Quando nos separamos naquela manhã de outono, o sol já não estava mais lá a nos iluminar. Quando o momento chegou e você saiu pela porta que havia entrado há três anos, me bateu uma saudade do tempo em que a gente se gostava e se bastava. Deu saudade de todas as nossas passagens, das marcações no livro, do chocolate quente debaixo do edredom e das noites intermináveis de sexo selvagem. É duro ter que admitir, mas não havia mais resquícios de você em mim.
Levei meses para conseguir me olhar no espelho sem a sua presença, intermináveis meses que me fizeram crer que o acaso é cruel demais. Sempre tive a fixação de arrumar o seu lado da cama bem mais próximo do meu, de perfumar meu travesseiro com o seu perfume e sonhar acordado com o seu sorriso. Fui louco o bastante para conseguir mantê-la ao meu lado todo este tempo, mas não bom o suficiente para não perde-la.
Observando os cacos, o que restou, percebo que a realidade é que estivemos juntos, mas não estávamos realmente em sintonia, vivendo como um mesmo sendo dois. Você sempre teve o seu mundo, seus pensamentos, suas ideias de uma vida a dois e nada disso ia de acordo com o meu mundo, meus pensamentos e minhas ideias de uma vida a dois.
Não foi por isso que acabou, terminou porque não era para continuar. Não será por isso que vamos desistir um do outro, continuaremos mantendo o sentimento que temos e uma das maiores provas de amor que pudemos dar, foi nos permitimos ser felizes longe um do outro.