Arvores cheias de bolas coloridas, luzes piscando, shoppings lotados e papais Noel entediados sorrindo amarelo para fotos feitas em celulares de ultima geração, esse é o espirito do natal moderno. O peru cada vez mais caro, as novidades para a ceia, a mesa farta de itens que ninguém come e no final são postos ao lixo. O natal dos novos tempos é consumista ao extremo e tão insensível que perdeu totalmente o sentido. Tem valor o lucro obtido com a festa e com a crença das pessoas de que tudo continua como antes.
No meu tempo o natal já começava a perder força, mesmo assim as pessoas ainda privilegiavam o contato umas com as outras, as trocas de afeto e carinho, a camaradagem. Lembro-me que visitávamos as casas provando um pouco do vinho, da rabanada e do bolinho de bacalhau que todos faziam. Quando crianças esperávamos até a manhã do dia vinte e cinco pelo presente, não antecipávamos as coisas, não pulávamos etapas.
O natal tinha suas fases, suas etapas, seus ritos e tudo isso foi abandonado em troca de uma modernidade que nos aprisiona em frente a aparelhos eletrônicos para mandarmos mensagens via celular e redes sociais. A missa do galo tem menos importância do que o especial do “rei” e a ceia é compartilhada com o novo show televisivo do momento, seja ele o de uma cantora baiana, de um ídolo sertanejo ou de uma apresentadora loira.
Não sou saudosista e nem acho que o tempo deveria retroceder, mas penso que não deveríamos perder certas coisas, nos esquecer da essência. O que hoje pode parecer uma bobagem foi o que nos fez felizes um dia.