sexta-feira, maio 31, 2013

Quem

quem

Quem quer morrer não quer viver, quem quer viver não quer morrer, quem quer se arriscar, tentar e ousar compreender. Quem quer estar no mesmo lugar, amanhã ou depois e quem sabe também neste instante, quem quer, quem pode.

Juntamos moedas e cartas, todos perdemos a hora do passo seguinte e é sempre assim a mesma semana do passado nos assombra com aquilo que nunca pensamos voltar a existir. Paz, eu quero mais. Vida, eu quero bem. Amor, eu quero sempre.

Quem quer viver, quem quer morrer, quem quer tentar, quem pode.

Moedas e cartas em um mesmo lugar, na sequencia daquilo que nunca existiu e nem vai existir. Poderes sobrenaturais de sorrir no mesmo instante em que uma lagrima cai. E é sempre assim, a mesma semana do mês que passou nos vislumbra com falsas promessas.

Quem não quer, quem não pode, quem sabe. Outro dia talvez.

Antes do amanhecer – Cena 6: Há um vento que sopra do norte. (Loja de discos)

cena 6

Localização: A Teuchtler Alt & Neu, loja de discos está localizada no 10 Windmühlgasse no sexto distrito, perto de Mariahilferstrasse. Transporte público: parada U3 Neubaugasse, parada U2 Babenberger Strasse, ou ônibus 57A Köstlergasse. Web: http://cityguide.max.msn.de/cityguide/wien/tipps.html?id=872660.

Jesse: (caminha até Céline, que está navegando em um rack de LP’s). Este lugar é bem legal.

Céline: Sim, há ainda uma cabine para ouvir. (Encontra um álbum, e mostra para Jesse.) Você já ouviu falar dessa cantora? (Ele balança a cabeça.) Eu acho que ela é americana. Um amigo meu me contou sobre ela.

Jesse: (Apontando para cabine em volta) Você quer ir ver se essa cabine para ouvir ainda funciona?

Céline: Sim, está bem.

(Eles vão para a cabine de audição, e colocam o disco no prato. Enquanto ouvem a música, Jesse e Céline nervosamente roubam olhares um do outro, nunca conseguem fazer contato visual por muito tempo).

“Há um vento que sopra do norte, e diz que o amor tem seu curso. Venha aqui. Venha aqui.

Não, eu não sou impossível de tocar, eu nunca desejei tanto. Venha aqui. Venha aqui.

Se eu nunca deitei ao seu lado? Baby, vamos esquecer esse orgulho. Venha aqui. Venha aqui.

Bem, eu não tenho pressa. Você não tem que fugir dessa vez. Eu sei que você é tímido. Mas vai dar tudo certo desta vez”.

Clipe de cena: Jesse e Céline caminham por Maria Theresien-Platz, no primeiro Distrito, próximo ao sétimo, entre Naturhistorisches e o museu Kunsthistorisches.

Jesse: Olhe para isto. Isso é lindo.

Clipe de cena: O metrô, provavelmente na linha U4 dentro de estação Stadtpark ou Schönbrunn.

Céline: Rápido. Ele está saindo. (Indicando o vagão)

Clipe de cena: Jesse e Céline entram no bonde, a troca de conversa fiada, rindo.

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 5: É tempo de perguntas e respostas. (Um bonde)

cena 5

Localização: Jesse e Celine pegam um bonde elétrico, que parece estar em "The Boulevard Ring" que circunda o primeiro Distrito, e serve como a fronteira entre o primeiro e o segundo Distrito através de nove distritos. Web: http://www.aboutvienna.org/sights/ring.htm.

Jesse: Tudo bem, eu tenho uma ideia. Você está pronta?

Céline: Ok.

Jesse: Tudo bem é tempo de perguntas e respostas. Nós nos conhecemos um ao outro um pouco agora, nós estamos nisso juntos, então vamos pedir um ao outro algumas, perguntas diretas. Tudo bem?

Céline: Então, nós perguntamos um ao outro.

Jesse: E você tem que responder cem por cento honestamente.

Céline: Claro.

Jesse: Ok, tudo bem, primeira pergunta.

Céline: Você.

Jesse: (Fala com um sotaque alemão, ou o que os americanos consideram "freudiano".) Descreva para mim. (Volta ao sotaque regular.) Eu vou te perguntar. (Acento freudiana novamente.) Descreva para mim os seus primeiros sentimentos sexuais por uma pessoa.

Céline: (risos) Meus primeiros sentimentos sexuais, oh meu Deus. Hum, eu sei, eu sei. Jean-Marc Fleury. (Risos)

Jesse: Jean-Marc Fleury?

Céline: Eu me lembro de que estávamos no acampamento de verão juntos. E ele era um nadador.

Jesse: Hum...

Céline: Sim, ele tinha o cabelo claro por causa do cloro e olhos verdes. E para melhorar seus tempos, ele raspou o cabelo dos braços e das pernas.

Jesse: Isso é nojento.

Céline: Oh, não. Ele era como um golfinho lindo. E a minha amiga Emma tinha uma grande, queda por ele. Então um dia eu estava caminhando pelo campo, em volta do meu quarto, e ele veio andando ao meu lado. E eu disse a ele: Você sabe, você deveria sair com Emma, ​​ela tem uma grande queda por você. E ele virou para mim e disse: (Fazendo sua voz um pouco mais rouca) "Bem, isso é muito ruim, porque eu tenho uma grande queda por você”. (Jesse deixa seu queixo cair) Sim, ele realmente me assustou porque eu pensei que ele era tão incrível. E então ele me pediu oficialmente em namoro, e você sabe que eu fingi que não gostava dele. Você sabe que eu estava com tanto medo do que eu pudesse fazer. Uh, bem. Então, eu fui vê-lo nadar algumas vezes, na competição de natação. E ele era tão sexy, realmente, quero dizer, realmente sexy. Você sabe do tipo que escreve essas pequenas declarações de amor um ao outro no final do verão, e você sabe, prometeu que iria continuar a escrever sempre, e me encontrar no novo muito em breve.

Jesse: E você?

Céline: Claro que não.

Jesse: Bem, então eu acho que este é o momento oportuno para dizer-lhe que eu sou um nadador fantástico.

Céline: Sério?

Jesse: Sim.

Céline: Vou anotar isso.

Jesse: Ok. Uhu.

Céline: Então é minha vez, não?

Jesse: Sim, sim, é a sua vez.

Céline: Você já se apaixonou?

Jesse: Sim. Próxima pergunta. Qual foi a fir...

Céline: Espere, espere.

Jesse: O quê?

Céline: Espere um minuto.

Jesse: O quê?

Céline: Então eu posso dizer apenas uma palavra como resposta?

Jesse: Claro, porque não?

Céline: Não, não depois eu contei todos esses detalhes particulares sobre os meus primeiros sentimentos sexuais.

Jesse: Sim, eu sei, mas, sexo e sentimento... Essas são duas questões muito diferentes. Quer dizer, eu poderia ter respondido a coisa sobre sentimentos sexuais, não há problema, mas você sabe, amor... Bem, e se eu lhe perguntasse sobre o amor?

Céline: Eu teria mentido, mas pelo menos, você sabe, eu teria contado uma grande história.

Jesse: (Enquanto Céline está terminando sua frase, acima) Sim, bem, você teria mentido. Grande. Quero dizer, o amor é uma questão complexa. Você sabe, eu quero dizer, é como... Quero dizer, eu disse a alguém antes que a amava, e eu não quis dizer isso. Foi totalmente altruísta, dar amor? Era uma coisa linda? Nem assim você sabe. É o amor, quero dizer, eu não sei. Você sabe?

Céline: Sim, eu sei o que você quer dizer.

Jesse: Mas, voltando aos sentimentos sexuais, eu quero que você saiba que começaram com uma relação obsessiva com a Miss Julho de 1978. Conhece a revista Playboy?

Céline: Oh, sim, eu já ouvi falar.

Jesse: Sim? Conhece a Crystal?

Céline: Não... (Rindo.)

Jesse: Você não conhece a Crystal? Bem, eu conheço a Cristal. Bem... (Rindo.) É, a minha vez agora. Ok. Diga-me algo que realmente te tira do sério, realmente te leva à loucura.

Céline: Irritar? Meu Deus! Tudo me irrita.

Jesse: Ok, ok, conte um caso.

Céline: Hum, tudo bem. Eu odeio ser cantada por um homem estranho, um homem estranho na rua, sabe, assim, sorrindo para mim, como se eu fizesse eles se sentirem melhor sobre sua vida tediosa, hum, o que mais? Eu odeio, saber que a 300 km daqui há uma guerra acontecendo, você sabe, as pessoas estão morrendo, e ninguém sabe o que fazer sobre isso, ou eles não dão à mínima, eu não sei. Eu odeio os meios de comunicação, eles estão tentando controlar nossas mentes.

Jesse: Os meios de comunicação?

Céline: Sim, os meios de comunicação. Você sabe que é muito sutil, mas você sabe, É uma nova forma de fascismo. (Jesse faz que sim) Hum, eu odeio quando eu estou no exterior, especialmente nos Estados Unidos, eles são os piores. Cada vez que se vestem de preto, ou gostam de perder a calma, ou dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa, eles sempre dizem “Oh, é tão francês, é tão bonito" (Ela imita o vômito.) Eu odeio isso. Eu não posso suportar isso, realmente.

Jesse: Isso é tudo?

Céline: Bem, há um monte de coisas. Então, é a minha vez.

Jesse: Ok.

Céline: Você está pronto para responder.

Jesse: Sim, eu vou responder.

Céline: Ah, o que é um problema para você?

Jesse: Você, provavelmente.

Céline: O quê?

Jesse: Hum, não, tudo bem, eu tive um pensamento outro dia que era uma espécie de qualifica se como um problema.

Céline: O que é isso?

Jesse: Bem, foi um pensamento que tive no trem, então... Hum... Ok, tudo bem. Você acredita em reencarnação?

Céline: Sim, sim, é interessante.

Jesse: A maioria das pessoas, um monte de gente fala sobre as vidas passadas e coisas desse tipo, e mesmo que eles não acreditem de alguma forma específica, as pessoas têm algum tipo de noção sobre uma alma eterna, certo?

Céline: Sim.

Jesse: Ok. Bem, este é o meu pensamento. Cinquenta mil anos atrás, não havia sequer um milhão de pessoas no planeta. Dez mil anos atrás, não havia algo como dois milhões de pessoas no planeta. Agora, há entre cinco e seis bilhões de pessoas no planeta, certo? Agora, se todos nós temos a nossa própria alma como indivíduo, original, de onde eles vieram? Seriam as almas modernas apenas uma fração das almas originais? Porque se elas forem, o que representa uns cinco mil para um de cada alma dividida e isso apenas nos últimos 50 mil anos, que é como um pontinho no tempo da Terra. Assim, na melhor das hipóteses, somos como essas pequenas frações de pessoas, sabe, andando... Quero dizer, é por isso que estamos todos tão dispersos. Talvez seja por isso que estamos todos tão especializados?

Céline: Espere um minuto, eu não tenho certeza Eu... Eu não...

Jesse: Espere, eu sei, eu sei, é um pensamento totalmente disperso, o que é meio por isso que faz sentido.

Céline: Sim... (Insegura, mas rindo) Concordo com você.

Jesse: Vamos sair desse maldito bonde. (Eles saem)

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 4: Eu sou a vaca (A ponte)

cena 4

Localização: A passarela verde é chamada Zollamtssteg (ou, alternativamente, Zollambrucke), e está localizada entre o primeiro e o terceiro distrito, através das Wienfluss, não muito longe do Donaukanal.

Jesse: Esta é uma boa ponte.

Céline: Sim.

(Eles caminham alguns passos).

Céline: Isto é meio estranho.

Jesse: Sim, isso é meio estranho, não é? Quer dizer, eu me sinto um pouco estranho. Hum... Mas está tudo bem, certo? Está tudo bem.

Céline: Sim, isso é ótimo, isso é ótimo. Vamos a alguns lugares. Olhe para o seu guia.

Jesse: Sim, estamos em Viena, vamos a alguns lugares. Vamos perguntar a esses caras.

(Eles se aproximam de dois homens que estão olhando por cima da ponte para a água).

Jesse: Desculpe-me, desculpe-me, sprechen Sie Inglês? (Vocês falam Inglês?).

Homem de jaqueta: Sim, claro.

Homem de terno: Vocês não poderiam falar alemão para mudarmos?

Jesse: O quê?

Homem de terno: Não, foi uma piada.

Jesse: Bem, ouça, acabamos de chegar a Viena, e estamos à procura de algo divertido para fazer.

Céline: Como museus, exposições, coisas...

Homem de terno: Mas museus não são tão engraçados nos dias de hoje...

Homem de jaqueta: Hum, (olha o relógio), mas eles estão fechando agora. Quanto tempo você vai ficar aqui?

Jesse: Só por hoje à noite.

Homem de terno: Por que você veio para Viena? O que você estava esperando?

Jesse: (Perplexo) Hum...

Céline: Nós estamos em lua de mel.

Jesse: Sim, ela ficou grávida, tivemos que casar, você sabe.

Homem de terno: (Aponta para Jesse) Você sabe que eu não acredito em você, você é um péssimo mentiroso.

(Os dois homens trocam algumas palavras em alemão)

Homem de jaqueta: Veja aqui. (Puxa um papel do bolso)

Homem de terno: Esta é uma peça que nós dois estamos fazendo, e gostaríamos de convidá-los.

Céline: Vocês são atores?

Homem de terno: Não, não atores profissionais, atores em meio período, para se divertir.

Homem de jaqueta: É uma peça sobre uma vaca, e um indiano procurando por ela. Há também políticos, mexicanos...

Homem de terno: Russos, comunistas...

Homem de jaqueta: Russos.

Jesse: Então, você tem uma vaca de verdade no palco.

Homem de terno: Não, não é uma vaca real. É um ator vestido de vaca.

Homem de jaqueta: (Gesticulando) E ele é a vaca.

Homem de terno: Sim, eu sou a vaca. E a vaca é um pouco estranha.

Homem de jaqueta: A vaca tem uma doença.

Homem de terno: Ela está agindo um pouco estranho, como um cão. Se alguém joga um pedaço de pau, ela pega e leva de volta. E ela pode fumar, com seus cascos (movimentos com a mão, como se fumasse com cascos de vaca), e tudo mais.

Céline: Ótimo.

Homem de jaqueta: E como você vê, aqui está o endereço. É no segundo Distrito.

Homem com empate: Perto do Prater. Você conhece o Prater?

Céline: Oh, a grande roda gigante?

Homem com empate: Sim.

Céline: Oh, nós devemos ir.

Homem de terno: Sim, a roda, todo mundo conhece a roda.

Homem de jaqueta: Talvez vocês possam ir para a roda antes da peça. Ela começa às nove e meia.

Jesse: Nove e meia?

Homem de terno: Isso, nove e meia.

Céline: Nove e meia.

Jesse: Nove e meia? Oh, certo, certo. Ok, ótimo, bem, qual é o nome da peça?

Homem de terno: Hum...

Homem de jaqueta: Ela se chama algo como "Bring Me The Horns... (juntamente com o outro homem) a vaca de Wilmington".

Homem de terno: Isso, eu sou vaca de Wilmington.

Jesse: Certo.

Celine: Ótimo.

Jesse: Vamos tentar aparecer.

Homem de terno: Vocês vão?

Jesse: Vamos tentar.

Homem de terno: Eu sou a vaca.

Jesse: Você é a vaca.

Homem de terno: Adeus.

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

quinta-feira, maio 30, 2013

Antes do amanhecer – Cena 3: Pense nisso como tempo de viagem (Chegando a Viena)

cena 3

Localização: O trem chega à estação Westbahnhof em Viena. Tanto quanto sabemos, muitos trens vindos do leste de Budapeste para Viena realmente entram em algum lugar no sudeste e viajam alguns quilômetros para trás para parar na Westbahnhof que é uma "estação de beco sem saída.”.

(Jesse sai da mesa por algum tempo. Vemos Celine sentada sozinha, olhando para fora da janela).

Jesse: (Volta para a mesa com sua bolsa e casaco) Tudo bem, eu tenho uma ideia reconhecidamente louca, mas se eu não pedir-lhe isso, é apenas, uh, você sabe, isso vai me assombrar o resto da vida.

Céline: O quê?

Jesse: Hum... (Faz uma pausa, em seguida senta-se.) Eu quero continuar a conversar com você, você sabe. Eu não tenho nenhuma ideia de qual é a sua situação, mas, uh, mas eu sinto que nós temos algum tipo de conexão. Certo?

Céline: Sim, eu também.

Jesse: Sim, bem, bem, ótimo. (Falando muito rapidamente.) Então ouça, então aqui está o negócio. Isto é o que devemos fazer. Você deve sair do trem comigo aqui em Viena, e venha conferir a cidade.

Céline: (Surpreendida pela pergunta, e sorri.) O quê?

Jesse: Vamos lá. Vai ser divertido. Vamos.

Céline: O que devemos fazer?

Jesse: Hum, eu não sei. Tudo o que eu sei é que eu tenho que pegar um voo da Austrian Airlines amanhã de manhã às nove e meia, e eu realmente não tenho dinheiro suficiente para um hotel, então eu estava apenas indo passear, e seria muito mais divertido se você viesse comigo. E se eu for algum tipo de psicopata, você sabe, você pega o próximo trem.

(Céline sorri, ainda não tem certeza).

Jesse: Tudo bem, tudo bem. Pense nisso como isto. Um vá ao futuro, dez, vinte anos, tudo bem, e você está casada. O seu casamento não tem a mesma energia que costumava ter, você sabe. Você começa a culpar seu marido. Você começa a pensar em todos aqueles caras que você conheceu na sua vida, e o que poderia ter acontecido se tivesse ficado com um deles, certo? (Céline começa a rir um pouco.) Bem, eu sou um desses caras. (Aponta para si mesmo.) Esse sou eu, você sabe, por isso pense nisso como uma viagem no tempo a partir de então, para descobrir o que você está perdendo. Veja, que isso realmente poderia ser um favor enorme para você e seu futuro marido, para descobrir que você não está perdendo nada. Eu sou apenas como um grande perdedor, totalmente desmotivado, totalmente chato, e, uh, você fez a escolha certa, e você está realmente feliz. (Aponta para a porta com os dois polegares, e faz com a boca as palavras "Venha").

Céline: (Pensa) Deixe-me pegar minha bolsa.

Jesse: (sussurrando baixinho) Yeah!

(Jesse sai do trem, e caminha para a esquerda. Celine segue-o, parando por um momento para olhar para a direita, antes de descer para a plataforma. Jesse leva a sacola dela, e eles começam a descer a plataforma).

Jesse: Devemos arrumar um armário para tudo isso.

Céline: Ok.

(Eles entram na estação.).

Céline: Qual é o seu nome?

Jesse: (Para.) Meu nome? É Jesse. É James, na verdade, mas todo mundo sempre me chama de Jesse. (Coloca a sacola para baixo e oferece a mão).

Céline: Você quer dizer, "Jesse James"? Não?

Jesse: Não, não. Apenas Jesse.

Céline: Eu sou Céline. (Eles apertam as mãos).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 2: Você é americano? Você tem certeza? (O vagão restaurante)

cena 2

Localização: O trem continua a caminho de Budapeste, na Hungria, por Viena, na Áustria.

Jesse: Então como é que você fala bem o Inglês?

Céline: Eu fui à escola em um verão em Los Angeles. (Aponta para a mesa). Esta bom aqui?

Jesse: Sim, está bom. (Sentam-se).

Céline: Então eu passei algum tempo em Londres. Como é que você fala bem o Inglês?

Jesse: Eu? Eu sou americano.

Céline: Você é americano?

Jesse: Yeah.

Céline: Você tem certeza?

Jesse: (Inocentemente.) Sim.

Céline: (Rindo.) Não, estou brincando. Eu sabia que você era americano. E, claro, você não fala qualquer outra língua, certo?

Jesse: (Entendendo a piada) Sim, sim, eu entendo. Então, eu sou o bruto, mudo, americano vulgar que não fala nenhuma outra língua e não tem cultura, certo? Mas, eu tentei. Estudei francês por quatro anos na escola. Quando cheguei a Paris, eu estava na fila da estação de metro, eu estava praticando. (Gestos com a mão para mostrar o quanto ele estava tentando.) “Une billet, s'il vous plaît. Une billet s'il vous plait…” (Um bilhete, por favor. Um bilhete, por favor...) Você sabe...

Céline: (interrompe, corrige sua pronúncia.) UN billet.

Jesse: Un. Qualquer que seja. Un, Un. (Risos) Un billet, s'il vous plaît. Un billet s'il vous plait, você sabe, e eu fiquei la, e, uh, eu olhava para a mulher, e minha mente ficava completamente em branco. E eu comecei dizendo: "Uh, escute, uh eu preciso de um bilhete para chegar, um..." você sabe, então de qualquer maneira. (Pausa e passam andorinhas, antes de quebrar o silencio.) Então, onde você está indo?

Céline: Bem, de volta a Paris. Minhas aulas começam na próxima semana.

Jesse: Oh, você ainda está na universidade? Onde você estuda?

Céline: Sim, La Sorbonne, conhece?

Jesse: Bem, com certeza. (Pausa.) Ei, você está vindo de Budapeste?

Céline: Sim, eu estava visitando minha avó.

Jesse: Oh. Como ela está?

Céline: (Rindo.) Ela está bem.

Jesse: Ela está bem?

Céline: Ela está bem, sim. (Pausa.) E você? Aonde você vai?

Jesse: Uh, eu estou indo para Viena.

Céline: Viena? O que há lá?

Jesse: Uh, eu não tenho nenhuma ideia. Estou voando de lá amanhã.

Céline: Acha. Você está de férias?

Jesse: Uh, ye (Indeciso) Uh, eu realmente não sei o que eu estou fazendo.

Céline: Ok.

Jesse: Eu fui apenas. Eu estou apenas viajando por aí. Fui entrando em trens nas últimas duas, três semanas.

Céline: Você estava visitando amigos, ou apenas viajando por conta própria?

Jesse: Uh, sim. Você sabe que eu tinha um amigo em Madrid, mas, hum...

Céline: Madrid? Isso é bom.

Jesse: Sim, eu tenho um desses Europass, foi isso o que eu fiz.

Céline: Isso é ótimo. Então, tem essa viagem, por toda a Europa, foi boa para você?

Jesse: Sim, com certeza, sim, tem sido, hum... É horrível. Você sabe...

Céline: (risos) O quê?

Jesse: Não, uh, é como a sua, hum. Bem, eu vou te dizer, você sabe, isso de estar, você sabe, por semanas a fio, olhando pelas janelas foi realmente um bem entediante.

Céline: O que você quer dizer?

Jesse: Bem, você sabe, por exemplo, você tem ideias que você normalmente não teria.

Céline: Que tipo de ideias?

Jesse: Você quer ouvir uma?

Céline: Sim, diga-me.

Jesse: Tudo bem, uh, eu tive essa ideia, ok?

Céline: Hum, hum...

Jesse: Para um programa de televisão. Alguns amigos meus são produtores de canais a cabo, você sabe o que é isso, canais a cabo? (Céline balança a cabeça.) Hum, eu não sei... Qualquer um pode produzir um verdadeiro show barato, e eles têm que exibi-lo. Certo? E eu tenho essa ideia para esse show que duraria 24 horas por dia durante um ano consecutivo, certo? O que você faz, se você tem 365 pessoas de cidades de todo o mundo, para fazer essas vinte e quatro horas de documentários em tempo real, certo, capturando a vida como ela é vivida. Hum, você sabe, ele iria começar com uh, um cara acordando de manhã, e, uh, você sabe, tomando um longo banho, tomando seu café da manhã, fazendo um pouco de café, você sabe, e, uh, lendo o jornal.

Céline: Espere, espere. Todos aquelas coisas mundanas, coisas chatas que todo mundo tem que fazer todos os dias de sua vida de merda?

Jesse: Eu ia dizer a poesia da vida do dia a dia, mas (Celine começa a rir), você sabe, você diz que a maneira como vou dizer isso, eu vou dizer o que eu digo que...

Céline: (risos) Eu gosto disso.

Jesse: Não ouça, pense nisso como isto...

Céline: Quem vai querer assistir isso?

Jesse: Bem, bem, pense nisso como esta. Por que é que um cão, você sabe, dormindo ao sol é tão bonito? Você sabe, ele é que é bonito, você sabe, mas um homem, de pé em uma máquina de banco, tentando tirar algum dinheiro, parece um completo idiota?

Céline: Então, é como um programa da National Geographic, mas sobre as pessoas?

Jesse: Sim!

Céline: Hmm...

Jesse: O que você acha?

Céline: Sim, eu posso. (Risos) eu posso. (Risos) Eu posso vê-lo. Como 24 horas chatas, sinto muito, e, como uma cena de sexo de três minutos, onde ele cai no sono logo depois, não?

Jesse: Sim, você sabe que eu quero dizer, e... Eu quero dizer, esse seria um ótimo episódio.

Céline: Yeah.

Jesse: As pessoas iriam falar sobre esse episódio. Quero dizer, você e seus amigos podem fazer um em Paris, se você quiser, eu quero dizer.

Céline: Oh, com certeza.

Jesse: Eu não sei, a chave, a chave (cerra os olhos como se perplexo)... Esse tipo de coisa que me assombra é a distribuição, você sabe. Quero dizer, essas gravações de cidade em cidade, de cidade em cidade, para que eles pudessem reproduzir continuamente, porque ele teria que filmar o tempo todo, ou então ele simplesmente não iria funcionar.

(Garçom se aproxima da mesa, com menus em suas mãos.).

Céline: Obrigado.

Jesse: Obrigado. (Pausa, enquanto o garçom se afasta. A câmera começa a se deslocar para fora, suas vozes retornam.) Você sabe o que? Não é preparada para servir. É só que, eu não sei, uma observação sobre a Europa.

(A cena desaparece, em seguida, retorna ao salão restaurante um tempo mais tarde.)

Céline: Você sabe que meus pais nunca falaram realmente da possibilidade de me apaixonar, ou casar, ou ter filhos. Mesmo sendo uma menina, eles queriam que eu pensasse em uma carreira de futuro, como, você sabe, como uma designer de interiores, ou uma advogada, ou algo parecido. Eu dizia para o meu pai: "Eu quero ser uma escritora.", E ele dizia: "jornalista." Eu dizia que eu queria ter um abrigo para os gatos abandonados, e ele dizia: "veterinária”. Eu dizia que queria ser uma atriz, e ele dizia: "Apresentadora de TV" Foi sempre essa conversão constante da minha ambição fantasiosa para essas práticas de fazer dinheiro.

Jesse: Hmm. Eu sempre tive um bom detector de mentira quando eu era criança, você sabe. Eu sempre soube que quando eles estavam mentindo para mim, sabe? Até o momento que eu estava no colégio, eu estava determinado a ouvir o que todo mundo pensava que eu deveria fazer com a minha vida, e apenas seguia (balança a cabeça, encolhe os ombros) fazendo exatamente o oposto.

Céline: Mm-hmm.

Jesse: Ninguém nunca foi me dizer sobre isso. É só que, eu nunca poderia ficar muito animado sobre as ambições de outras pessoas para a minha vida.

Céline: Mas você sabe que, se seus pais nunca contradizê-lo totalmente sobre qualquer coisa, é como eles são, basicamente, agradáveis, dando apoio...

Jesse: Certo...

Céline: Isso torna ainda mais difícil reclamar oficialmente. Você sabe, mesmo quando eles estão errados, é isso, é essa merda passivo-agressivo, você sabe o que quero dizer, é... Eu odeio isso, eu realmente odeio isso.

Jesse: Bem, você sabe que, apesar de todo esse tipo de besteira que vem junto com eles, eu me lembro da infância como, você sabe, esse momento mágico. Eu faço. Eu me lembro de quando, uh, minha mãe me contou pela primeira vez sobre a morte. Minha bisavó tinha acabado de morrer, e toda a minha família tinha acabado de ir visitá-la na Flórida. Eu tinha uns três, três anos e meio de idade. Enfim, eu estava no quintal, brincando, e minha irmã tinha acabado de me ensinar como tirar a mangueira do jardim, e fazê-la de tal forma que, uh, (segura à mão para demonstrar a técnica mangueira de jardim), você poderia pulveriza-la contra o sol, e você poderia fazer um arco-íris. E então eu estava fazendo isso, e através da névoa, eu podia ver minha avó. E ela estava ali de pé, sorrindo para mim. E, uh, então eu segurei ali, por um longo tempo, e eu olhei para ela. E então, finalmente, soltei o bico, você sabe, e eu deixei cair à mangueira, e ela desapareceu. E então eu voltei para dentro, e eu disse aos meus pais, você sabe. E eles, uh, sentaram-me no chão e me deram uma grande lição sobre quando as pessoas morrem você nunca vê-las novamente, e como eu tinha imaginado. Mas... Eu sabia o que eu tinha visto. E eu estava feliz que eu por ter visto. Quer dizer, eu nunca vi nada assim desde então. Mas, eu não sei. É apenas uma espécie de deixe-me saber como tudo era ambíguo, você sabe, até mesmo a morte.

Céline: Você tem muita sorte de poder ter esta atitude para com a morte. Eu tenho medo da morte 24 horas por dia. Eu juro. Quero dizer, é por isso que eu estou em um trem no momento. Eu poderia ter voado para Paris, mas tenho muito medo.

Jesse: Ah, vamos...

Céline: Eu não posso ajudá-lo. Eu não posso ajudá-lo. Eu sei que as estatísticas dizem que avião, é mais seguro, seja qual for. (Jesse risos.) Quando estou em um avião, eu posso vê-lo. Eu posso ver a explosão, (Jesse faz um efeito de som de explosão) eu posso me ver caindo por entre as nuvens, e eu estou com tanto medo daqueles poucos segundos de consciência antes de morrer, você sabe, quando você sabe com certeza que você vai morrer. Eu não consigo parar de pensar dessa forma. É cansativo.

Jesse: Sim, eu aposto que sim.

Céline: Realmente desgastante. (Ela olha para fora da janela e vê pontos, enquanto o trem desacelera.) Eu acho que isso é Viena.

Jesse: Sim?

Céline: Você salta aqui, não?

Jesse: Sim, o que é uma chatice. Eu gostaria ter conhecido você antes, você sabe, eu realmente gostei de conversar com você.

Céline: Sim, eu também. Foi muito bom conhecê-lo. (Parada do trem, cena desaparece).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 1: O que você está dizendo? (O trem)

cena 1

Localização: O trem está a caminho de Budapeste, Hungria, para Viena, Áustria, que normalmente é uma viagem de três horas por via férrea. Cena: Celine está lendo "Madame Edwarda; Le Mort, Histoire de l'oeil" por Georges Bataille. Jesse está lendo "All I Need Is Love", de Klaus Kinski (autobiografia). Além disso, um casal argumenta em alemão que é reconhecido por ter acentos austríacos.

(Vemos um casal de meia-idade, sentado na frente do vagão, à esquerda da tela. Celine está sentada do outro lado do corredor a partir deles, à direita da tela, lendo um livro.)

Mulher: Kannst Du sie bald auswendig?

(Você pode me dizer o que é tão interessante?)

Homem: Es wird dich nicht interessieren, aber es steht etwas ueber dich in der Zeitung. 70.000 Frauen sind dem Alkohol Verfallen. Du bist eine davon.

(Não vai interessá-la, mas há algo escrito sobre você no jornal. 70.000 mulheres são viciadas em álcool. Você é uma delas.)

Mulher: Das trifft mich ueberhaupt nicht. Wenn hier jemand dem Alkohol verfallen ist, dann bist es du. Schau dich doch mal in den Spiegel. Schaust Du Dich manchmal in den Spiegel?

(Isso não me diz respeito, se alguém está viciado em álcool, então é você, basta olhar para você no espelho, você se olha no espelho, às vezes?)

Homem: Bei mir hat es einen Grund, ich bin mit dir verheiratet.

(Eu tenho um motivo para fazer isso, eu sou casado com você.)

Mulher: Koenntest du diese Verdammte Zeitung Endlich weglegen Jetzt.

(Jogue fora o maldito jornal, já!)

Homem: Das mach ich jetzt seit 15 jahren. Koenntest du mir den Gefallen tun und mich endlich in Ruhe lassen.

(Estou fazendo isso desde os 15 anos, você poderia me fazer um favor e me deixa em paz?)

(Jesse aparece na tela momentaneamente pela primeira vez.)

Mulher: Ich lass dich so gern in Ruhe, aber ich hab einen Vorschlag. Du lasst mich auch in Ruhe. Ich hab einen wunderbaren Vorschlag, du ziehst zu deiner Mutter und du kannst alle deine Kochbuecher mitnehmen.

(De bom grado vou deixar você sozinho, eu sugiro que você me deixe sozinha também. Tenho uma ótima sugestão, você vai para a sua mãe e terá todos os seus livros de receitas com você.)

Homem: Das ist ein wunderbarer Vorschlag, den unterbreitest du mir ungefaehr zwei mal im Monat.

(Essa é uma sugestão maravilhosa, você não funciona cerca de duas vezes por mês).

(Ela dá um tapa seu jornal para baixo, e para fora de suas mãos, em seguida, pega o papel.)

War das jetzt wirklich notwendig? War das notwendig?

(Isso agora era realmente necessário? Era necessário?)

(Perturbada pela luta do casal, Céline se levanta, pega a bolsa do bagageiro, e se muda para outro lugar em direção à traseira do carro. Enquanto ela se instala em seu novo lugar, ela olha através do corredor para Jesse. Ele olha para trás. Ela olha para Jesse mais uma vez depois pega seu livro.)

Homem: Geh zu deiner Mutter.

(Volte para a sua mãe.)

Homem: Geh zu deiner Mutter zurueck, ich kann es nicht mehr hoeren. immer das Gleiche . immer das Gleiche. Ich kann es nicht mehr hoeren.

(Volte para a sua mãe, eu não aguento mais. Sempre a mesma coisa. Sempre a mesma coisa. Eu não aguento mais.)

Mulher: Das ist so langweilig!

(Isso é tão chato!)

Homem: Ja, du bist langweilig!

(Sim, você é chata!)

Mulher: Ja, du auch.

(Sim, você também.)

Homem: Ich kann doch nicht diese Wohnung dem preisgeben Chaos.

(Eu não posso viver naquele apartamento, para que o caos)

Mulher: Das Chaos ist alleinschon deine Sache. Ich behalte...Ich kann’s nicht behalten, die Katzen.

(O caos é apenas coisa sua. Guarde... Eu não posso ficar com eles, os gatos)

Homem: Apropos Katzen.

(Apropriado, os gatos).

Mulher: Ja?

(Sim?)

Man: Wieder vergessen!

(Novamente, esqueça isto!)

Mulher: Wer hat das Sheba nicht gekauft? DU hast das nicht gekauft! Ich geh' jetzt in den Speisewagen. Nimm das Geld mit.

(Quem não comprou o ***”Sheba”? Você ainda não comprou! Estou indo agora no carro lounge. Leve o dinheiro com você) - "Sheba" é uma marca de comida de gato.

Homem: Jetz 'bleib doch einen Augenblick.

(Agora, somente espere um momento.)

Mulher: Ich nicht moechte, dass du mit mir kommst.

(Eu não quero que você vá comigo.)

Man: Wart 'doch einen Augenblick.

(Espere um momento.)

Mulher: Wie geht auf diese SCHEISS Tuer!

(Como faço para abrir essa maldita porta?)

(Céline olha por cima do livro, perturbada. Ela se move para outro banco, em frente a Jesse. Eles olham um para o outro. A mulher que estava discutindo com o marido sai do carro, andando pelo corredor com o marido segue entre Jesse e Celine. Eles olham um para o outro, sorriem então Céline olha para longe.)

Jesse: ( Ainda olhando na direção de Celine) Você tem alguma idéia do que eles estavam discutindo? (Aponta para a saída.)

Céline: (Olha para ele, olha por cima.)

Jesse: Você... você fala Inglês?

Céline: Sim. Não, me desculpe, meu alemão não é muito bom. (Jesse se inclina para trás, desapontado. Celine pausa por um segundo, então continua.) Você já ouviu falar que os casais mais velhos, eles perdem a capacidade de ouvir um ao outro?

Jesse: Não.

Céline: Bem, supostamente, os homens perdem a capacidade de ouvir sons de alta frequência, e as mulheres acabam por perder audição na frequência mais baixa. Eu acho que eles meio que anulam um ao outro, ou algo assim.

Jesse: Eu acho que é a maneira da natureza de permitir que os casais envelheçam juntos sem matar uns aos outros. (Céline sorri, pequeno riso, se vira.) Que você está lendo? (Ela lhe mostra.) Oh, sim.

Céline: E você?

Jesse: Hum. (Olha para baixo, então ri e mostra, e ela sorri.)

(Casal volta ao carro, ainda discutindo, embora muito mais calmo.)

Mulher: Typisch! Sind ihre? Wirklich so gehuepft, dass du sie dauernd anstarren musst?

(Você pode me dizer por que você estava sempre olhando para ela?)

Homem: es Vergiss.

(Esqueça).

Jesse: Olha, eu estava pensando em ir para o vagão restaurante daqui a pouco. Você gostaria de vir comigo?

Céline: (Ombros.) Sim.

Jesse: Ok.

(Levantam-se e deixam o vagão. Jesse dá "socos" no mecanismo da porta automática ao entrar no vagão restaurante).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

quarta-feira, maio 29, 2013

Antes do amanhecer, do por do sol e da meia noite

antes do amanhecerantes do por do solantes da meia noite

Sim, teremos uma trilogia. Os tão famosos Antes do amanhecer (Before Sunrise) e Antes do por do sol (Before Sunset), vão ganhar a companhia do Antes da meia noite (Before Midnight), o terceiro filme da historia de amor de Céline e Jesse.

Antes do amanhecer (Before Sunrise) de 1995 deu inicio a essa linda história de amor, quando Céline e Jesse se conhecem em uma viagem de trem e decidem passar a noite juntos em Viena. Nove anos depois acontece o reencontro em Antes do por do sol (Before Sunset), desejo dos próprios atores.

Agora, surge o filme que fecha o ciclo, Antes da meia noite (Before Midnight), onde vemos o que aconteceu depois que Jesse teve de escolher entre passar a noite com Céline ou voltar a sua rotina.

O filme estreou no Estados Unidos com elogios da critica e estreia dia 07/06 por aqui.

terça-feira, maio 28, 2013

De janeiro a janeiro

de janeiro a janeiro

Não consigo olhar no fundo dos seus olhos
E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar
As várias fases, estações que me levam com o vento
E o pensamento bem devagar

Outra vez, eu tive que fugir
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar

Roberta Campos

Verbo errado

verbo errado

O momento, aquele, em que todos os sentidos se aguçam e você percebe que conjugou errado o verbo. Esse momento é justo aquele que você temia, mas que acontece e não tem volta.

Você espera o presente, mas vive o passado. Você busca o futuro, mas está no gerúndio da coisa. O que parece nunca é e o que é, apenas parece.

Ao olhar para os lados você se dá conta de que está sozinho e aí, percebe que nunca teve ninguém ao seu lado em tempo algum. O que você imaginava ser de verdade é tão somente a mentira de sempre, aquele em quem você acreditou cegamente.

A solução, se é que podemos chamar assim, não é o isolamento, mas você vai precisar por um tempo esquecer os verbos no passado. O isolamento, por um curto período de tempo, vai lhe ajudar a focar no que é essencial a manutenção das coisas como elas tem de ser.

domingo, maio 26, 2013

Com carinho e amor

com carinho e amor

- Bailarina de porra nenhuma, eu sou muito mulher para ficar nessa frescura de ponta dos pés! Respeite meus longos fios loiros!
- Bailarina sim e das mais vagabundas, daquelas que não consegue nem fazer um spaccato decente. Bailarina dessas de fundo de quintal, que se apresenta em festa infantil com um monte de pai babão querendo apalpar. E só para constar, eu respeito é o dono da farmácia que te vende essa tintura vagabunda a preço de ouro.
- Tomar no meio do olho do cú que é bom você não quer!

Uashington Micael Renato Jonson e Shirleide Arlene Lorem da Silva nunca se deram, mas agora resolveram se amar e foram juntos morar no Irajá. Apartamento pequeno, uma sala que faz as vezes de quarto e cozinha e um banheiro, que faz as vezes de área de serviço. Aconchegante eles dizem, um muquifo todo mundo sabe que é.

Shirleide é caixa do Guanabara da Penha, sonhar em ser “coleguinha” do Luciano Huck ou quem sabe, se a sorte não lhe sorrir, Panicat. Todos os meses compra a Tele sena e todo ano manda vídeo para o Big Brother. Estudou até onde deu, mas sabe fazer as quatro operações básicas da matemática como ninguém, até ganhou o concurso de tabuada em 2001 quando trabalhava no Supermarket.

Uashington é, como ele gosta de dizer, assistente de beleza no salão da Creuza em Honório Gurgel. Faz maquiagem, balaiagem, rinsagem, sacanagem e outras coisas, como ninguém. Fez curso de solda no SENAI, mas se descobriu quando preparou a noiva, a mãe da noiva e todas as madrinhas para um casamento usando apenas um batom e uma caixa de maquiagem de criança. Ele sempre diz que seu talento é desperdiçado, mas por falta de coisa melhor vai ficando por lá para pagar as contas.

Shirleide e Uashington se conheceram na escola municipal onde fizeram juntos o supletivo. A amizade foi instantânea e eles então decidiram dividir o dia a dia e agora vivem em harmonia, tratando-se com carinho e amor.

sábado, maio 25, 2013

Sorte grande 2

sorte grande 2

- E o Palmeiras esse ano é o favorito da segundona.
- Enquanto o Galo é o favorito da primeira. Estão desprezando os cariocas, mas acho que o Botafogo vai brigar lá em cima.
- E você e a Lívia? Como é que duas pessoas tão distintas se conheceram e ainda conseguiram se apaixonar?
- Mudou bem de assunto, virada dinâmica. Nos conhecemos em uma daquelas festas que reuniam toda a turma.
- Não vai me dizer que foi no churrasco do Beto?
- Não, acho que foi na da Luana.
- Aquele em que depois fomos para o Lounge Bar tomar a saideira?
- Essa mesmo.

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- Eu cheguei achando que aquela festa não ia dar em nada, estava tão desanimado que pensei até em não ir.
- Foi aí que você a viu e considerou melhor a festa.
- Você vai permitir que eu continue ou quer tentar adivinhar a história?
- É, vai deixar ele terminar ou não?
- Ok filhos da mãe! Continue, não vou mais perturbar. _____________________________________________________________________________

- Como eu estava dizendo, eu nem ia à festa, sabia que iam comprar aquela vodca que eu não bebo e o Luciano ia fazer aqueles horríveis drinks cheios de fumaça que ele faz em toda festa. Enfim, decidi não ficar em casa e fui, chegando lá a vi conversando com um grupo de meninas. Reconheci a Amanda e já me preparei para ir falar com elas.
- Já foi cheio de maldade.
- Não, não fui não. Falei com tudo mundo antes, cumprimentei geral na festa.
- Mas o foco era chegar ao grupinho que ela estava.
- Sim, só estou dizendo que não fui direto que nem alguém que nunca viu mulher. O Léo veio falar comigo, a Beth veio cheia de fogo me agarrar. Apenas fiquei interessado em saber quem ela era, nunca a havia visto nas nossas festas.
- O Léo disse que você nem falou com ele direito. _____________________________________________________________________________

- Prosseguindo... A vi no meio do salão, perguntei para o Léo quem era e ele me deu a ficha completa, mas já foi dizendo que ela era muito certinha.
- E foi aí que você quis ver se era mesmo verdade.
- Ele até que não mentiu, ela realmente é metódica para certas coisas. Naquele dia então, parecia à pessoa mais certinha do mundo.
- Você fica desdenhando, mas bem que pegou. Depois de tudo isso, como é que você foi gostar dela? Foi por não te dar mole?
- Me deixem terminar de contar! _____________________________________________________________________________

- O fato é que mesmo com toda a pose dela, alguma coisa me chamou a atenção e acho que foi o olhar. Ela olhava para as pessoas com vontade, não era aquele olhar de quem já morreu, era um olhar de quem deseja mais. Esse mais podia ser conhecer, ter, encantar, conquistar e no meu caso, quando ela me olhou nos olhos, penetrou a alma e derreteu tudo. Não vou dizer que foi paixão a primeira vista, mas que foi um bom começo isso foi.
- Então foi só isso, o olhar? Foi por conta desse olhar que você se apaixonou por ela?
- Não foi só o olhar, tiveram muito mais coisas.
- O que, por exemplo?
- Ah... A conversa agradável, a inteligência, o bom humor e muitas outras coisas que encantam um homem quando ele conhece uma mulher. Sabe, a gente reconhece quando ela nos toca, quando ela sorri ou quando ela simplesmente age naturalmente, sem querer ser ou parecer alguém que não é.
- Nossa você está mesmo apaixonado.
- Que culpa tenho eu se tirei a sorte grande...

Sorte grande

sorte grande

- E o centro das atenções agora é o tal de Feliciano.
- Estamos no Brasil, precisamos sempre de algo ou alguém para poder falar, seja bem, ou seja, mal.
- E você e o César? Como é que duas pessoas tão distintas se conheceram e ainda conseguiram se apaixonar?
- Nos conhecemos em uma daquelas festas que reuniam toda a turma.
- Não vai me dizer que foi a da Luana?
- Não, acho que foi no churrasco do Beto.
- Aquele em que depois foi tudo mundo para o gramado olhar as estrelas?
- Esse mesmo.

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- Eu já estava lá com as meninas, mas estava achando aquele churrasco tão desanimado que estava pensando até em ir embora.
- Foi aí que ele chegou e você mudou de idéia!
- Você vai permitir que eu continue ou quer tentar adivinhar a história?
- É, vai deixar ela terminar e nos contar ou não?
- Ok suas chatas! Continue, não vou mais interromper.

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- Como eu estava dizendo, a festa estava bem sem graça, encheram o freezer com aquela cerveja que eu não gosto e a caipirinha que o Luciano estava fazendo era horrível. Enfim, conversava com as meninas quando ouvi um burburinho vindo da entrada e quando olhei era ele entrando, todo metido como se fosse sua realeza.
- Já está aumentando, querendo valorizar o produto.
- Não senhora, não estou não. Falava com todo mundo, nariz empinado, sorriso no rosto e aquele ar de rei do pedaço. Impressionante como todos o conheciam e faziam questão de cumprimentar.
- Mas que mal tem ser conhecido?
- Mal nenhum, só estou dizendo que quando ele chegou, parecia que a festa inteira havia parado para lhe cumprimentar. O Léo que estava na churrasqueira gritou, a Beth só faltou pular no pescoço dele. Aí fiquei curiosa para saber quem é que monopolizava tanta atenção assim.
- A Amanda falou que você perguntou logo quem ele era.

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- Prosseguindo... Vi aquela figura entrando na festa, perguntei para Amanda quem era e ela me deu a ficha completa, mas já foi dizendo que ele não prestava.
- E foi aí que você quis ver se era mesmo verdade.
- Ela até que não mentiu muito, ele não presta mesmo. Naquele dia então, parecia o Don Juan de um real e noventa e nove centavos.
- Você fica desdenhando, mas bem que pegou. Depois de tudo isso, como é que você foi gostar dele? Foi a pose?
- Me deixem terminar de contar!

_____________________________________________________________________________

- O fato é que mesmo com toda a pompa com que ele chegou, alguma coisa me chamou a atenção e acho que foi o olhar. Ele olhava para as pessoas com vontade, não era aquele olhar de quem já morreu, era um olhar de quem deseja mais. Esse mais podia ser conhecer, ter, encantar, conquistar e no meu caso, quando ele me olhou nos olhos, penetrou a alma e derreteu tudo. Não vou dizer que foi paixão a primeira vista, mas que foi um bom começo isso foi.
- Então foi só isso, o olhar? Foi por conta desse olhar que você se apaixonou por ele?
- Não foi só o olhar, tiveram muito mais coisas.
- O que, por exemplo?
- Ah... A conversa agradável, a inteligência, o bom humor e muitas outras coisas que encantam uma mulher quando ela conhece um homem. Sabe, a gente reconhece o cara quando ele nos toca, quando ele sorri ou quando ele simplesmente age naturalmente, sem querer ser ou parecer alguém que não é.
- Nossa você está mesmo apaixonada.
- Que culpa tenho eu se tirei a sorte grande...

sexta-feira, maio 24, 2013

Água de beber

agua de beber

Quinze dias em claro sem uma gota de álcool. Veneno dos meus dias que hoje consigo viver sem. Graças à força de vontade de muitas pessoas, menos a minha, estou a quinze dias, exatos quinze dias e dezoito horas sem nenhuma gota de álcool.

Bebi muito antes de decidirem que eu devia parar. Tomei garrafas e mais garrafas de cachaça, litros e mais litros de uísque, doses e mais doses de tequila, tudo o mais que se possa imaginar eu bebi. Veneno eu dispensei, muitas vezes, mas me arrependo, teria sido menos traumático.

O fígado, que já não tenho, resistiu bravamente enquanto pode e pode muito. Os rins, estes filtraram legal e ainda estão em ponto de bala. Nunca me senti tão bem, nem quando tomei doses cavalares de batida de coco com laranja, que coisa boa.

Sempre fui presença máster dos casamentos, batizados, festas de quinze anos e bodas de prata. Palhaço nunca, apenas presença obrigatória para animar a festa e as tias velhas fogosas que reclamam, mas se amarram em um bêbado assanhado. Nunca paguei mico de cair no chão ou me atirar na piscina, mas contei um monte de piadas sem graças que todo mundo riu e ainda pediu bis.

Bons tempos em que beber era só algo corriqueiro e não uma obrigação, bons tempos em que o barato era ficar alegre e não doidão. Tempos bons, que nunca mais vão voltar, parei de vez com essa coisa de sair torto na foto. Agora quero paz, sombra e dois dedos de vodca com limão, açúcar e gelo.

quinta-feira, maio 23, 2013

no

- Viral!
- Viral?
- Viral mesmo. Sabe esses que todo mundo compartilha sem nem mesmo ler? Sabe esses que todo mundo curte sem nem mesmo saber por quê? Então, é desses!
- Viral de pasta de dentes ou de desinfetante bucal?
- Viral de remédio para cólica.
- Viral de remédio para cólica? Mas assim do nada? Sem motivo algum?
- Isso mesmo que você ouviu e alguém está lendo, viral de remédio para cólica porque alguém quis que fosse assim.
- O mundo está um absurdo, como pode uma coisa dessas?
- Podendo, e pelo visto vai ficar pior, dependendo do tamanho do nó.

quarta-feira, maio 22, 2013

Coisas que odeio: Atraso

atraso

Há uma grande diferença entre o atraso puro e simples e o atraso quando você marca algum compromisso. Não, não sou britânico e também atraso, às vezes, mas acontece e portanto, procuro relevar certos atrasos.

O fato de me atrasar e de relevar alguns atrasos não significa que não odeie essa prática, que considero de extrema falta de consideração para com os demais.

O que são umas horas a mais? Para alguns nada, mas para mim, e dependendo das circunstancias, significam muito. Imprevistos acontecem, mas se não acontecerem, você precisa cumprir com seus horários, sejam eles quais forem.

terça-feira, maio 21, 2013

Aquela noite 2

aquela noite 2

Rosa? Não, azul. O vestido que você usava aquela noite era azul com toques de cristal, arrisco-me a dizer turquesa. Isso, azul turquesa com ornamentos em cristais swarovski.

O perfume eu me lembro com propriedade, era o clássico Channel nº 5. Você sempre adorou os clássicos e nunca se submeteu a moda que a cada estação lança uma fragrância diferente inspirada em tendências inventadas. Por mais que possa parecer você nunca foi obvia e muito menos enfadonha, a cada encontro seu perfume se intensificava mais em mim.

E como você sempre foi detalhista, suas mãos de unhas bem feitas, perfeitas, complementavam o conjunto. O sapato belíssimo, o colar, os brincos, cada simples objeto quando junto ao seu corpo ganha proporções de obra de arte.

Eu ali, parado a te admirar, focava meus olhos nos seus e como que por encanto, viajava em pensamentos para lugar algum. Inebriava-me a atmosfera, a luz do luar, a música e nossos corpos a bailar em silencio.

Aquela noite nos amamos pela ultima vez e foi como se fosse a primeira. Intensa, mágica e especial. Aquela noite nossos corações encontraram-se para nunca mais perderem-se um do outro.

segunda-feira, maio 20, 2013

Aquela noite

aquela noite

Aquela noite vai ficar para sempre na memória, nunca vou poder me esquecer das taças, dos pratos, do clima, de você, de nós. A música criava a atmosfera, a lua emoldurava o momento e o sentimento, mutuo, era o que nos fazia querer parar o mundo.

Aquela noite, única, foi marcante não só por tudo o que fizemos, dissemos ou sentimos. A noite foi especial porque estávamos lá por inteiro, sem amarras.

O decanter ainda guardava algumas doses do bom Barolo Rocche, os pratos conservavam restos do cordeiro. A mesa posta, a cama desfeita, os corpos suados.

Vinte anos depois ainda me lembro de todos os detalhes, seu vestido, seu rosto, seus olhos, o momento. Não estarmos juntos não significa que não deu certo, significa que talvez tenhamos feito à escolha certa.

Não destruímos o que foi bom e mantivemos a amizade, o carinho, o respeito e o amor.

domingo, maio 19, 2013

Coisas que odeio: Covardes

covardia

Um milhão contra uma centena, alguns contra milhares, você contra o mundo e em menos de um segundo, como que em um passe de mágica, o mais fraco vence o mais forte. Não é assim que acontece, mas é como Davi contra Golias.

Os covardes podem estar acompanhados de outros ou podem estar sozinhos, a covardia não se configura apenas nos atos violentos, a covardia, principalmente a que mais odeio, se configura quando uma pessoa não tem coragem suficiente para ser ela mesma e lutar por seus ideais.

Obedecer a regras, se enquadrar as normas, é uma coisa totalmente diferente de ter medo de fazer o que deve ser feito. A submissão cega e burra é uma das piores coisas que pode existir.

Uma pessoa covarde é uma pessoa fraca, sem brilho, sem pulso, sem tesão. Uma pessoa nessas condições merece realmente ser pisada pela vida e será. Ela não reage à provocação, ela não explode no momento certo e em momento algum, ela é apenas objeto figurativo sem serventia alguma.

Nascidos para servir, de capacho, os covardes seguem sua rotina medíocre sem se importar com o futuro, pois para eles, quanto menos decisões tiverem que tomar, melhor.

Os covardes acham que é mais importante serem reconhecidos como fiéis escudeiros, o cachorro que abana o rabo. Eles têm medo de serem vistos como contestadores, rebeldes e por conta disso, serem preteridos.

Para eles, os covardes, a vida se resume a fazer o que se pede, sem questionamentos ou coisa do tipo. Para mim, eles podem continuar a vagar por aí, se isso lhes trás felicidade.

Deixa estar

deixa estar

Deixa o tempo andar que o tempo passa
Como passa o tempo da canção
Tempo pra abrigar um sentimento bom
que dá o tom pra cantar

Deixa o carro circular a praça
feito carreata em contramão
Carro pra abrigar o nosso sarro quando dá de se apaixonar

Não vai acabar
Vai ver só vai se transformar

Deixa estar
Quando o vendaval passar
Voltaremos a nos ver
Quero festa e copo pra brindar
E uma orquestra pra lhe acompanhar
E ouvir você cantar
E sem sair do tom
Um sentimento bom

Fernando Temporão & Moyseis Marques

sexta-feira, maio 17, 2013

Um livro

um livro

Um livro de nós dois, antes, durante e depois. Um livro do que vem e do que nunca se foi. Um livro pra amanhã e pros dias seguintes, um livro que vai além de quem já vai partir.

Um livro escrito para temperar a relação partida. Um livro feito à mão com a receita certa e na medida. Um livro que não é especial e muito menos tão normal é algo que se lê depois do telejornal.

Pessoas ignoram os fatos, leem as frases curtas e os grandes parágrafos deixam para trás. Pessoas só olham figuras, baseiam-se em imagens reais que brotam da imaginação. É tudo mentira enquanto a verdade insiste em se esconder.

O avesso do verso, o incerto começo e o tanto de coisas que não conheço. Um livro pra marcar o que não existe e para registrar os sentimentos mais lindos do mundo.

quinta-feira, maio 16, 2013

Essa novela

essa novela

- Separe os livros, os discos e o que mais precisar. Não me importo se levar o meu retrato ou se deixar o tal do gato. Horácio, já me esqueci de quantas vezes tivemos essa mesma conversa inútil, melhor apenas não pensarmos no fim.

- Não quero os livros, dispenso os discos e não preciso de mais nada. Não vou levar o seu retrato e nem o meu, vou deixar o gato. Lembro-me muito bem de quantas vezes tivemos essa conversa que você acha inútil, mas concordo com você que é melhor não pensarmos no fim.

No começo da novela tudo era maravilha. O desfile na avenida, a escola campeã, as flores pela manhã e o jantar especial, tudo tão real.

No final a mesma coisa, a partilha desigual. O fogo no barracão, a escola rebaixada, as flores murchas na calçada e o almoço trivial, tudo tão real.

quarta-feira, maio 15, 2013

Tanta realidade

tanta realidade

Tanta realidade se perdeu e não foi sonho meu, enfim valeu. Ô se valeu!

Tanta coisa pouca boa foi embora e é chegada a hora da nossa separação

O tempo deixa marcas no coração. A gente pensa sempre que dá pra suportar, mas no momento certo a dor vem e aí não tem quem possa agüentar.

Lágrimas que rolam e caem no chão. Flores que se abrem a cada estação. Passa o inverno, vem o verão, mas nada apaga o amor que guardo no peito.

Tanta realidade, sonho meu. Enfim valeu.

terça-feira, maio 14, 2013

Casinha branca

casinha branca

Encontrei casinha branca, na varanda, no quintal, eu encontrei você! Pisei na areia pra brincar com o mar, eu me deixei levar, eu fui pra Paquetá.

Estava lá pensando em te encontrar, mas não te achei e resolvi voltar de lá pra cá. Sou menino, mas meu peito é forte, não perecer de tanto te buscar.

Fui a Lapa, viajei pro norte, dei um pulo no sul e não te encontrei. Está ficando tão difícil isso, não quero mais brincar, só quero te achar.

Vem pra mim não posso esperar, o tempo vai passar e quero te beijar.

segunda-feira, maio 13, 2013

O acaso

o acaso

Se o acaso transparece, enlouqueça o amor. Subverta os alicerces de tudo o que passou, tire os quadros da parede, os retratos da estante e o restante entregue a quem precisar.

O vazio do meu peito ninguém pode preencher. Essa dor guardo comigo e é direito merecer. Sigo bem e sigo em paz, sem desejos recorrentes de viver cada vez mais.

Revivendo bons momentos ao seu lado fui feliz. Hoje o disco na vitrola ignora nossa música, a festa continua e não é minha e nem é sua, vamos celebrar na praça e esquecer pouca desgraça.

Se o acaso enlouquece, subverta o amor. Transpareça o que passou, bote os quadros na parede, os retratos na estante e o restante guarde para quando precisar.

domingo, maio 12, 2013

Lua de ouro

lua de ouro

Lua de ouro, chuva de prata, eu quero ver quem vai vender garrafa. Vento do norte, sol do sudeste, eu quero ver quem vai ficar contente. Estou além daquilo que eu não conheço e desconheço aquilo que nunca vivi.

O meu amor deixei lá no sertão, vou voltar ao meio dia e espero não a encontrar. Não quero ver seu rosto triste na soleira ficar ainda mais triste porque eu não vou voltar. Deixei amigos e histórias bem bonitas, fiz minha vida da maneira que eu pude.

Riacho fundo no fim do mundo pode demorar um segundo mais um dia eu chego lá.

sábado, maio 11, 2013

Presente

presente

Papai do céu me dê de presente algo que me deixe contente e de vontade de usar. Uma bicicleta talvez, um patinete, porém terei que aprender a usar. Papai do céu seja benevolente já estou há muito tempo esperando sem ganhar, não peço muito, mas meu pouco é tudo e se você me der bem feliz eu vou ficar.

Estou pedindo porque sei que eu mereço, estou pedindo e espero que não vá negar. Quero simplicidade, sei que será de verdade, o senhor não vai falhar.

De antemão já lhe agradeço, tenho muito apreço por tudo o que o senhor faz. Estou pedindo, mas não sou pedinte, sou apenas mais um pobre triste peregrino viajando nesse mundo à custa de desatino sem saber aonde chegar.

sexta-feira, maio 10, 2013

Eu, você e todos nós 3

eu, voce e todos nos 1

Pobres flores no jardim, pobre jardim. Você cuida muito bem de você e muito mal das flores, das plantas, da natureza. Primeiro, o ser primitivo, o homem das cavernas e suas necessidades básicas, depois o resto.

Li três livros muito interessantes, você devia parar um pouco com essa sua rotina estressante de se preocupar com o nada e começar a se interessar mais por minhas leituras. Sempre digo a mesma coisa e você, ignora, como sempre, e continua com essa irritante mania de comprar livros sobre coisas que não fazem o menor sentido.

O chuveiro continua queimado desde a semana passada e como você não se dispõe a conserta-lo, o banho frio tem me feito extremamente mal. Minhas toalhas estão encolhendo, por mais surreal que isso possa parecer. Nós dois nos enxugando com elas pode ser o motivo disso, mas prefiro pensar que elas estão encolhendo é de frio mesmo.

Ontem não ouvi uma palavra do que você disse e hoje também não pretendo ouvir. Você não fala nada que preste desde que descobriu que podia comprar doces de qualidade na mercearia da esquina. Minhas tarefas ocupam o tempo necessário para que eu não tenha que lhe dar atenção. Fique com seus doces e eu fico com a minha paz.

E por falar em paz, ainda continuo empenhada em continuar ao seu lado. Mereço um beijo?

Eu, você e todos nós 2

eu, voce e todos nos

Reguei as flores no jardim e agora vou cuidar de mim. Sempre assim, primeiro as flores, as plantas, a natureza e depois o homem, o ser que deveria ser mais humano, mas não é.

Perdi dois livros na semana passada, comprarei outros tantos no mês seguinte e com certeza vou me ressentir por não ter lido os dois perdidos. Você vai dizer que é sempre a mesma coisa, que dias iguais não completam calendário, mas é assim que me sinto e não vou mudar isso. Pelo menos por enquanto.

Por duas vezes depois do banho frio, me enrolei na sua toalha. Já não fazem mais toalhas felpudas como antigamente, já não fazem mais nada como antigamente. Eu mesmo, já não sou mais como antigamente. Tudo mudou, eu mudei, você mudou. Não, você definitivamente, continua a mesma, linda.

Contei-lhe sobre ontem? Não? Pois bem, acho melhor não contar mesmo, ontem foi um daqueles dias, você ficaria entediada só de começar, a saber, o que não me aconteceu. Vamos falar disso outra hora, quando você estiver mais calma e menos atarefada.

E por falar em tarefas, ainda continuo empenhado em não me afastar de você. Mereço um beijo?

quinta-feira, maio 09, 2013

Amor e ódio

amor e odio

A reclamação é geral, uns falam do Fantástico, outros do Faustão, alguns tantos da Ana Maria Braga e seu papagaio, eu não conheço um que não reclame da Rede Globo e sua programação edificante. Não importa a classe social, o credo ou qualquer outra coisa, cada um tem o seu motivo para tecer comentários nada elogiosos a Vênus platinada, como assim ela costuma ser chamada.

O que não consigo compreender é como essas mesmas pessoas, as que reclamam, conseguem ser tão dependentes do programa global de maior audiência, a famigerada novela das oito. Chega a impressionar, sai novela, entra novela e a audiência cresce a níveis inimagináveis.

São pessoas desesperadas porque vão perder o começo ou o final do capitulo do dia. Pessoas que vasculham blogs, jornais e revistas à procura de informações exclusivas sobre o desenrolar da trama e por aí vai. O mundo, para essas pessoas, passa a girar em torno do que acontece no universo paralelo da novela das oito.

Mudam-se os personagens, os autores, os cenários, mas não os seguidores, que resistem nos primeiros meses com saudades da novela anterior, mas que abraçam a novela atual tão logo sintam falta de seu vicio diário.

“Estudiosos” dizem que é apenas um lazer, uma forma de se livrar das mazelas da vida e dos problemas cotidianos. Eu até entenderia se estas mesmas pessoas, no dia seguinte, não tecessem comentários críticos e até irônicos, em tom de revolta, contra a mesma emissora que lhes fornece esse “alento” diário.

Esse é um caso de amor e ódio muito complexo para o meu gosto.

quarta-feira, maio 08, 2013

Nú com a minha música

nu com a minha musica

Penso em ficar quieto um pouquinho
Lá no meio do som
Peço salamaleikum, carinho, bênção, axé, shalom
Passo devagarinho o caminho
Que vai de tom a tom
Posso ficar pensando no que é bom

Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dor
Vertigem visionária que não carece de seguidor
Nu com a minha música, afora isso somente amor
Vislumbro certas coisas de onde estou

Nu com meu violão, madrugada
Nesse quarto de hotel
Logo mais sai o ônibus pela estrada, embaixo do céu
O estado de São Paulo é bonito
Penso em você e eu
Cheio dessa esperança que Deus deu

Quando eu cantar pra turba de Araçatuba, verei você
Já em Barretos eu só via os operários do ABC
Quando chegar em Americana, não sei o que vai ser
Ás vezes é solitário viver

Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
Cana, café, capim
Coragem grande é poder dizer sim

Caetano Veloso

terça-feira, maio 07, 2013

Mentiras sinceras me interessam 2

mentiras sinceras me interessam

O horizonte descortina os mistérios, esconde aquilo que teimamos em não ver e revela o que achamos estar oculto. Não existe o bem ou o mal, tudo o que acontece a nossa volta independe da nossa vontade, mas não acontece por conta de um destino traçado ou caminho a ser percorrido.

A vida que achamos viver, que sonhamos ter, é aquela que perdemos por não viver, por não saber. Pensamos ser alguém que nunca fomos e nem seremos, porque a realidade não é encenada por atores da Globo e nem passa no horário nobre.

Não vamos nos curar das doenças, vamos apenas conviver com elas como se nada de novo acontecesse. Seremos os mesmos que julgávamos ter descoberto o passado, a origem de nossa espécie.

As mais belas histórias não vão ter um final feliz, muito menos um final qualquer, elas serão infinitas enquanto durar a pretensa ideia de felicidade. Uma ideia arcaica dos tempos em que as flores exalavam perfume.

Nunca mais veremos o mesmo filme, no mesmo horário, na mesma semana. Enquanto a noite for dia e o dia não existir, a verdade vai permanecer oculta e as mentes irão revelar toda a mentira que nos é imposta depois do jantar.

segunda-feira, maio 06, 2013

Eu esqueci você

eu esqueci voce

Só pra você saber
Eu esqueci você
Um mês depois de você me esquecer de vez e decidir ficar sozinho

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se o meu olhar cruzar com o seu é só porque você tá no caminho

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei porque é que você não vem

Só pra você saber
Eu esqueci você
E foi tão fácil te esquecer mesmo porque isso já tava no meu plano

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se um dia eu te ligar de madrugada em despero, é engano

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei porque é que você não vem

Só pra você saber
Eu esqueci você
E agora quando eu lembro que você existe eu já não sinto mais nada

Só pra você saber
Eu esqueci você
E se eu chegar a te obrigar a me beijar assume que eu to drogada

E desde que eu te esqueci
Tá tão bom sem você
Você ir fez tão bem por aqui

Desde que eu te esqueci
Eu to tão outro alguém
Que eu nem sei porque é que você não vem

Só pra você saber
Só pra você saber
Só pra você saber
Só pra você

Clarice Falcão

Depois do carnaval

depois do carnaval

Tem tanta coisa acontecendo no meio do nada, tanta gente está perdida nessa seara. No meio do deserto não me acho e não reclamo, só penso em pouca coisa e ainda assim esqueço. O sonho não acabou, a vida vai começar no momento em que eu quiser.

Mundo virado ao avesso e você aí, pensando que pode virar alguém e eu aqui sem ninguém. Vertentes de uma mesma agonia, verdades inconvenientes e a gente sente que não dá mais pé, mas mesmo assim navega contra a maré.

Temos tempo para correr atrás, porque na frente já existe alguém. A meta não é o primeiro lugar, a meta é apenas chegar bem. Vem e vamos juntos ou te encontro no final, vou seguindo em linha reta e amanhã, recolho os restos do carnaval.

Toda caprichosa, meiga e dengosa. Toda venenosa, indiferente e invejosa. Tanta coisa acontecendo, tanta gente perdida.

domingo, maio 05, 2013

Espectador de mim

espectador de mim

O filme estava tão bom que me esqueci da hora e perdi o ultimo trem para o paraíso. Nada tão grave, não fosse essa minha ultima chance de chegar lá.

O filme me prendeu na cadeira do cinema, meus olhos marejados e o coração apertado, conseguiram me manter ali imerso nas sensações que emanavam da tela. Já não havia mais ninguém dentro do cinema, permaneci ali, inerte e sozinho por longas três horas, assistindo ao filme da minha vida, o filme do fim dos meus dias.

Os atores eram os de sempre, o cenário ainda estava cinza como da ultima vez e a história nunca me pareceu tão viva quanto agora. Eu, espectador de mim, assistindo a tudo sem nada poder fazer para mudar o fim. O destino já havia sido traçado e a mim cabia apenas seguir.

Tchau

tchau

Não quero mais brincar de esquecer
Meu coração ficou exausto
Cansou de tanto relevar
Tuas promessas não cumpridas
Palavras esquecidas

Não quero mais brincar de esperar
Meus sonhos todos despertaram
Cansaram de aguardar você
Em minhas noites mal dormidas
De ilusões fingidas

Tchau
Me deixa, eu to legal
Vai ser bem melhor assim
Eu mesmo cuidando de mim
Eu mesmo me amando, só
Eu quero ficar melhor
Eu quero te dizer
Tchau
Me deixa, eu to legal
Vai ser bem melhor assim
Eu mesmo cuidando de mim
Eu mesmo me amando, só
Eu quero ficar melhor
Por isso eu te digo
Tchau... tchau

Não quero mais brincar de esquecer
Meu coração ficou exausto
Cansou de tanto relevar
Tuas promessas não cumpridas
Palavras esquecidas

Não quero mais brincar de esperar
Meus sonhos todos despertaram
Cansaram de aguardar você
Em minhas noites mal dormidas
De ilusões fingidas

Tchau
Me deixa, eu to legal
Vai ser bem melhor assim
Eu mesmo cuidando de mim
Eu mesmo me amando, só
Eu quero ficar melhor
Eu quero te dizer
Tchau
Me deixa, eu to legal
Vai ser bem melhor assim
Eu mesmo cuidando de mim
Eu mesmo me amando, só
Eu quero ficar melhor

Por isso eu te digo
Tchau
Por isso eu te digo
Tchau
Te digo tchau
Tchau

Luciana Melo

sábado, maio 04, 2013

Explicitamente normal 2

dor de cabeca

- Sem pão na padaria só me resta ir a farmácia comprar remédio para dor de cabeça.
- E o que tem haver a falta de pão com dor de cabeça?
- O que tem haver? Você não sabe? Mora comigo desde que estávamos no quinto período da faculdade e até hoje não sabe o que tem haver a falta de pão com a dor de cabeça?
- Não, não sei!
- Pois bem, eu também não sei, mas vou à farmácia assim mesmo!

presente

- Dez reais não paga nem a fita que usei para embrulhar o presente. A fita, de seda, foi coisa de cinqüenta e lá se vão reais.
- Porra! Mais de cinqüenta reais em uma fita de merda para embrulhar um presente?
- Olha lá como fala da minha fita, eu não compro porcaria. Um presente como o meu, caro, fino, chique e de garbo, não pode ser embrulhado com uma fita qualquer.
- Nas Lojas Americanas tem papel de presente de um e noventa e nove, não precisava de toda essa frescura por causa de um presente.
- Quando for o seu presente, pode deixar que eu vou lá e compro um papel de um e noventa e nove e embrulho bem bonito para você.
- O que não entendo é que essa fita de mais de cinqüenta reais, foi mais cara do que esse chaveirinho vagabundo do Botafogo que você comprou por três e noventa no vendedor ambulante.

elevador

- Sobe!
- Desce!
- Esse aqui está subindo!
- Mas eu estou descendo. Quinto por favor!
- Meu senhor, este elevador está subindo, o quinto andar fica logo abaixo do sexto andar, que é onde nós estamos.
- O senhor além de ascensorista, ainda é abusado. Já lhe disse que quero ir para o quinto andar e como estamos no sexto andar, o elevador tem que descer e não subir.

- Esse elevador está subindo, se o senhor quiser, vamos até o vigésimo primeiro e de lá o senhor volta para o quinto.

- E eu vou ter que esperar você subir até o vigésimo primeiro, ir parando de andar em andar, só para me sacanear, para depois voltar para quinto? Nada disso! Já estamos no sexto, é mais fácil você descer e depois subir de novo.

- Senhor, é apenas um lance de escada. Você desce de escada, chega ao quinto, fica feliz e deixa eu seguir minha viagem.

- Isso é um absurdo! Agora eu tenho que ir de escada porque você não quer fazer o seu trabalho, para o qual é pago, e muito bem! Vou me queixar ao sindico e você vai para o quinto, mas é para o quinto dos infernos!

flanelinha

- Vai, isso, coloca tudo... Assim, gostoso, vai...

- Não dá, você me desconcentrou!

- O que?

- É porra, fica parecendo flanelinha manobrando carro e eu odeio essa merda!

- Peraí, nós estamos na cama transando e não estacionando carro, o que você está falando?

- Você ficou me guiando e eu perdi a vontade. Não gosto que fiquem me dizendo o que eu tenho que fazer.

- Desde quando você virou fresco que eu não sei? Os flanelinhas que você encontra falam assim com você? Onde você anda indo?

- Uma insensível mesmo, por isso que não vai dar certo, como posso ter clima para transar com todas essas cobranças em cima de mim.

- Deixa de frescura e vamos logo ao que interessa!

- Não, para mim chega! Não sou esses vagabundos que você pega na rua, usa, abusa e depois joga fora. Tenho sentimentos!

apartamento

- Estou te falando, comprei barato.

- Barato até demais. Dez mil naquele apartamento?

- É isso mesmo, parece loucura e nem eu acreditei.

- Cara é um apartamento duplex de quatro quartos, duas suítes, duas salas, dois banheiros e não sei mais o que. Como isso tudo pode ter custado apenas dez mil?

- E eu vou saber, pergunta para o vendedor. Comprei porque estava barato e você agora está com inveja porque a sorte não lhe sorriu.

- Inveja não, dúvida. Não tem lógica um apartamento desses por apenas dez mil, tem alguma coisa muito errada nisso e você precisa ver.

- Preciso nada. O que você quer é melar o meu negócio para poder ficar com ele. Não sabia que estava cercado de pessoas invejosas. Bem que me avisaram, mas eu confiei em você e agora a mascara caiu.

- Mascara? Você está maluco!

- Maluco só porque vou morar em um apartamento lindo? Meu Deus, como a inveja e o despeito transformam as pessoas.

- Já se deu conta de que este apartamento nem existe ainda, a construção só começa em 2014 e o terreno onde ele será, hoje é o maracanã?

 

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