Tudo o que a vida pode e vai nos proporcionar está contido em um balde de pipocas, desses amanteigados, com sal, muito e alguma dose de caroços teimosos que não estouram. Um balde de pipoca, um simples, talvez nem tanto, balde de pipoca comum.
Um balde de pipocas que você devora em minutos, que poucos recusam e muitos, a maioria, adora. As mãos gordurosas, as mesmas que levam as pipocas a boca seguram o balde e ajeitam a blusa que teima em sair de dentro das calças, puxa a carteira que enche o bolso e limpa a boca, que limpa nunca fica.
Meros grãos de milho que sob o calor se transformam em pipocas brancas, tenras e sem graça. Pipocas que precisam de sal, por vezes outros ingredientes mais elaborados, mas que puras nada mais são do que pequenas partes de nada. Um nada insosso, diga-se de passagem.
E esse nada não tem ligação alguma com a morte, mas quem sabe no seu dia final você não gostaria de estar acompanhado de um balde de pipocas. Sim, um balde de pipocas em seu fatídico dia. Sem preocupações, sem pensamentos desconexos, apenas você e um balde de pipocas, que seria saboreado com calma e em paz.
A morte vista como se uma grande tela, aguardada sem nenhuma ansiedade enquanto se degusta um balde de pipocas.