sexta-feira, janeiro 06, 2012

Agora que já falei de mim é a sua vez

agora que ja falei de mim

− Eu te deixo em casa.

Pausa para o ritual da conta. Garçom trazendo a maquina, passando o cartão e esperando a aprovação. Pagamento aprovado. Fim do ritual.

− Agradeço a gentileza, mas não é necessário. Eu tomo um táxi.

− De jeito algum. Deixo você em casa, é meu caminho. Prometo que não vou fazer perguntas, gracinhas ou coisas do tipo.

− Acabamos de beber uma garrafa de vinho. Você não pode dirigir.

− Vamos de táxi.

− Foi o que eu disse que faria e você não precisa me acompanhar. O taxista é inofensivo.

− Sei disso, mas querendo você ou não, é meu caminho e vou acompanhá-la. Abaixe um pouco essa guarda.

− Está aí uma coisa que admirei em você. Essa sua insistência. Ficamos aqui tentando engatar um dialogo a noite toda e você poderia ter desistido de tentar, mas não, continuou até o fim.

− A noite está terminando e só quero deixá-la em casa. Despeço-me e pronto.

− Por um momento achei que você fosse pedir para subir. Tomar um café ou uma última taça de vinho, mas pelo visto você percebeu que suas tentativas de conquista não funcionaram.

− Percebi também que ficar aqui tendo essa conversa infrutífera não vai nos levar a lugar algum. Vamos?

− O cavalheiro manda. A dama obedece. (risos).

Ele conseguiu arrancar um sorriso meu. Quem diria. Passamos a noite toda falando coisas desconexas. Ele bancando o senhor galanteador e eu pensando no que mais ele poderia fazer para tentar me conquistar.

Pensando bem, revendo tudo o que aconteceu naquela noite não entendo como continuei aquele jantar. Primeiro foi o interrogatório, depois foram as histórias sem graça sobre o vinho que estávamos bebendo, o prato que estávamos comendo e até, pasmem, sobre o porquê nossas escolhas devem ser feitas racionalmente.

Não posso negar que ele foi educado, é inteligente e se veste bem. Fui um tanto grosseira em um primeiro momento, mas acho que ele mereceu os toques que lhe dei.

Quando pensei em ir embora sozinha, fui ao banheiro e bolei uma desculpa para não ir com ele, mas gosto de homens persistentes, que não se entregam fácil. Então olhei fundo em seus olhos e não consegui mentir. Eu não podia perdê-lo, não naquela noite e não daquela forma.

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