Nunca pensei em algo para sempre, infinito, eterno. Na ficção tudo parece mais bonito, preciso, fadado a dar certo. Obviamente preparado para ser inesquecível, incrível. Na vida real, no feijão com arroz de todos os dias, isso não existe, pois há um momento, já previamente determinado, em o encanto se acaba.
O começo é um mar de rosas, puro encantamento, emoções a flor da pele. Olhos que se cruzam, mãos que se procuram, corpos que conversam, novidades, compatibilidade e a certeza de não poder mais viver longe, de não entender o como se conseguiu existir antes do universo conspirar e fazer o encontro acontecer. Aí vem a ilusão do para sempre.
Mas nada é para sempre, porque ele não existe. Um dia o mar de rosas seca, o encanto se acaba, as emoções cessam. Os olhos já não se cruzam mais, as mãos distanciam-se, os corpos seguem cada qual seu caminho, não há mais novidade e aquela compatibilidade fica só na lembrança. O fim é inevitável, mas tão certo quanto à morte.
Por mais doloroso que seja admitir, é isso o que acontece. Sonhamos com a eternidade, desejamos a continuidade, mas o que temos são os momentos. A euforia inicial dá lugar à realidade e na realidade cada um tem seus problemas, seus dilemas, suas manias, suas neuras e não adianta achar que o outro pode ser a solução de todos os males ou que você é a sua razão de viver. O sentimento de bem querer não morre, mas o afastamento, esse sim acontece.
Leva tempo até que possamos aceitar e compreender, mas um dia começamos a entender que esse é o fluxo natural das coisas e deixamos de achar que devemos nos dedicar com exclusividade ao outro ou que o outro deve se dedicar exclusivamente a nós. O que vivemos permanece em nós e fica mais forte à medida que enxergamos no outro um parceiro e não o temos como o ar que respiramos.
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