Toda a exposição é desnecessária e até que se prove o contrário à necessidade de se expor está contida na falta de visibilidade.
Como o que somos, temos essa vontade de nos fazermos presente e por essa vontade somos levados a exposição desmedida.
Mostramo-nos nas fotos mais intimas, fotos que não deveriam existir. Por se tratarem de íntimos, esses momentos, deveriam ficar na memória e não em um álbum de retratos. E o pior, por vezes virtual.
Exibimo-nos em comentários pré e preconceituosos a respeito de pessoas, fatos e toda uma gama de coisas que não deveriam fazer parte do nosso cotidiano. Apedrejamos mesmo só tendo ouvido uma parte da história e somos juízes implacáveis.
Lutamos por causas apenas com um teclado e um mouse. Retransmitimos nossa indignação a quantos possam ter acesso a campanha virtual de mobilização das massas. Animais serão salvos porque sua imagem foi “curtida” por milhares, a violência será extinta porque é um dos assuntos mais comentados do momento e todas as mazelas do mundo pedem apenas que não quebremos a corrente de emails.
Estamos na vitrine do novo século, estamos na tela diminuta do celular e no telão dos monitores que ornam as salas. O que antes era exclusivo hoje depende unicamente da quantidade de celulares disponíveis no local. Não buscamos o anonimato, queremos ser localizados pelos satélites e ter a nossa vida narrada em alto e bom som pelo William Bonner em um especial da Globo.
Sinto e por isso mesmo, por esse sentir, que posto. Gosto e por isso mesmo, por esse gostar, que “curto”. Faço, estou, sou e por isso mesmo, pela minha imagem, que me mostro.
Estes são os mandamentos da nova era.