O tempo todo fiz as coisas como se elas fossem automáticas. Mandei cartas para ninguém, comprei postais para alguém que nunca vi e andei por ruas que nunca me levaram a lugar algum. Fingi ser real o imaginário que construí em meus sonhos e coloquei você dentro desse meu mundo, mas por alguma razão inexplicável, lhe perdi para sempre.
O dia de ontem foi tão ruim que todo aquele discurso de dias melhores, me deixou enjoado e com sede. Pensei muito antes de te ligar, mas o telefone estava desligado e a vontade passou. Venci o medo e caminhei na chuva pela primeira vez, pena que você não assistiu a este espetáculo.
Tanta coisa aconteceu nesses últimos anos que nem sei por onde começar. A casa de praia ainda está em obras, o carro não saiu do mecânico, seus pais não voltaram de viagem e eu continuo com sede.
Depois da tempestade as ruas ficam molhadas, o coração apertado e o sorriso tímido. Tudo vai se acertar quando esse dia passar.