Boca, mão, coração. Três que mais parecem muitos e lá vou eu mudar de assunto no meio do texto, logo quando a prosa estava ficando boa ou tinha tudo para ficar. Tenho essa mania incorrigível de querer fazer tudo ao mesmo tempo colocando uma vírgula onde não precisa, um ponto onde ainda não é o final e fazendo exclamações desnecessárias. É vontade de mudar? Desejo de parecer irreverente? Sei lá se tudo isso muda alguma coisa na vida de alguém.
O que nunca mudou, mas sempre estava lá para constar era a minha cisma com os caras do lado verde, os que mitavam nos jardins em dias de sol. Eram eles lá com suas motocas e eu do outro lado observando o ronco dos motores, a fumaça saindo do escapamento. Sol a pino, suor em litros e eles de casaco de couro, puta disposição de imitar o James Dean. Pensava muitos nos baianos, que uma hora dessas estariam tocando berimbau e comendo acarajé, nada de ficar trepado em cima de uma moto fazendo presepada.
Sorrir por sorrir eu também sorria, mas não saia por aí mostrando os dentes para qualquer um, ou melhor, para qualquer uma. Sorria tímido para algumas, com mais liberdade para outras e escancaradamente para aquelas que eu identificava alguma chance de me dar bem. Nunca funcionou, mas sempre fiz e acho que poderia ter dado certo se elas não fossem tão exigentes. É como o liquidificador que não funciona ou como a Tv que passa o mesmo filme trocentas vezes. Elas resistem ao meu charme e eu finjo que sei como dar o próximo passo.
E agora é a hora certa de sair de casa, de dar a volta no mundo e criar coragem para cortar os cabelos perdidos. Momentos como esse não acontecem a todo instante, tanto é que devemos aproveitar, não desperdiçar, oportunidades representam muito. Os mais puristas vão falar em igualdade, eu falo em sabedoria. Vivencia para não tropeçar e consciência para despertar sem medo de levantar e parar de chorar.
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