quarta-feira, janeiro 04, 2012

Perfeito até a página dois

perfeito ate a pagina dois

A busca continua pela perfeição, pela nota máxima, pela excelência, se mantém e norteia as ações de grande parte das pessoas. Elas não esperam ser sem comparação naquilo que fazem, mas sim que o outro o seja.

As pessoas se contentam em não serem exemplo, mas querem que você o seja. Elas não se importam em estar acima do peso desde que você esteja em forma. Elas não querem o dez, exigem que você o consiga.

O ser humano busca a excelência alheia e não a sua própria. O espelho em que as pessoas se admiram esconde seus defeitos, iguala as imperfeições e mostra tão somente aquilo que se quer ver.

Infelizmente o olhar sempre vê além e mostra no outro todos os defeitos e imperfeições que você não possui ou que seu espelho não exibe. Não queremos ser belos, mas estar ao lado dos belos.

Você se contenta com seu carro de dois anos atrás, mas não admite que seu vizinho exiba um modelo do ano passado.

Muito disso tem haver com o conceito de se perseguir uma meta, atingir o alvo. Nós miramos sempre em um patamar acima e por isso não toleramos ou aceitamos com ressalvas, o que não nos é superior.

“Eu não sou o cara, mas todos os meus amigos são e em breve serei como eles...” ou “Eu ainda estou fora de forma, mas todas as minhas amigas são modelos e em breve serei como elas...”

Alcançada a meta, mudam-se os objetivos, estabelece-se um novo alvo. O que antes era excelente agora é comum, normal e não mais aceito como superior. Quando você compra uma casa nova a sua meta passa a ser se espelhar em alguém que tenha uma casa maior ou melhor que a sua.

Você fica sem assunto para com aquele que tem uma casa inferior a sua, mas está ávido por conhecer todos os detalhes do modelo mais novo e com isso se preparar para tê-lo.

Um dia ou em algum ponto, você não consegue mais exemplos. Isso acontece quando você chega ao topo e se torna o exemplo a ser seguido ou quando você não tem mais condições de continuar a subir.

Muitos quando alcançam o topo se decidem por olhar para baixo e procuram formas de obter algo com aqueles que estão tentando chegar onde eles já estão. Eles buscam simplicidade, hábitos cotidianos e o prazer nas pequenas coisas.

Aqueles que param de subir, estacionam e começam a ver que a excelência tem mais haver com o que se é menos com o que se tem. A cintura perde importância, os cachos loiros se tornam comuns e a tão propalada perfeição, deixa de existir.

Somos assim, podemos, mas dificilmente vamos mudar, porque é da nossa natureza. É de nós, tão necessário quanto respirar.

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