Para que marcação na agenda se todos os dias e horários estou disponível para você? Para que perder tempo com formalidades, telefonemas, convites e outras bobagens do gênero, se um simples estalar de dedos resolve a questão? Para que tanta coisa sem o menor sentido quando sabemos o que de verdade acontece? Eu sempre estou, mas você só quando lhe convém. É isso.
E é por isso que na maioria das vezes perco a vontade de sempre estar, de ser onipresente, tudo o que é demais cansa. E eu canso também de ter tanta solicitude agregada. Não é a reciprocidade da coisa, que sei não existir na maioria dos casos, é pelo excesso. Existe um ditado que falo de sobras, restos e lixo, mas isso não se aplica a quem sempre se dispõe. Quem sempre se dispõe acaba se indispondo internamente, pois é difícil conciliar as demandas sem que se sofra algum ônus.
O preço alto da prioridade é a falta de tempo para tantas outras oportunidades de igual ou maior importância, é a falta de livre arbítrio para decidir o que e quando fazer. Priorizar algo ou alguém exige a reciprocidade de agendas. O seu horário não pode estar ocupado se o do outro está livre.
O que marca uma balança que pende só para um lado, nesse caso, é o comodismo, é o achar que manter-se nessa situação é cura para os males da solidão. Quem se apega a isso continua sozinho mesmo estando com toda a sua agenda ocupada.