As cenas lamentáveis que vimos hoje no Rio de Janeiro, por conta das falhas do sistema de transporte publico, já estavam programadas para acontecer. O que aconteceu foi apenas a explosão, parte dela, de uma bomba que foi acessa há muito tempo atrás.
Muitas pessoas hoje, e no conforto de seus lares, estão criticando os atos de vandalismo e depredação do patrimônio publico, sem levar em conta que fora os vândalos que lá estavam misturados aos trabalhadores, as pessoas apenas reagiram como puderam, ao descaso e a falta de informação.
Em nenhum momento durante todo esse tempo em que as pessoas vêm alertando via Twitter, blogs, reportagens nos meios de comunicação e afins, a empresa que tem a concessão da malha ferroviária no estado do Rio de Janeiro veio a publico informar à população o que realmente estava acontecendo. Eles sempre se limitaram a dizer que os trens circulavam em horários regulares e que estavam investindo bilhões na melhoria dos mesmos.
Isso é claro, não diretamente a população e sim via mensagens duas vezes por dia, uma pela manhã e outra à tarde, no Twitter e em seu site oficial. Apenas isso e nada mais.
Sem informação e assistindo a constantes problemas em todas as composições e ramais, a população, que paga pelo mal serviço que lhe é prestado, perdeu a paciência e está sendo agora, culpada por todos os problemas que ocorrem. E também será, não se espantem, pelos problemas que ainda vão ocorrer.
É triste ver que pessoas que não tem o mínimo preparo para lidar com seres humanos, ocupam altos cargos em setores que afetam diretamente a população. A empresa, SuperVia Trens, que cuida do transporte ferroviário no estado do Rio, trata seus clientes como se fossem caixas que ela transporta todos os dias. O secretário estadual de transportes só se manifesta e aparece para “falar” com a população, quando uma tragédia acontece, como foi com os bondes de Santa Tereza e hoje com o caos nas estações de trem.
Ninguém quer se responsabilizar por nada e no lugar da informação, das campanhas de conscientização, eles preferem chamar a policia. Esta por sua vez, tem como única forma de dialogo a violência e faz o que podemos ver nos vídeos que circulam pela internet. De um lado trabalhadores e vândalos sendo postos no mesmo saco e tratados da mesma forma, de outro a empresa ir “responsável” e o poder publico.
Sempre disse e volto a afirmar que a população quer apenas informação. Nada mais, nada menos. A informação evitaria muito do que está acontecendo e ainda vai acontecer se nada for feito. O usuário dos trens não está interessado nos bilhões de investimento que ele não vê, ele quer saber por que os trens param no meio do nada e o deixam a deriva.
Ele quer saber como funciona o sistema de sinalização. Quer saber por que os diretores da SuperVia não vêm a publico, na central do Brasil, conversar sobre os problemas, falar abertamente e mostrar os esforços. Por quê?
É tão difícil conseguir pessoas que se comuniquem com quem está apenas querendo informações? É tão dispendioso fazer um simples panfleto informativo?
“Bom dia passageiros, clientes, população. Aqui quem fala é um funcionário SuperVia e estou aqui para lhes dizer que...” As pessoas não precisam de muito, elas não querem é se sentir perdidas e abandonadas, como estão se sentindo hoje.
Emails não são respondidos, posts de nada servem, comentários no blog e no site não são permitidos e o telefone de contato simplesmente não funciona, se é que realmente existe.
Hoje, depois de todo tumulto e confusão, apareceram na TV o secretário de Transportes, um Diretor da SuperVia trens e pasmem, até o governador, pessoa que em geral some nessas horas. Portanto, mesmo não querendo, creio que a “revolta” serviu de alguma coisa, nem que tenha sido só de alerta, mas fez alguém falar com as pessoas.
Ps.: Para não ser injusto com a SuperVia Trens, você pode ganhar um Cd do Dudu Nobre e assistir a um show de “samba” na Central do Brasil. É essa a informação que eles nos dão.
Ps 2.: Com certeza esse ano o marketing da empresa ganhou merecido bônus.
Ps 3.: Violência não resolve e nem nunca resolveu nada.
Ps 4.: Me encontro a disposição daqueles que quiserem debater e por em prática idéias viáveis e pacificas para ajudar na solução dos problemas. Já adiantando que virtualmente falando, elas nunca vão dar em nada.