele mês e nem por isso as pessoas estouram fogos e jogam espumante para o alto. Cada dia, de cada mês, de cada ano, não importa qual, é uma oportunidade. As pessoas jogam fora, todos os anos, trezentos e sessenta e cinco oportunidades e apenas no último dia do ano, resolvem que é o momento certo de pensar, porque elas não fazem nada mais do que pensar, em fazer alguma coisa que as tire da pasmaceira.
As resoluções mais ridículas e esdruxulas já nem são mais levadas em consideração, como: parar de fumar, de beber, entrar na academia e outras que nunca são cumpridas apesar de serem repetidas a exaustão. O fato é que o único alento que as pessoas têm é o de poder acreditar que um digito vai resolver tudo, e é nisso que elas se agarram ano após ano, iludindo-se como na época em que ainda acreditavam em papai noel e outros seres imaginários.
