Foi no exato momento em que eles se deram as mãos que percebi que o amor pode curar muito mais do que uma simples ferida, ele pode também unir aqueles que pela ordem natural das coisas jamais seriam vistos juntos.
E por isso a estadia no hospício municipal se tornara uma das melhores. O lugar não era nem um pouco agradável, cheirava a mofo e suas camas sujas não deixavam dúvidas de que por ali limpeza era uma palavra desconhecida.
Por acreditar no amor e no seu poder é que eu estava lá. Depois de ser considerado perigoso demais para conviver com a sociedade do local, me trancafiar foi ao método mais prático e eficaz encontrado para me tirar de circulação.
Um louco que acredita era só nisso que eu pensava, estava ali porque acreditava e não queria deixar de acreditar. Podia ter duvidado do poder do amor e com palavras ter insultado os amantes, poetas e apaixonados, mas ousei crer na força do sentimento.
No dia de minha libertação ninguém me aguardava, então apenas recolhi minhas coisas e segui rumo ao desconhecido. Ainda acredito e sei que pelo amor, seremos recompensados de alguma forma por aquilo que fizemos em seu nome.