quarta-feira, março 18, 2015

Shirley e Claudete

shirley e claudete

- Shirley! Shirley! Cola e depois descola, mas não inventa para não arrebentar!
- Não precisa gritar, não sou surda e muito menos burra. Vou colar, descolar e não vai arrebentar, sou malandra de Irajá.
- Irajá, sei, e lá é terra de malandro desde quando?
- Antes mim eu não sei.
- Para de caô e se liga no serviço que o patrão depois esculacha a gente.

O batente até o sol poente foi intenso, muito intenso. Shirley e Claudete ralaram como nunca naquele dia quente de janeiro e ele não foi o ultimo, pois todos os seguintes exigiram demais das duas funcionárias mais aplicadas da fabrica.

- Shirley! Shirley! Gelada no Clébson depois?
- Não precisa gritar, não sou surda. Hoje não dá que o Walber fez um macarrão com salsicha e está me esperando.
- Vai largar a moela do Clébson para comer macarrão com salsicha?
- O que é que tem?
- Macarrão você come todo dia, qualquer hora, a moela do Clébson não.
- Minha filha, Walber na cozinha e ainda lavando a louça, não acontece todo dia e nem qualquer hora.

Shirley era amigada com o Walber, Claudete saía com o José e ambas eram felizes assim. Walber porteiro no Leblon, José atendente na Glória. Walber fazia o tipo cospe grosso, machão ciumento e controlador, não deixava a Shirley em paz. José fazia a linha pacato, não reclamava muito, não pegava no pé, mas estava sempre presente as quartas, sextas e sábados.

- Shirley! Shirley! Prepara que vou casar!
- Não precisa gritar, não sou surda. Parabéns Mulher!
- Parabéns nada, pode ir comprando vestido bonito que você vai ser madrinha.
- Eu, madrinha?
- Sim, você, madrinha.
- Manda o Clébson caprichar na moela que vamos comemorar.
- E como vamos!

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