Tudo errado no momento em que a certeza das coisas bem feitas se dissipou no horizonte tal fumaça. Precisamente as nove e cinqüenta, como previsto, seu vôo aterrissou no aeroporto mais próximo da cidade principal do condado e ela não sabia exatamente onde esteve durante todo este tempo.
Tudo tão errado que até mesmo as coisas mais simples, que deveriam fazer algum sentido, não faziam mais. O céu nublado, a ameaça de chuva e sol encoberto, davam o tom da paisagem anunciando o longo dia que se descortinava. Ela ainda teve tempo de pensar em desistir antes do embarque, mas tomou a coragem necessária e viajou sem saber o que a aguardava.
Sonhos de momentos esparsos, lembranças de um tempo feliz e todas as idéias de felicidade duradoura não mais existiam. Onde foi parar aquele beijo? Onde se escondeu aquela flor? Quem roubou a luz?
E a lagrima caiu. Insistente, forte e tão nítida quanto à visão daquele dia. Ela desceu do avião respirou fundo e caminhou passos largos rumo à velha casa laranja de tempos atrás, sua antiga morada, seu antigo refugio.
Da janela um sorriso, da varanda um aceno e todos foram recebê-la. Seu irmão vinte quilos mais gordo, seu pai mesmo caminhando com dificuldades e sua mãe com o mesmo vestido do dia em que Samantha, a moça mais bonita de Novo Sertão, resolveu descobrir o mundo e constatou que tudo estava errado.
sábado, dezembro 31, 2011
Tudo errado
Recanto:
Contos