Eu me concedo o direito de não mais fazer nenhuma concessão a respeito do que sinto em relação aos meus mais profundos sentimentos. Concedendo-me esse direito, tomo para mim a prerrogativa de não mais chorar a cada despedida, e só nesse ultimo ano, foram várias, sendo mais preciso, trinta. Abandonamo-nos por trinta vezes, por trinta motivos distintos, por trinta dias, dez em cada mês, e tudo por conta das inúmeras concessões feitas.
Posso contar nos dedos às vezes em que você disse que me amava, mas perdi a conta das vezes em que me odiou e proferiu frases que não consigo repetir. Mais uma vez as tais concessões nos levaram a isso, nos colocaram nesse labirinto sem saída e o resultado é que nunca nos encontramos, nunca nos validamos enquanto um par. Fomos sempre a agua e o óleo, lutando para união que não tinha condições de acontecer.
A ultima vez que pedi um especial, sem picles e molho, fui atendido com prontidão e presteza, não precisei fazer concessões, não precisei ceder. Com você nunca fui atendido, sempre precisei ignorar a regra, passar por cima do meu querer e conceder a você, o direito de exercer a sua vontade. Isso não foi o suficiente para o todo, foi pouco demais para o muito que precisávamos enquanto brincávamos de vida feliz.