Fugir foi o que de melhor nos aconteceu porque era você lá e eu aqui. Era você na escada de serviço e eu no elevador social. Você no hall e eu no térreo. Nós dois perdidos um do outro procurando saídas e só encontrando portas, maçanetas, chaves, corredores, janelas, nada de atalhos, apenas labirintos diversos. Fugimos do mundo, da pressão, dos comentários, dos dias tediosos, dos dissabores, mas não fugimos de nós. Buscamos nos encontrar em algum lugar, outra dimensão onde não exista o tempo a nos ceifar os momentos.
Nosso ultimo encontro foi às pressas na distribuidora mais próxima, longe do hotel em que sempre nos hospedamos, por conveniência porque precisávamos estar juntos aquele momento, mas mesmo assim fugimos tão logo foi possível. Eu subi as escadas rumo ao último andar e você enveredou pelos corredores em busca de uma sala qualquer onde pudesse se abrigar. Queremos segurança, constância, acesso, sem nos darmos conta de que tudo isso é ilusório, contraditório, pois estamos sempre em fuga.
Não há uma rotina, uma sequencia, os fatos vão se entrelaçando, misturando-se e formando o caos que vivenciamos. Infelizmente enquanto pudermos vamos fugir e lutar para pertencer ao pequeno espaço confinado onde tudo acontece. É utopia ou inocência demais pensar que resistiremos incólumes a tudo, mas é necessário continuar a acreditar.
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