terça-feira, janeiro 20, 2009

Seguindo em frente

 

pedras

 

Como se nada houvesse acontecido ele apenas se reclinou em sua poltrona de feltro e levantou as pernas. Com a cabeça em parafusos os pensamentos burbulhavam em volta de seu cerebro e ele apenas os ignorava, visto que nada podia fazer com eles e a respeito deles.

Mais uma garrafa, mais uma dose, mais um gole, mais um porre, mais uma desilusão e tudo o que ele queria e ainda quer saber, é o porque os acontecimentos tem de ser tão trágicos e cruéis.

Passavam das 18 horas e nada da campanhia tocar, nada da porta se abrir e nada daquela angústia se dispersar dentro de seu coração. Ele sabia que aquilo não teria fim, mas mesmo assim, continuava a acreditar que tudo poderia ser reescrito, tal e qual uma obra inacabada e sem final previsto. Mas de nada adiantavam as horas de sono perdida, os lamentos, os anseios e os desejos, tudo era em vão e sem sentido.

Lutar contra aquilo que não se conhece é o mesmo que se jogar a própria sorte e admitir a derrota eminente. Ele sempre soube disso, ele sempre foi avisado disso, ele sempre passou por isso, mas ele sempre continou em seu moto-continuo. Voltas e voltas em torno de si mesmo e de seus dilemas, voltas e voltas para se encontrar no mesmo lugar.

Depois da quarta dose ele resolveu agir e se levantou em direção a seu destino, cruzou a porta e caminhou, procurando uma resposta, procurando por alguém que nunca existiu. Rostos, sorrisos, lágrimas, corpos, pessoas…

No meio da multidão, ele estava e ainda está sozinho, não sabe como sair de seu abismo e nem como começar novamente. Ele sabe que tem de agir, sabe que precisa se reerguer e começar um novo tempo, uma nova era, mas não sabe faze-lo.

Ele não vai pedir ajuda e nem pretende, vai lutar sozinho. Mas ele precisa ser ajudado, pois não vai resistir por muito tempo. Se ele se entregasse, as coisas seriam mais fáceis, mas isso ele jamais fará e portanto, vai continuar sofrendo cada vez mais e em maior intensidade.

Um dia, depois de mais algumas garrafas, ele sai do abismo e se recupera. Enquanto esse dia não chega, ele continua vagando por aí.

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