terça-feira, janeiro 31, 2012

Pedaço do seu corpo

pedaco do seu corpo

Mãos suaves repousam em seu colo e inerte você assiste a tudo. Meu corpo, seu corpo, nosso sentimento. Partes de um todo completam o nada em que eu e você nos encontramos. Perdidos em meio a lençóis de seda, luzes neon e taças de champagne, estamos presos ao que nos une e ao mesmo tempo nos separa do que somos, fomos e seremos.

Por um instante senti que poderíamos ter feito mais, mas felizmente o pouco que fizemos foi suficiente para que a felicidade fizesse morada permanente em meu viver. Ainda estamos vivos.

domingo, janeiro 29, 2012

Ainda não foi a merda

ainda nao foi

Acordei de mau humor, com uma dor tremenda no estomago e você ainda estava lá chorando ao meu lado. Se tem coisa que não suporto é mulher grudenta, nojenta e chorona, dessas que não sabem mais quem são e ficam vagando feito almas penadas na vida da gente.

Escovei os dentes, lavei o rosto e você ainda estava naquela rama rama de sempre, se lamuriando pela noite de ontem, pela noite do mês passado e por todas as noites em que se deitou na minha cama, abriu as pernas e gozou. Porra, se não queria porque me deu?

Não tomei nem o café que é para não sentir o gosto amargo do açúcar misturado com as labaredas de ódio que explodiam dentro de mim. Fui ao armário, juntei seus trapos, escolhi a sua melhor roupa, vesti você e mandei a merda. Simples.

Você foi chorando, mas foi. Aquele alivio que tive quando ouvi a porta bater, você não pode imaginar, foi fundamental para que eu conseguisse assistir ao noticiário na TV e ainda comer o ultimo biscoito do pacote. É desnecessário dizer que não vou sentir sua falta, nem um pouco.

Concentre-se na bunda

concentre

Pare de procurar partes ocultas ou pedaços ainda não explorados da anatomia feminina, concentre-se na bunda e pronto. Querer se tornar o desbravador dos sete mares em meio a pernas, coxas, seios e um sem fim de reentrâncias mil, é perda de tempo e esforço em vão. Ou você acha que elas passam horas na academia para tonificar o pescoço?

Por mais que digam não e sempre vão dizer, você pode e deve admirar sem culpa uma bela bunda, até mesmo elogiá-la quando necessário, e sempre é. Antes, lá na era da terra batida, as mulheres ainda se envergonhavam de serem apenas um par de nádegas, mas hoje em pleno século XXI elas já tem a consciência do poder que o par de nádegas lhes dá.

Feministas de plantão nesse momento estão me rogando pragas, se estiverem lendo este texto é claro, e até planejando atentados contra minha pessoa, mas nada disso aconteceria se elas tivessem alguma coisa na parte traseira a se admirar. O ponto é que a mulher não quer ser valorizada apenas pela bunda, mas não dá mais chilique quando isso acontece.

O que você está dizendo?

O que estou dizendo se você ainda não entendeu, é que os homens não precisam mentir que reparam primeiro nos olhos ou no sorriso de uma mulher, quando todo mundo sabe que é para a bunda que todos olham quando se deparam com uma.

Excessos a parte, toda calcinha é feita para ser adorno de uma bela bunda.

Que me desculpem as desprovidas, mas farinha pouca bundão primeiro.

Poesia

poesia

E qual poeta, diante do branco da folha, da íris dos olhos ou do quente da boca, não se perguntou o porquê de tudo.

Qual poeta não foi amante e ao mesmo tempo inconstante, mero delirante de uma fantasia louca e ao mesmo tempo insana.

Qual ator, que conta historia sem um único verso, é o poeta errante vagando por letras de palavras tortas com frases curtas de um texto longo.

Tudo o que eu tenho, quis e preciso.

tudo o que eu tenho

Rejeitei o seu silêncio, fiz barulho na sua solidão, iluminei seu espaço e marquei com cores diversas as fases da nossa vida em comum. Podei as flores no jardim, escrevi um verso para a paz e fiz morada em seus pensamentos.

Lancei-me ao mar como um menino em busca do brinquedo preferido. Contei histórias pra te ver dormir. Admirei a lua pensando na beleza do sol e ao mesmo tempo em que tinha as estrelas, queria apenas seu olhar.

O vento levou coisas importantes e me trouxe outras com que não me importo mais. O azul do céu já foi mais verde quando eu estava ao seu lado e no momento eu só quero lembrar que ainda a tempo de tentar.

Hoje você é tudo que eu tenho. Ontem você foi tudo o que eu quis. Amanhã, quem sabe, você seja tudo o que preciso.

sábado, janeiro 28, 2012

Na mão direita flores

na mao direita flores

No corpo as dores da desilusão.

Blusa branca solta no corpo, feita de 100% cotton, trazia no peito imagens de corações em um grafismo estilo Andy Warhol. Totalmente anos setenta. Nos olhos lápis Calvin Klein Jet Black, sombra Helena Rubinstein Wanted Eyes nº 40 e delineador Dior Backstage.

Brincos discretos, pequenas pérolas, colar dourado e pingente em formato de lua com cristais. No braço esquerdo um Swatch e uma pulseira prateada. Calça diesel com detalhes em metal nos bolsos e na parte da frente, logo abaixo da cintura, simulando uma espécie de cinto permanente. Sandália Louboutin com salto 15 e tornozeleira no pé direito.

Diferente no trajar, mas igual a tantas outras mulheres, ela trazia flores em sua mão direita. Um buquê de lírios amarelos envolto em papel crepom com laço de fita como adorno.

O cartão preso ao laço continha frases escritas sob forte carga emocional por alguém que um dia amou sem medida e foi feliz à custa desse amor.

Amor de pele, de alma e coração. Amor sincero, calmo e sereno. Amor incondicional pela vida, suas belezas e seus encantos. Ah esse amor incessante...

Caminhando lentamente ela depositou as flores no primeiro jardim que avistou, sorriu e seguiu. Sem explicação alguma ela só quis abandonar aquelas flores e aquele amor em algum lugar longe de tudo que a lembrava dos melhores momentos de sua vida.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Brigar para quê

brigar

Em tempos de paz só faz guerra aquele que não possui inteligência suficiente para perceber que de nada adianta guerrear em vão. O inimigo invisível só afeta aquele que o transforma em algo potencialmente perigoso. Se você não lhe dá armas, meios para lhe atingir, ele permanece ali apenas como uma sombra, sem lhe causar nenhum mal.

Quem nunca está satisfeito com as coisas e quer sempre mudar a situação, por mais que saiba que uma vez estabelecida, ela não se modifica, corre o sério risco de se deixar abater com isso. O stress gerado pela incapacidade de se reverter um jogo perdido não compensa nem um pouco e a melhor opção sempre é a de deixar que as coisas sigam seu rumo.

Sempre vão existir os que são contra tudo e todos, mas estes vão lutar sozinhos uma guerra inexistente se seus ditos adversários não entrarem no campo de batalha. Temos essa poder, podemos escolher brigar inutilmente ou seguir ignorando os soldados de plantão.

Não brigar não significa acomodar ou resignar, significa tão somente não perder tempo com o que não faz sentido e não merece atenção.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Eu não estou afim

nao estou afim

Tira esses olhos de cima de mim que você sabe que eu não estou afim, não vai chegando assim, como quem apenas quer me usar. Tira essas mãos do meu corpo e dá um jeito de não me provocar, não vai tocando assim, como quem apenas quer me pegar.

Tira essa roupa molhada e faz do jeito que eu gosto, não vamos perder tempo, esse é o nosso momento. Usa, mas não abusa. Come, mas não lambuza. Entende que não estou disponível todo tempo.

Sou seu e você é minha, somos todos nossos e assim que pudermos, faremos. Sou eu e você quem é? Talvez apenas a minha mulher, aquela me quer por toda a eternidade.

Então vamos combinar assim: eu saio de você e você não entra em mim.

Enquanto um fala, outro se cala

uns falam

Bravatas são contadas aos quatro ventos como se fossem capazes de amainar a dor que latente, assola o peito e aflige a alma. Algumas pessoas acham que se vangloriando de coisas que não fizeram, não farão e muito menos tem condições de fazer, vão se sentir melhores ou fazer com que os outros se sintam piores.

Enquanto uns falam, demais, outros se calam e assim permanecem, apenas assistindo ao show. A vida nos permite assistir de camarote e com todo o conforto, o show daqueles que querem ser o centro das atenções, os que precisam causar para se sentirem aceitos.

Para esses, não basta viver, tentar ser feliz, é preciso compartilhar essa pretensa felicidade, expor ao mundo cada passo de sua pobre existência. Um segredo aqui, outro ali e tudo é dividido a espera da aprovação geral, que nunca é vista com bons olhos, mas é sempre indiretamente solicitada.

Espera-se um convite, um aceno, uma indignação que nunca vem e o silêncio do outro incomoda a ponto de fazer com que essas pessoas gritem ainda mais na esperança de serem ouvidas. Essas pessoas vivem a vida ao contrário, falam antes de fazer e quando fazem precisam provar para si mesmas, que fizeram.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Tolerância

tolerancia

Como água no deserto
Procurei seu passo incerto
Pra me aproximar
A tempo

O seu código de guerra
E a certeza que te cerca
Me fazem ficar atento

Não me importa a sua crença
Eu quero a diferença
Que me faz te olhar
De frente

Pra falar de tolerância
E acabar com essa distância
Entre nós dois

Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar

Que eu te completo
E que você vai me bastar, eu sei

Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar

Como lava no oceano
Um esforço sobre-humano
Pra recomeçar
Do zero

Se pareço ainda estranho
Se não sou do seu rebanho
E ainda assim
Te quero

É que o amor é soberano
E supera todo engano
Sem jamais perder
O elo

E é por isso que te espero
E já sinto a mesma coisa em seu olhar

Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar

Que eu te completo
E que você vai me bastar, eu sei

Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar

Ana Carolina

Gostei de você

eu gostei

Olhei assim de relance quando você passou e nem me notou. Eu também quase não lhe notei, mas seu brilho foi tão grande e seu perfume tão inebriante que não havia como não lhe perceber ali, naquele instante.

Seus cabelos estavam soltos, negros e longos, ao vento. Sua pele alva contrastava com seus róseos lábios e seus olhos castanhos. Você estava linda usando apenas uma blusa, que suponho foi comprada em uma dessas liquidações de lojas populares, bem simples, e uma calça jeans. Carregava uma bolsa pendurada ao ombro e exibia um discreto colar com um pingente que não pude identificar.

Sentou-se ao meu lado inerte aos fatos a sua volta e começou a ajeitar a sandália que teimava em sair de seus pés. Puxou um pouco para cima, para os lados, retirou a fivela e por fim, quando tudo já estava em seu devido lugar, deu um breve suspiro e me olhou.

Não me olhou com olhos de atenção, apenas com olhos de quem verifica a área ao redor e se certifica de estar em lugar seguro. Não notou a minha cara de bobo, muito menos meu olhar mirando o seu.

Alguns segundos depois você já estava absorta em seus pensamentos, olhando o nada e pensando, talvez, em tudo.

Desci da condução e não mais lhe vi, mas ainda pude sentir sua presença por alguns minutos enquanto caminhava distraído pelas ruas. O sol me queimava a pele, uma brisa batia em meu rosto e uma linda manhã de mais um dia qualquer se descortinava a minha frente, lembrando-me que a felicidade é feita de momentos.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

A mulher que não pedi a Deus, mas ganhei.

a mulher

Inteligente, sincera e bem humorada. Sempre descalça a procura de emoções, aquelas que só eu podia lhe proporcionar.

Brilho no olhar e todo um jeito único de se expressar, não só com palavras e muito menos apenas com gestos. Ela sempre se expressou de forma plena, com todo seu corpo.

Conhecemo-nos por acaso, ela não me veio como um presente e nem como merecimento, me veio como um sol para os meus dias nublados.

Felizmente ela se foi depois de maravilhosos anos juntos. Se foi, para tomara Deus, nunca mais voltar. Eu não queria vê-la partir e não quero vê-la voltar, para o bem de nós dois e do nosso amor.

E o destino quis assim

Mudei-me para o Pará, fui para o Norte farrear. Tive sorte, encontrei o meu lugar, minha sala de estar, o meu canto pra ficar.

Conheci uma morena, a mais bonita do lugar e com ela fui morar. Cinco filhos pra criar, uma mulher pra sustentar e muita cana pra cortar. Tenho que agradecer tudo o que Deus me deu.

A mulher que não pedi e embora mandei, a mulher que conquistei e com ela me casei, as crianças que gerei e tudo o mais que a vida me proporcionou. Eu agora sou feliz.

Sem nexo algum

E não faz mesmo muito sentido ter ido para o Pará, abandonado a mulher da minha vida, por motivo algum. Se estava tudo bem e a felicidade era uma constante, porque largar tudo. Só porque ela era bonita demais?

Creio que esse texto não vai se explicar e nem vou tentar, melhor deixar você com seus pensamentos a se perguntar: O que significa essa baboseira toda?

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Felicidade compartilhada

felicidade compartilhada

Fulano está dando a segunda em Motel “Ai se eu te pego” – Curtir, comentar e ou compartilhar

Sicrano está ardentemente beijando a boca de Beltrana – Curtir, comentar e ou compartilhar

A coisa é tão boa e prazerosa que as pessoas têm a necessidade de compartilhar isso com todos. É importante que saibam o quanto a pessoa está feliz realizando tal coisa naquele momento.

Se o momento está realmente bom você não vai pensar em parar para “dividir” esse momento com outras pessoas, ainda mais se para isso você precisar acessar um dispositivo, realizar uma conexão e escrever o que está acontecendo. Quando alguém faz isso eu tenho a clara certeza de que o momento não está tão bom quanto se quer fazer parecer, a idéia é tão somente fazer alguém saber o que está acontecendo.

As pessoas que fazem isso, o fazem com a intenção de mostrar que estão bem, felizes e contentes para alguém. Sempre há um alvo, mesmo que inconsciente.

Uma coisa é estar em um local e compartilhar informações sobre o mesmo. Outra totalmente diferente é ter feito algo ou fazer e anunciar isso aos quatro ventos.

A pergunta é se é realmente necessário que as outras pessoas ou que aquela pessoa em especial, saiba o que você fez na noite passada ou o que você vai fazer na seguinte? Se você tem a necessidade de externar seus feitos para alguém, o ideal é que o faça para essa pessoa.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Você finge não saber

voce finge

Ignora os fatos mesmo sabendo que eles não podem ser ignorados. Acabou.

Você sabe que as coisas estão diferentes, são diferentes e por mais que você queira, não vai conseguir mudar o rumo tomado.

O tempo vai passando e por mais persistência que se tenha, chega um momento em que até ela se dá por vencida e desiste de ficar dando murro em ponta de faca. Quando um não quer, adeus.

Você só quer um estepe, um estepe que esteja disponível 24 horas por dia, 7 dias na semana. Você tem a necessidade de alguém que ouça suas lamurias, compreenda as suas desilusões e lhe faça rir enquanto você silenciosamente compra novos pneus e coloca o estepe de volta no porta malas.

A falsa felicidade que precisa ser anunciada esconde as lagrimas que você derrama por dentro, pois você se acha a última bolacha do pacote e precisa que os outros saibam disso a todo instante.

Uma pena você fingir não saber que o seu show não faz mais sucesso, que seu estepe há muito deixou de existir e que a única iludida na história é você.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

É verão

verao

Ah o verão essa estação de corpos molhados, gente bonita e alto astral. O verão é assim uma estação que não tem igual, aquela que todas as outras estações gostariam de ser.

O verão é das cores, dos amores. A primavera é estação das flores, mas elas desfilam mesmo é no verão.

Tem quem não suporte o calor, mas ame poder ligar o ar condicionado no máximo. Tem quem adore o calor, mas odeie ter que trabalhar debaixo do sol. Tem os que pulam, os que correm e os que apenas colocam uma havaiana no pé e saem.

Quem não gosta de praia ama a piscina, quem não gosta de nenhum dos dois bom sujeito não é. Não precisa mergulhar basta admirar as moças de biquíni, papear com os amigos e beber aquela bem gelada para amenizar o calor.

Feliz quem sabe aproveitar o que a vida tem para oferecer. Feliz quem iluminado pelo sol, faz e acontece na melhor das estações.

domingo, janeiro 15, 2012

Trinca de ases

trinca de ases

A segurança de um esquema montado só é desfeita se for realmente necessário. Homens em sua grande maioria preferem manter a estrutura de casa, comida e roupa lavada, do que ter que trocar a logomarca.

As mudanças por mais “novidade” que tragam embutidas continuam sendo muito parecidas com a situação anterior. Pensando nisso mantém-se o antigo formato e a ele se adiciona o componente da emoção.

As mulheres preferem deixar a estrutura anterior e se concentrar apenas no novo formato, mesmo sabendo que poucas coisas vão mudar. Elas até adicionam emoção ao arroz e feijão do dia a dia, mas logo possam preferem deixar tudo para trás.

Como no caso do homem ambas são mulheres, ele será forçado em breve a se decidir por uma delas e abandonar a estrutura anterior ou começar novo processo. Geralmente eles ficam na antiga estrutura e buscam nova emoção. Com as mulheres pode acontecer o inverso, elas querem abandonar tudo, mas são compelidas a manter as coisas do mesmo modo.

É claro que em qualquer situação as regras mantêm as exceções e tudo pode acontecer, ainda mais em se tratando de sentimentos.

sábado, janeiro 14, 2012

Amor de um dia, algumas horas, poucos minutos e meros segundos

amor de um dia

Não se pode amar por apenas um dia. É impossível.

Já vi amores de apenas algumas horas e uns poucos minutos. Meros segundos de paixão irrefreável já existiram, mas em um dia de amor eu não acredito.

Vi muita gente estranha fazendo coisas mais estranhas ainda, mas amar assim uma pessoa por apenas um dia, isso eu nunca vi.

Cortei um dobrado para entender a vida e mesmo assim ainda não sei metade do que penso que sei. Penei por anos para suportar a dor e agora alguém vem me dizer que pode amar por um dia, que alguém pode se apaixonar por vinte e quatro horas apenas.

Três horas de amor vá lá, acontece, você está passando e pode se apaixonar pela mais sincera. Trinta minutos de amor eterno é algo corriqueiro, assim como quarenta segundos de paixão. Agora me convencer que em vinte e quatro horas se pode amar, isso ninguém vai conseguir.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Tempo que passa

tempo que passa

− Você!? Meu Deus oito anos... Longos oito anos.

O tempo é nosso eterno companheiro e passa rápido demais. Não temos tempo a perder com pensamentos distantes, atitudes inconstantes e mentiras inebriantes.

O que passa não volta, o que é perdido não se encontra. O pequeno fragmento se desfaz no ar a cada fração de segundo intensificando a constante sensação de que mais uma parte se foi.

Como um ponteiro a girar, uma alma a vagar, outro a soluçar, segue a vida a nos ensinar.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Lugar comum

lugar comum

Acho bom tu relaxar
aqui, mal começou
quer valer como isso vai
madrugada romper?
vê como isso tá show
olha aquela lá, que blusão
parece a mesma que tu pegou
e beijou na boca
muito arriscado
a lá o negão!...

Cada uma mais demais
e neguinho mandando ver
ouvido aqui ouve de tudo
menos sobre amor de mãe
aqui tá bom pra mentir
lugar assim ninguém nem tá aí
aqui eu posso ser quem sou
ou ser ator...
tá ficando um arrocho danado

Tô quase maluco
é demais o cheiro que a gente tem
e com tantos dedos
a coisa melhora bem
qual domador
o dj Dom Pepe põe na coleira
dark, metal, charm, punk, funk,
rasta, ploc, clubber

Lugar comum
onde todos querem amar sem sofrer
e essa mulher, pura chave de cadeia
o que quer, o que faz
na minha teia?
se ferrou!
estou sonhando...

Djavan

Tatuagem de mim

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Fez-se assim com um lápis na pele e depois definitivamente no coração. Marcou para sempre um amor que existiu com força, foi bonito e enquanto durou foi verdadeiro.

Tatuou-se como única lembrança de todos os momentos. Vai olhar e vai sentir, vai sorrir e perceber que está lá, marcado e não vai mais sair.

Um dia a mente esquece, o coração desacelera, mas o corpo não apaga. A pele retém e mantém.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Em nada

em nada

Em nada se parecia com aquela mulher que conheci na estrada enquanto trocava o pneu do carro. Em nada se parecia com aquela que desceu do carro e se propôs a me ajudar, mesmo nunca tendo trocado um pneu na vida.

Em nada era ela e quanto mais se aproximava, menos a reconhecia.

Foi assim que tudo terminou antes mesmo de começar. Eu, ela e nada mais.

terça-feira, janeiro 10, 2012

Depois

depois

Depois de sonhar tantos anos,
De fazer tantos planos
De um futuro pra nós
Depois de tantos desenganos,
Nós nos abandonamos como tantos casais
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também

Depois de varar madrugada
Esperando por nada
De arrastar-me no chão
Em vão
Tu viraste-me as costas
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar
Quero que você seja melhor
Hei de ser melhor também

Nós dois
Já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar
Foi bom
Nós fizemos histórias
Pra ficar na memória
E nos acompanhar
Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também

Depois de aceitarmos os fatos
Vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém
Meu bem
Vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois

Marisa Monte

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Com o que se tem

com o que se tem

Tudo na vida, eu disse tudo, tem a sua despesa de “manutenção”. As alegrias, as tristezas, os sonhos, as ilusões e qualquer outro tipo de emoção, sentimento ou bem material, que se venha adquirir, tem uma despesa de “manutenção”.

Grande parte das pessoas só percebe essa despesa quando a mesma já está inserida no cotidiano e não há mais como se livrar dela, a não ser que se livre daquilo que lhe trouxe a referida despesa.

Um carro, por exemplo, é um dos bens materiais de maior despesa de “manutenção”. Você compra um carro zero e só pelo simples fato de retirá-lo da concessionária, já está pagando 20% do valor do mesmo a titulo de depreciação.

Além disso, todos os meses você gasta com gasolina e com estacionamento. Anualmente você também tem gastos com IPVA, Seguro, Taxa de licenciamento e outros. No fim das contas em alguns anos você já gastou o equivalente ao mesmo valor que você deu pelo carro.

Não estou dizendo que compensa ou não ter um carro ou outro bem, pois todos têm a sua despesa de “manutenção”. Uns mais e outros menos.

Acho que antes de qualquer coisa cada um deve avaliar se tem reais condições de arcar com os custos.

O que mais vemos hoje em dia são pessoas sem comprometimento com a continuidade das coisas, essas pessoas acreditam que para tudo sempre a um jeito e por isso seguem por aí fazendo aquisições que não tem como manter.

Mesmo não estabelecida à prioridade existe e será aplicada sempre que necessário. Entre comer e quitar as despesas do carro, a prioridade da maioria será pelo alimento. As despesas do carro podem esperar, mesmo que não devessem e assim o é com uma série de coisas.

Por isso, não alimente um sentimento se você não pode mantê-lo ou ser verdadeiro para com o mesmo. Não crie esperanças se elas forem falsas e só existirem no coração de quem acredita nelas. Não julgue se você não pode sustentar um julgamento justo.

Não adquira um bem ou desperte um sentimento, se você não tem condições de arcar com as despesas de “manutenção”.

domingo, janeiro 08, 2012

Como assim juízo

como assim juizo

− Então é hoje que você vai sair com o Caio?

− Sim e pelo visto vai ser uma noite daquelas.

− Amiga aproveita muito e juízo!

Como assim juízo? A moça vai ter uma noite “daquelas” com o namorado, ficante, amante, marido ou o que quer que seja e a amiga recomenda juízo?

Tudo o que ela não quer nessa hora é juízo. Ter que se preocupar se vai comer massa e ganhar uns quilinhos, se vão reparar na sandália que ela está usando, se vai chover ou fazer sol. Ela quer curtir a noite e nada mais.

Todos sabem a cartilha, apesar de nem todos seguirem a mesma, e ela conhece os riscos de se transar sem preservativo e todas as outras coisas. Juízo ela com certeza tem e muito, mas nessa hora, na noite especial dela, perder o juízo é uma das melhores coisas que ela pode fazer.

Já dizia o poeta: “Juízo de C é R”

sábado, janeiro 07, 2012

Explicitamente normal

explicitamente normal 1

− Lhe conheço de algum lugar, você trabalha aqui?

− Sim e pelo visto você também.

− Como esses corredores são pequenos. Uma empresa tão grande como essa e nos encontrarmos logo aqui, no terceiro piso C ao lado da administração central.

− Está aqui há quanto tempo?

− Cinco anos e você?

− Sete anos e meio, mas não pretendo completar oito, acho que passei para aquele concurso publico.

− Faz bem. Essa empresa é uma mãe para gente, mas temos de mudar de ares de quando em vez.

− Agora tenho de ir senão meu chefe me pega aqui. Foi bom te reencontrar... Qual é mesmo o seu nome?

− Almeida. E o seu?

− Barbosa.

− Foi um prazer Barbosa. Até mais ver.

De um encontro casual no corredor da empresa a um encontro informal em qualquer outro lugar. Sempre assim, de repente, sem motivo aparente.

explicitamente normal 2

− Qüinquagésimo quarto, por favor.

− Senhor sinto informá-lo de que este prédio dispõe apenas de trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte.

− Muito obrigado senhor barsa ilustrada, mas apenas desejo ir para o qüinquagésimo quarto andar e não estou nem um pouco interessado na subdivisão do prédio.

− Ironias não vão levá-lo a andar algum senhor. Já tentei lhe dizer, de forma educada, que este prédio possui apenas trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte. Pelo visto terei de ser mais enfático para que o senhor entenda.

− Caro motorista, piloto, condutor de elevador ou você prefere a palavra ascensorista? Não estou aqui para comprar o prédio, não pretendo fazer nenhuma reforma no mesmo e nem sou tarado por números e estatísticas, portanto apenas me leve para o qüinquagésimo quarto andar, por favor.

− Gostaria muito de ajudá-lo, mas aqui não é uma clinica psiquiátrica e muito menos temos convenio com alguma. Não posso levá-lo a um andar que não existe no prédio, pois este prédio foi construído apenas com trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte.

− Entendi porra! Você não quer me levar à porcaria do qüinquagésimo quarto andar, prefere ficar repetindo essa merda de descrição detalhada do prédio tal e qual um gravador, então fique. Vou de escada e chego mais rápido.

Alguns lances de escada depois da meia noite, no meio da cidade e próximo a rodovia, é que as coisas acontecem.

explicitamente normal 4

− Confia em mim.

− Você é engenheiro por acaso?

− E precisa?

− Porra, como não? Você está construindo uma casa sozinho, nunca fez nada parecido e ainda me pergunta se precisa ser engenheiro para isso.

− Pedreiros não fazem curso de engenharia e pensando bem, nem curso algum, e mesmo assim constroem uma casa. Porque eu não posso construir a minha?

− Você não é pedreiro. Nunca foi nem ajudante de pedreiro. Você sabe o que é cimento porque o cara da loja te deu o produto certo. Está entendendo a gravidade da situação?

− Estou entendendo que você agora deu para ter ataques de histerismo.

− Onde estou? Quem sou eu? O que fiz a Deus para merecer tudo isso?

− Além de histérico agora deu para fazer perguntas ao vento. Você precisa urgentemente se tratar rapaz, isso está ficando sério.

− Vou me acalmar... Vamos começar tudo de novo. Você não é engenheiro, pedreiro, mestre de obras, ajudante de pedreiro ou qualquer coisa que tenha o mínimo de noção de como se constrói uma casa, prédio ou qualquer outro tipo de edificação. Ok?

Você nunca fez curso algum sobre o assunto, não leu nenhum livro, não viu vídeos explicativos no Youtube, não participa de nenhuma comunidade de obras no Orkut, não segue o Marcelo Rosenbaum no Twitter e, portanto, diante de todos esses fatos não tem como construir uma casa, ainda mais uma desse tamanho. Deu para compreender agora?

− Sim. Compreendi e acho que você tem certa razão, mas agora que só falta colocar piso no quarto andar, vou terminar assim mesmo.

Saindo da sala e entrando na cozinha, podemos observar como os fatos que antecedem os atos, são distorcidos pelo bom gosto geral.

explicitamente normal 3

− Mais fundo. Vai, vai, isso, isso, assim... Não para.

− Está gostando né safadinha...

− Para. Agora para tudo. Você sabe que eu não gosto quando você me chama de safadinha, fica parecendo que sou aquelas garotinhas.

− Desculpa amor foi sem querer. Deixa eu te levar a lua que você esquece isso. Vem cá, vem, vamos continuar.

− Não dá Carlos Alberto você cortou o clima. Agora perdi o tesão.

− Porra! Só porque te chamei de safadinha você perdeu o tesão e vai me deixar na mão?

− Até que você não é ruim de rima não Carlos Alberto. Gostei, tesão rimou com mão.

− Maria Eduarda não muda de assunto. Estávamos no meio de um sexo gostoso e você agora quer falar de rima. Faça-me o favor...

− Está vendo como você não é nem um pouco romântico Carlos Alberto. “Sexo gostoso”? É assim que você se refere ao nosso ato de amor? Como pude me apaixonar por você.

− Não acredito! Errei quando te chamei de safadinha, mas já me desculpei. Ai você veio com um papo de rima e agora está querendo dizer que sou um canalha apenas porque falei que estávamos fazendo sexo e que estava gostoso. Maria Eduarda às vezes você me tira do sério.

− Foi mal amor acho que desconectei, perdi o foco. Vamos continuar de onde paramos. Vem meu garanhão, me possui. Usa e abusa de mim.

− Assim que eu gosto... Vou acabar com você. Deixa eu te mostrar o que é bom. Vem cá minha gostosa!

− Para. Agora para tudo. Você sabe que eu não gosto quando você me chama de gostosa, fica parecendo que sou aquelas guloseimas...

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Agora que já falei de mim é a sua vez

agora que ja falei de mim

− Eu te deixo em casa.

Pausa para o ritual da conta. Garçom trazendo a maquina, passando o cartão e esperando a aprovação. Pagamento aprovado. Fim do ritual.

− Agradeço a gentileza, mas não é necessário. Eu tomo um táxi.

− De jeito algum. Deixo você em casa, é meu caminho. Prometo que não vou fazer perguntas, gracinhas ou coisas do tipo.

− Acabamos de beber uma garrafa de vinho. Você não pode dirigir.

− Vamos de táxi.

− Foi o que eu disse que faria e você não precisa me acompanhar. O taxista é inofensivo.

− Sei disso, mas querendo você ou não, é meu caminho e vou acompanhá-la. Abaixe um pouco essa guarda.

− Está aí uma coisa que admirei em você. Essa sua insistência. Ficamos aqui tentando engatar um dialogo a noite toda e você poderia ter desistido de tentar, mas não, continuou até o fim.

− A noite está terminando e só quero deixá-la em casa. Despeço-me e pronto.

− Por um momento achei que você fosse pedir para subir. Tomar um café ou uma última taça de vinho, mas pelo visto você percebeu que suas tentativas de conquista não funcionaram.

− Percebi também que ficar aqui tendo essa conversa infrutífera não vai nos levar a lugar algum. Vamos?

− O cavalheiro manda. A dama obedece. (risos).

Ele conseguiu arrancar um sorriso meu. Quem diria. Passamos a noite toda falando coisas desconexas. Ele bancando o senhor galanteador e eu pensando no que mais ele poderia fazer para tentar me conquistar.

Pensando bem, revendo tudo o que aconteceu naquela noite não entendo como continuei aquele jantar. Primeiro foi o interrogatório, depois foram as histórias sem graça sobre o vinho que estávamos bebendo, o prato que estávamos comendo e até, pasmem, sobre o porquê nossas escolhas devem ser feitas racionalmente.

Não posso negar que ele foi educado, é inteligente e se veste bem. Fui um tanto grosseira em um primeiro momento, mas acho que ele mereceu os toques que lhe dei.

Quando pensei em ir embora sozinha, fui ao banheiro e bolei uma desculpa para não ir com ele, mas gosto de homens persistentes, que não se entregam fácil. Então olhei fundo em seus olhos e não consegui mentir. Eu não podia perdê-lo, não naquela noite e não daquela forma.

E agora me fale de você

e agora me fala de voce

− Quais seus planos? Sonhos? Aspirações? Quem é a mulher a minha frente?

Pausa para o ritual do vinho. Somelier abrindo a garrafa, verificando a rolha, provando o vinho e esperando a aprovação do cliente. Vinho aprovado e servido. Fim do ritual.

− Eu sou essa que você vê. Olhos claros, sorriso sincero e muita vontade de tudo. Gosto do simples e abomino o fácil, que vem sem esforço. Sou uma mulher comum, sem dramas existenciais.

− Ok. Então vamos facilitar as coisas. Noite ou dia?

− Dia para viver, noite para amar.

− Música?

− Boa. Não me venha com gêneros, a música de qualidade independe deles.

− Filme?

− É sério que você me trouxe aqui para um interrogatório? Se for eu gostaria de saber do que estou sendo acusada antes de continuar a responder.

− Desculpe. Estou apenas tentando saber mais a respeito daquela que estou tentando conquistar.

− Então cabe lhe informar que está fazendo do modo errado e assim, vai conseguir apenas me deixar entediada e com enorme vontade de ir para outro lugar com companhia bem mais agradável.

− Você é sempre direta assim ou isso foi porque realmente não gostou da minha abordagem?

− Podendo encurtar as distancias prefiro ir direto ao ponto. E realmente a sua abordagem está sendo um tanto infantil para um homem da sua idade. Você pode melhorar. Eu espero que você faça isso.

Pensando bem, revendo tudo o que aconteceu naquela noite não entendo como ainda insisti em continuar aquele jantar. Eu sabia que não seria fácil conquistar aquela mulher, mas não esperava que ela estivesse armada e usasse suas armas contras mim.

Para cada frase minha ela tinha pronta uma ironia, para cada gesto meu ela sabia exatamente como fazer para que ele parecesse patético. Do vinho ela gostou, a comida elogiou, mas nada do que eu fizesse ou pensasse em fazer, parecia ser suficiente para agradá-la.

Quando pensei em desistir, pedi a conta e enquanto ela ia ao banheiro bolei um plano para que ela fosse para casa sem mais demora. Mas aí olhei fundo em seus olhos e não consegui. Eu não podia perder aquela mulher, não naquela noite e não daquela forma.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

E o ano mal começou

e o ano mal

No quinto dia do ano metade das pessoas já desistiu de todas as suas resoluções e a outra metade vai desistir em breve. Novas resoluções serão feitas e também serão abandonadas com a mesma rapidez.

Quem prometeu parar de fumar já acendeu o segundo cigarro do ano, quem jurou parar de beber já está na segunda dose e assim tudo caminha como antes.

O que leva as pessoas a desistir daquilo que prometeram cumprir, é a simples promessa. O fato de se preparar com antecedência, já tendo em mente que não irá conseguir, é o que faz com que a desistência seja eminente.

Se você deseja começar algo, comece e não espere por uma data especifica, época ou momento. Não deixe chegar o verão para entrar em forma, não sonhe apenas quando dormir. Faça assim que possível. E sempre é possível, desde que se queira.

Eu me alimento da dor

eu me alimento da dor

E por ela sou alimentado com a abnegação de sempre. Eu a suporto assim como ela me persegue, e fere. E mata um pouco a cada dia, a todo instante.

É uma dor constante, dessas latentes que vem de repente e invade sem pedir licença. Causa ferida que fica aberta, exposta sangrando e pulsando, quente. Ardente.

Eu ignoro essa dor e sigo em frente sem olhar para trás, sou fraco o bastante para isso e forte o suficiente para temer o que ainda está por vir.

Compreendo essa dor. Assumo essa dor, que guardo aqui dentro do peito e dela me faço refém. Por querer, por desdém. Mero desleixo de quem não sabe aquilo que tem e se fortalece enquanto vivencia essa dor.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Perfeito até a página dois

perfeito ate a pagina dois

A busca continua pela perfeição, pela nota máxima, pela excelência, se mantém e norteia as ações de grande parte das pessoas. Elas não esperam ser sem comparação naquilo que fazem, mas sim que o outro o seja.

As pessoas se contentam em não serem exemplo, mas querem que você o seja. Elas não se importam em estar acima do peso desde que você esteja em forma. Elas não querem o dez, exigem que você o consiga.

O ser humano busca a excelência alheia e não a sua própria. O espelho em que as pessoas se admiram esconde seus defeitos, iguala as imperfeições e mostra tão somente aquilo que se quer ver.

Infelizmente o olhar sempre vê além e mostra no outro todos os defeitos e imperfeições que você não possui ou que seu espelho não exibe. Não queremos ser belos, mas estar ao lado dos belos.

Você se contenta com seu carro de dois anos atrás, mas não admite que seu vizinho exiba um modelo do ano passado.

Muito disso tem haver com o conceito de se perseguir uma meta, atingir o alvo. Nós miramos sempre em um patamar acima e por isso não toleramos ou aceitamos com ressalvas, o que não nos é superior.

“Eu não sou o cara, mas todos os meus amigos são e em breve serei como eles...” ou “Eu ainda estou fora de forma, mas todas as minhas amigas são modelos e em breve serei como elas...”

Alcançada a meta, mudam-se os objetivos, estabelece-se um novo alvo. O que antes era excelente agora é comum, normal e não mais aceito como superior. Quando você compra uma casa nova a sua meta passa a ser se espelhar em alguém que tenha uma casa maior ou melhor que a sua.

Você fica sem assunto para com aquele que tem uma casa inferior a sua, mas está ávido por conhecer todos os detalhes do modelo mais novo e com isso se preparar para tê-lo.

Um dia ou em algum ponto, você não consegue mais exemplos. Isso acontece quando você chega ao topo e se torna o exemplo a ser seguido ou quando você não tem mais condições de continuar a subir.

Muitos quando alcançam o topo se decidem por olhar para baixo e procuram formas de obter algo com aqueles que estão tentando chegar onde eles já estão. Eles buscam simplicidade, hábitos cotidianos e o prazer nas pequenas coisas.

Aqueles que param de subir, estacionam e começam a ver que a excelência tem mais haver com o que se é menos com o que se tem. A cintura perde importância, os cachos loiros se tornam comuns e a tão propalada perfeição, deixa de existir.

Somos assim, podemos, mas dificilmente vamos mudar, porque é da nossa natureza. É de nós, tão necessário quanto respirar.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Virada de índio

virada de indio

Cada um escolhe a melhor forma de fazer as coisas e as faz como acha que devem ser feitas, portanto quem sou eu para criticar as pessoas que resolveram passar a virada do ano em Copacabana. Não tenho esse direito e, portanto não vou fazer isso, vou simplesmente dizer o porquê eu não tenho a mínima vontade de passar a virada do ano na praia e em especial em Copacabana.

Nada contra o evento em si, mas não me vejo no meio de mais de dois milhões de pessoas com areia por todo o corpo, cansado, com fome e com sede, apenas para ver a queima de fogos ao vivo e a cores.

Para chegar a Copacabana no dia 31 qualquer pessoa enfrenta uma via crucis. Existem os que preferem chegar mais cedo e conseqüentemente ficar mais tempo na praia a espera do momento fatídico. Existem os que gostam de chegar faltando poucos minutos para meia noite e esses, quando conseguem chegar perto da praia, o fazem bem depois da meia noite.

Os que chegam mais cedo levam suas comidas e bebidas, que invariavelmente acabam tão rápido quanto à disposição deles. Os ambulantes lucram horrores com esse pessoal, pois ninguém agüenta mais de doze horas sem comer e beber.

Além dos mais de dois milhões de pessoas, números desse ano, você ainda divide espaço com velas, flores, lixo e oferendas para iemanjá. Algumas barracas de camping, isopor dos ambulantes e garrafas e latas de toda espécie.

A meia noite metade da multidão está bêbada e a outra metade se perguntando como fazer para voltar para casa. Os bêbados saem agarrando quem passa pela frente, arrumando alguma confusão e ficando por ali mesmo na areia. Os que tentam a volta para casa se preparam para encarar os ônibus lotados ou os preços extorsivos dos táxis.

Uma viagem de poucos quilômetros pode custar o preço de uma viagem para outro estado. A prefeitura até tenta coibir esse “abuso”, mas a quantidade de fiscais é insuficiente para o número de táxis querendo lucrar em cima dos incautos.

O metro até funciona, mas você tem que ter disposição para passar um tempo dentro de uma lata de sardinhas, isso quando conseguir entrar na estação, umas duas horas depois de ter chegado à mesma.

Você sai de Copacabana a uma da manhã e chega em casa destruído as três ou mais tarde ainda. Felizmente você pode dizer para todo mundo que vivenciou o maior reveillon do mundo, mas vai pensar duas vezes antes de se decidir por voltar no ano seguinte.

Para mim é muito estresse por apenas alguns minutos de beleza nos céus.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Um do outro e vice e versa

um do outro

Você precisa mais de mim do que eu de você e isso não é tão ruim assim, pois ambos precisamos um do outro. Você do meu corpo e eu de sua beleza, sua classe, sua inteligência, seu tudo.

Completamos-nos tal e qual metades de um todo. Somos dois como se fossemos um e fazemos aquilo que ninguém mais faz, somos felizes.

Fazemos menos do que poderíamos fazer porque as coisas não estão e nem são do jeito que gostaríamos que fossem. Você está tão longe e eu tão distante que assim, desse modo, jamais poderemos ser felizes como fomos tempos atrás.

Não lhe culpo, não me culpo, apenas lamento. Um lamento único e sem chances de se transformar, sem chances de se tornar um verdadeiro encontro de corpos.

Findo momento de reencontro, vem à verdade nua e crua da realidade cruel que nos diz com certeza que nada será como nunca foi.

Feliz novo ano para você também, mas eu sei que não é um ano feliz.

domingo, janeiro 01, 2012

Para tudo se acabar na manhã seguinte

para tudo se acabar

Nem era carnaval, festa de aniversario ou bodas de ouro. Mais um dia findo dando inicio a outro dia finito.

Uma seqüência numérica sendo incrementada de um digito e milhões de pessoas em todo o mundo transformando isso em momento de celebração. Fim de um ciclo determinado pelo simples badalar da meia noite,

Espocar de fogos, brilho no ar, promessas lançadas ao mar e desejos para quem vai chegar. O que fazer que ainda não foi feito, mas poderia ter sido?

Essa inconstância do ser humano, essa nossa limitação a datas, épocas, períodos. E o ano que só se inicia depois do carnaval. De doze meses perdemos os dois primeiros descansando o ano anterior, paramos no sexto e no sétimo mês para recarregar as energias e findamos todo o trabalho no décimo mês, que é quando começamos a nos preparar para o novo ano de novo.

Nesse moto continuo adiamos sonhos, retardamos planos e nos iludimos com a promessa de que vai ser diferente, mesmo que façamos as mesmas coisas, do mesmo modo.

A primeira resolução de novo ano que me faço é não ter nenhuma resolução e apenas fazer mais, melhor e do meu jeito. Sem por o pé no freio e com o único objetivo de realizar.

Eu, você e todos nós

eu voce e todos nos

Em três meses de vida em comum, já fizemos reuniões de negocio na sala de jantar, consertamos o aspirador e pintamos as paredes do quarto.

A cama é a mesma desde quando nos casamos e os lençóis precisam ir para lavanderia. Você ficou tão cansada depois de arrastar os moveis e limpar toda a cozinha.

Comprei suco natural e bolacha integral. Coloquei flores no vaso da sala e a nossa música na vitrola. Vou assar o almoço enquanto você prepara a salada.

À noite o cinema é sempre mais convidativo e podemos comer a velha e boa pizza de sempre. Já fez as malas? Desfez as malas? Guardou os livros?

Vou ler poemas e te pego as cinco no shopping, mas antes vou mandar emails para nossos amigos em Londres. Você me acorda?

Em três meses de vida em comum, já fizemos amor na sala de jantar, quebramos nosso único aspirador e trocamos as janelas do banheiro.

O sofá é o mesmo desde que nos casamos e os livros ainda estão no chão da cozinha. Você ficou triste depois daquele filme e de perder a carteira no parque.

Tomei banho frio de banheira e sem espuma. Reguei as flores do vaso da sala e vou ouvir o velho disco do Chico outra vez. Assei uma torta e passei dois cheques para as compras do mês seguinte.

À tarde vamos passear e podemos comprar as passagens para Londres. Vamos desfazer as malas? Pegou os casacos? Me espera!

Li vários poemas e fiz um em sua homenagem, te amo. Cinco dias perdida e mais de trinta procurando um café expresso. Escrevi uma carta para seus pais. Você me leva para casa?

 

Contos e encantos Copyright © 2007 - |- Template created by O Pregador - |- Powered by Blogger Templates